terça-feira, 8 de maio de 2018

Byblos Art Hotel Villa Amistá, San Pietro in Cariano, Valpolicella, Itália



Hall de entrada, lobby e lounge de um gosto excêntrico mas impressionante.

Esse post vai ser só mesmo pra falar do hotel, primeiro porque é um destino em si e 2) porque nem deu tempo de explorar a redondeza. Que, por sinal, se chama Valpolicella. Esse Valpolicella mesmo, o famoso vinho italiano que rega mesas mundo afora. E, para os amantes do ecoturismo, o programa mesmo é se hospedar por uma, quem sabe duas noites, no excêntrico Byblos Art Hotel Villa Amistá, nas proximidades de um vilarejo chamado San Pietro in Cariano.



O adjetivo excêntrico não é nem um pouco pejorativo, tratando-se de um hotel que fora a mansão de uma rica família nobre no século retrasado e hoje já não deixa traços que relembram os fidalgos, mas sim uma transformação, eu diria, transformista. Uma mansão de dois andares e mais um subsolo, um belo jardim - oops! eu disse jardim? não! na realidade, um parque, pois estátuas adornam a paisagem e fontes de água asseguram até hoje a privacidade de quem vem cochichar no meio do verde.

Tempura de beringela no sofisticado menu degustação



O impacto começa no portão de ferro, que se abre majestoso sobre uma alameda emoldurada por flores multicoloridas. Uma noiva não poderia imaginar uma entrada mais pomposa se escolhesse aquele cenário para se dirigir ao altar. Que até podia ser improvisado no alto da escadaria que separa o primeiro piso do térreo. Ao subir os degraus que dão acesso ao deslumbrante saguão, você já tem as primeiras surpresas ( sim, surpresas no plural mesmo!)...
Na adega, que abriga rótulos preciosos em dezenas de prateleiras, uma bizarra escultura com dois esqueletos transando causa impacto imediato. Mas, não deixa de ser também engraçado.

O restaurante ( no plural, na verdade, porque tem dois) oferece menu degustação com pratos manipulados e meio mirabolantes...Mas, vale a experiência. O spa é magnífico, com um menu apetitoso de inúmeras massagens e tratamentos faciais.
O recomendado é se hospedar durante as estações médias e baixas, para usufruir de uma tarifa bem atraente. Nos meses de verão, a vizinha cidade de Verona, a pouco menos de 30 minutos de distancia, é palco para inúmeros concertos e shows e apresentações...





Adega decorada de maneira irreverente, marca registrada do Villa Amistá.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Na Balam Hotel, Isla Mujeres, México

Praia defronte ao hotel, águas mansas e mornas

Vamos olhar pra esta praia relativamente lotada, com aquele mar manso ao fundo, crianças brincando descontraidamente, sol a pino castigando corpos sarados e uma atmosfera relaxada. Onde estamos? Poderia ser qualquer praia mundo afora, até mesmo brasileira. Não é. Estamos numa ilha chamada de Isla Mujeres - embora tem muito homem também - na província de Yucatan, no México. E a pouco mais de 20 minutos de travessia de ferry da badalada Cancún.
Vamos olhar pra esta praia relativamente lotada, com aquele mar manso ao fundo, crianças brincando descontraidamente, sol a pino castigando corpos sarados e uma atmosfera relaxada. Onde estamos? Poderia ser qualquer praia mundo afora, até mesmo brasileira. Não é. Estamos numa ilha chamada de Isla Mujeres - embora tem muito homem também - na província de Yucatan, no México. E a pouco mais de 20 minutos de travessia de ferry da badalada Cancún.

Não se pode fazer qualquer comentário sobre a cor do mar, a temperatura ambiente ou o cenário natural que emoldura a ilha. No entanto, o destino está longe de ser um cantinho isolado, desconhecido ou pouco frequentado. Pelo contrário: é gente por tudo quanto é lado, aquele bando de turistas que pululam de canto em canto, dirigindo que nem alucinados os carrinhos de golfe - meio de transporte mais comum, que todo mundo aluga enquanto estiver na ilha. São práticos e embora não passem de 25 km/hora, ainda assim podem causar incidentes. As pessoas tomam todas e depois vão circulando pra cima e pra baixo sem se importar muito com os pedestres e carros comuns.
No entanto, para um programa com crianças, a Isla Mujeres reserva pequenas surpresas. Uma delas em forma de réptil, como algumas iguanas que costumam perambular em alguns lugares distintos da ilha.
Mas, a coisa mais inusitada e original pra distrair os pequenotes é uma experiência absolutamente única: nadar com golfinhos. E, quando falo nadar, é NADAR, tocar, dar e ganhar beijinho, abraçar e, no caso de você comprar o bilhete mais caro, ainda pode subir nas costas de dois cetáceos e surfar por um minutinho, equilibrando-se mal ou bem...
Para as crianças, nada mais memorável do que isso. E´ um programinha que dura até 40 minutos, durante os quais cada grupo é levado para uma ala da reserva gigante, e sob os auspícios de um monitor, passam a conviver durante esse tempo com um ou dois golfinhos, e cada pessoa tem a sua vez para acariciar, tocar, dar beijinho e admirar os bichinhos.


Turistas entram na piscina do centro dos golfinhos, para nadar, tocar e compartilhar uns momentos de intimidade com eles.

Em seguida, o local é todo apropriado para receber turistas, tem restaurante, bar, piscinas, lojas de lembranças e os participantes recebem ainda por cima um cd com todas as fotos tiradas durante o programa. Lógico que não deixam mais ninguém tirar fotos...Mas, se perguntar para uma criança qual foi a coisa mais legal da viagem à Isla Mujeres, pode ter certeza que não vai ser a praia, nem o passeio de carrinho de golfe e nem a comida do hotel. Aliás, eu vi, sim, um ou dois hotéis que valem a pena, embora o que ficamos não era de todo ruim, apenas antiquado na disposição, sabe aquele quarto que não tem graça nenhuma, um banheiro feio, sem charme na decoração...Daqueles dos anos 50, quando o turismo ainda não dava tanto o ar de sua graça por aquelas bandas.
Praia do Na Balam

 O Na Balam, embora citado como um dos hotéis de charme do México, realmente não merece esse rótulo. E´ um quatro estrelas cadente, eu diria. Mas, o que fala bem é a sua localização, pé na areia, diante de um mar cristalino e manso. Vale, de novo, se você quer deixar seus rebentos soltos e sem ter que se preocupar com o fato de ficarem o tempo inteiro giboiando na água.



domingo, 28 de janeiro de 2018

La Concordia Boutique Hotel, Panama City, Panamá

Rua do Casco Antiguo, onde pulsa a boemia de Panama City.


Eu devia ter aprendido da primeira vez: não reserve um hotel no Casco Antiguo da Cidade do Panamá numa sexta ou num sábado. Porque? A não ser que você seja jovem, adore uma noitada e curta um bate-estaca até às 4 da matina. O bairro, charmoso, restaurado, animado, iluminado, cheio de vida, é também o bairro boêmio por excelência, ou seja, todo mundo se move pra lá atrás de animação, boates, música ao vivo, dança e vida noturna. Em outras palabras, se você não é do balacubaco, vai dançar - no sentido de não conseguir pregar o olho a noite inteira.


Mas isso, de maneira alguma, desmerece o bairro ou mesmo o hotel La Concordia, um estabelecimento pra lá de elegante, acolhedor, com amplos quartos e amenidades l´Occitane pra ninguém botar defeito! Escolhi esse hotel ( gosto de inovar pra experimentar....) porque me apeteceu o seu estilo e por ter sido renovado recentemente. O prédio data do século passado, mas as novas instalações estalam de modernas. Não me enganei: atendimento mega simpático, ambiente familiar e acolhedor e uma suíte que mal caberia na minha sala. Um banheiro espetacular, daqueles que você imagina tomando um banho de leite numa banheira que seria facilmente escolhida por Cleópatra! Recomendo.
Mas só se for durante a semana!!!


Vida noturna agitada no Casco Antiguo

Casco Antiguo é um charme, cheio de restaurantes, barzinhos, lojinhas de souvenirs....e inteiramente seguro, já que até o próprio presidente tem uma casa neste bairro. Policiamento ostensivo, com certeza, é uma tranquilidade pros turistas e locais que frequentam aquelas ruelas estreitas ladeadas por edifícios em renovação ou parcialmente renovados, ou inteiramente refeitos. Quem vai pra Cidade do Panamá não pode deixar de conhecer esse lugar, que é melhor percorrido a pé, pois ainda não proibiram o transito de veículos ( deveriam, porque fica meio entupido em alguns momentos)...A qualquer hora do dia ou da noite ( mais à noite, claro!)  o clima é de animação, música ao vivo, pessoas rindo e se divertindo. Os panamenhos são acolhedores, o centro histórico um encanto.






Vai um chapéu famoso?? Os do Panamá são!!

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Hotel Triglav, Lake Bled, Slovenia

Lake Bled, um cartão postal da Eslovênia, com suas águas límpidas e paisagem feérica.
A Eslovênia é um país bem pequenininho do leste Europeu, mas lotado de surpresas. Ele tem tanta diversidade que mal se pode acreditar que abriga apenas 2 milhões de habitantes. As suas fronteiras são inúmeras - Itália, Hungria, Croácia e Áustria. Não se surpreenda, então, se lá falam alemão, croata, húngaro e italiano, além do idioma local, absolutamente incompreensível.
O lago se presta a várias atividades náuticas durante os meses de verão.



Caminhei por trilhas, montanhas, florestas, atravessando vilarejos típicos, pastagens, bosques e estradinhas de terra. Foi uma das viagens mais aprazíveis que se pode imaginar, pois o povo é hospitaleiro, amistoso e acolhedor.
A natureza é um dos trunfos da Eslovênia, pois ela é tão eclética que se presta a todo tipo de atividades esportivas. Digamos, tem desde estação de esqui a balneários, e isso a apenas duas horas de distancia um do outro. Em outras palavras, você passa do mar à montanha num mesmo dia, com excelentes condições de estradas.
Ou, até mesmo transportes públicos, que são dignos das mais sofisticadas metrópoles do mundo. Falo porque andei de ônibus, uma maravilha. Isso sem falar a língua, deu pra chegar ao destino sem problema algum. Tudo muito bem organizado, pontual, eficiente...e de uma limpeza exemplar!
Aquela torre de igreja que aparece fica numa ilhota plantada no meio do lago e é uma das atrações locais.

Dia após dia, cruzamos várias regiões distintas do país. Pernoitamos em pequenos albergues, pousadas familiares onde o jantar era incluído e podia ser desde uma boa pasta ( lembrando que a vizinhança influi na gastronomia  ) a  um bife a milanesa ou guisado de porco com salsicha. Mas, o que sempre predominou foi a gentileza do povo local, que via com bons olhos uns turistas do outro mundo se aventurando a pé pela Eslovênia.
Um dos pontos altos da viagem - e digo apenas um, porque foram tantos que preciso dissecar com esmero tudo que passou diante dos olhos e a experiência gratificante de conhecer este belo país - é justamente um dos recantos mais propagados pelas agências de turismo.

O castelo de Bled é um ícone reputado mundo afora.
E´ o tal do lago Bled. 

Bled é o resort alpino mais famoso de toda a Eslovênia. Desde 1855, turistas afluem a este destino para cuidar da saúde, pois a localização privilegiada no meio dos Alpes Julian é ideal para quem busca ar puro, sossego e atividades ao ar livre. Além de cênico - a sua ilhota com um belo castelo encravado é um dos cartões postais mais divulgados e pode ser visitado em todas as estações do ano - há muitas atrações ao redor, e não falta oportunidade para praticar de esportes radicais aos mais simples, como pedaladas, canoagem, caiaque, vela, caminhadas e passeios pelos arredores. Na proximidade, ainda se encontram campos de golfe, um com 18 e outro com 9 buracos, emoldurados pelas mais altas montanhas deste pequeno país.  A infraestrutura de Bled é farta, com ótimos hotéis e restaurantes, lojas e ...casino!  E para quem não quer se livrar da preguiça, um trenzinho aberto leva os turistas em volta dos 6 quilômetros do lago para conhecerem cada cantinho deste cenário exuberante.   

 A cidadezinha de Bled é um encanto. Um montão de barzinhos, restaurantes e o hotel que ficamos, o Triglav, foi um dos melhores estabelecimentos de toda a viagem. Quarto amplo, porém sem muito luxo, mas em compensação o restaurante era  bem sofisticado pros padrões locais e oferecia uma bela vista sobre o lago e o contorno das montanhas. Passamos bons momentos curtindo esse destino e percorrendo as ruelas e suas construções características. Chegamos inclusive a nos deparar com  uma feirinha de artesanato entre as quais haviam muitos apicultores. O mel da Eslovênia é famoso e uma delícia. Assim como as guloseimas, doces em geral, dos quais eles são fanáticos e exímios na feitura de mil folhas, bolos e tortas. Haja reserva pra ingerir calorias!!!

Dá pra resistir a esta iguaria????

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Indigo Hotel, Varsóvia, Polônia


Centro histórico de Varsóvia no início da tarde - durante os meses de inverno escurece muito cedo!
Bebida mundialmente famosa, a vodka é um ícone polonês

Pode ser que dezembro e uma temperatura abaixo de zero não sejam elementos que combinassem com uma viagem a um país do leste europeu. Mas,  como a curiosidade e a gula são atributos mais poderosos que o medo do frio, foi com grande entusiasmo que aceitei um convite pra me familiarizar com a nova gastronomia polonesa. Mais precisamente, a de Varsóvia, capital. Aberto há apenas 7 meses, este boutique hotel fica no centro de Varsóvia. Me entupi de roupas quentes e me preparei pra enfrentar o início do inverno num dos lugares reputados como um dos mais afetados pela rigidez da última estação do ano.
Cheguei no aeroporto de Varsóvia, debaixo de neve. Mas, a acolhida calorosa das anfitriãs Annette e Shiri, fundadoras e sócias da empresa Foodsteps, foi o suficiente pra esquecer que do lado de fora o clima estava mesmo pra pinguins. No entanto, os flocos sempre embelezam o cenário de qualquer lugar e de início me encantei com a perspectiva de um final de semana prolongado com uma programação intensa - a maior parte dela dentro de recintos onde o que mais se faz é comer. E beber, claro, pois não faltam ingredientes pra isso - e uma boa desculpa pra aquecer o corpo e a alma com a típica bebida local - você já sabe, né, a vodka!! Em tempo: pra quem gosta de detalhes culturais, saiba que vodka quer dizer "pequena água"...Mas, cuidado ao beber dessa "água"!!!

Confeitaria é uma das tradições polonesas


"Nasdrovia", brindam os poloneses a cada copo derramado com firmeza goela abaixo! Mas, a gente só ia ter uma aula sobre a bebida nacional no penúltimo dia, quando uma guia super especializada nos conduziu de bar em bar pra experimentar gole a gole cada tipo de vodka. Sim, porque existem centenas de rótulos e marcas, algumas bem conhecidas mundialmente como a Wyborova ( que significa exquisite, no sentido de excelência) , outras apenas no território nacional. E, quem diria, ficamos sabendo que houve até uma polêmica sobre quem inventou a vodka, se foram os soviéticos ou os poloneses. Durante o período comunista, conta a lenda ( segundo a narração da nossa simpática guia) de que Stalin encomendou - melhor dizer, pressionou -  a um escritor polonês para que ele escrevesse a trajetória histórica da vodka, mas salientou um detalhe: era pra encontrar provas de que a dita cuja teria sido originada na Rússia e não na Polônia. Diante disso, o livro foi redigido assim.
Fora isso, a Foodsteps, uma empresa tão jovem quanto as suas mentoras, foi criada há pouco mais de um ano com o intuito de divulgar a revolução gastronômica de Varsóvia,  especificamente. Embora a cultura das receitas culinárias é enraizada em todo o país, a cidade tem uma conotação especial por ser o berço de muitos acontecimentos históricos, quase sempre trágicos. Basta rememorar os anos que antecederam a Segunda Guerra e a própria guerra para se dar conta disso.


A comida, como não podia deixar de ser, está intrinsecamente ligada aos fatos e, óbvio, aos costumes. Desde que se libertou das garras comunistas dos russos , no início dos anos 90, e assim que ingressou no Mercado Comum Europeu, a Polônia começou a resgatar o seu passado com tudo que lhe pertence. E a memória gastronômica veio junto.

O saguão do hotel Indigo, um quatro estrelas recém reformado, instalado numa construção antiga e com localização privilegiada.
O nosso QG era o hotel Indigo, um estabelecimento interessante, pois novinho por dentro e antigo por fora, de extremo bom gosto e funcionalidade. A suíte era ampla e aconchegante, com uma cama king e um banheiro moderno. O mais impressionante era o lobby, com um bar atraente, uma mega tela refletindo imagens galopantes, um ambiente hospitaleiro em todos os sentidos. Assim que me instalei me senti bem à vontade. Apesar do frio, não tinha como fugir de bater pernas por alguns quarteirões...
Shiri & Annette, fundadoras da Foodsteps

Indigo Hotel, um charme e de bom gosto
Começamos o nosso tour gastronômico com um almoço num restaurante bastante popular, turístico, chamado Zapiecek, mas que seduz pelas características típicas. Assim sendo, o grupo foi introduzido às especialidades natalinas como pierogies, os dim-sum nacionais. São pequenas trouxinhas de massa recheadas com qualquer tipo de coisa, frango, carne,cogumelos especialmente. Depois de preparadas, elas são cozidas na água por apenas alguns segundos e saboreadas com creme ácido e queijo ralado. Uma delícia. Além disso, sopas regeneradoras como a de beterraba (barszcz) ou de galinha.
Em contrapartida, no jantar fomos brindados com um leque de pratos selecionados num dos reputados restaurantes chiques da cidade, o Rozána. Além de várias entradas frias e quentes, como arenque marinado e patê de pato, desfilaram iguarias como vitela e bacalhau fresco. Tudo regado a bons vinhos, entre outros um gustativo Chablis...O ambiente deste lugar é algo fantástico e nos leva de volta aos áureos tempos de Varsóvia.

Rozána: detalhe do ambiente

No último dia, tivemos uma aula de culinária durante a qual aprendemos a confeccionar os tais pierogies, e confesso que foi um dos pontos altos da programação. Não que esse prato seja especialmente sofisticado, mas é fantástico, e a gente se anima e consegue encaixá-los na rotina para fazer a qualquer hora, numa boa!!
Os famosos pierogies,  recheados com tudo quanto é possível imaginar, tudo bem picadinho, uma delícia.

O sofisticado restaurante Ale Wino e sua cozinha criativa. Mãos à obra...
A manhã do segundo dia foi dedicada a um city tour, e embora o tempo não ajudasse - tudo meio molhado devido à neve derretendo nas ruas, ameaça de chuva e muita poça - a gente caminhou por locais bastante emblemáticos, como o gheto de Varsóvia, do qual não sobrou pedra sobre pedra. Embora o cenário avassalador já não existe, na memória da população esta época é um marco sofrido e relembrado sempre. Outra imagem marcante são as construções que datam da era comunista,muito concreto e a cor cinza predominante. No centro histórico, o que se vê é réplica daquilo que existia, pois tudo foi reconstruído após ter sido inteiramente arrasado pelos bombardeios durante a guerra.
Nosso almoço foi num restaurante conhecido como "milk bar", popular, daqueles que serviam aos operários durante os 50 anos que durou a ditadura comunista. Preço de banana, comida farta e bem básica, com ingredientes que podiam ser adquiridos naquela época sem grandes dificuldades.  Leia-se pratos a base de batatas, repolho e , claro, os indeléveis pierogies.  No Zkbkowski, nem sequer servem bebida alcóolica!

Placki - panquecas de batata no Zkbkowski, simples e saboroso.

 Em compensação, à noite vinha a recompensa. Ou até mesmo na hora do lanche, quando nos levaram para Stodki Stony, uma das confeitarias mais famosas da cidade, daquelas que é melhor nem entrar se você tem apreço ao seu peso original. Dos mini-éclair à torta de Natal, guloseimas servidas a rodo, irresistíveis. Os poloneses tem fascinação por doces e sabem prepará-los muitíssimo bem. Daí as deliciosas sobremesas que sempre enfeitaram as nossas mesas durante o tour. Outro restaurante muito simpático foi o Ale Wino, com ambiente festivo e alegre, pratos  que incluíram truta, pato e cordeiro, preparados com criatividade e temperos ótimos. Uma festança pro paladar, surpreendendo a todos pela delicadeza e requinte.




Mini éclair irresistíveis

No terceiro dia, foi tudo bem diferente: começamos a percorrer as feiras livres, nas quais se vende de tudo, frutas, legumes, carnes e peixes, de maneira bem rudimentar e simples. Mas o melhor é um novo centro gastronômico, um imenso mercado fechado, um recinto onde se pode escolher o que comer na hora, preparado diante dos olhos , de escargots à churrasco de picanha brasileira. Pasme! Muito concorrido, o ambiente é aconchegante, com mesas comunitárias e dezenas de barracas para agradar a qualquer paladar. De frios a sushis, passando por pizzas, especialidades asiáticas e muita cerveja artesanal, experimenta-se de tudo um pouco e ainda se pode comprar produtos frescos oriundos de regiões próximas, como mel e frios.

Urban : o mel que é produzido na cidade
Varsóvia no inverno com um pouco de sol.
Falando em mel, também conseguimos visitar um criador de mel que tem suas colmeias nas coberturas dos edifícios da cidade. Chama-se, para fazer jus, "Urban", ou seja, mel urbano, uma tendencia de produção que está se espalhando por várias capitais da Europa.

Na noite de despedida, Shiri e Annette levaram o grupo pra um restaurante chamado Kieliszki, renomado pela quantidade de copos suspensos ( falam em 3 mil) que fazem parte da decoração do lugar. Bem trendy, descontraído, onde nos serviram várias pequenas porções de receitas da casa, como panqueca de batatas com ovo e trufas, e uma versão de arenque com beterraba e picles de cebola, entre outros pratos.  Não resta dúvida de que a experiência gastronômica em quatro dias revelava apenas uma pequena amostra do que é hoje a cozinha polonesa. Por ter passado tantas décadas quase paralisada, ela se encolheu bastante, mas o cenário hoje é de retomada vigorosa para ressuscitar os sabores enraizados na cultura de um país que tem tudo pra dar certo.