sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Hotel le Morgane, Chamonix, França

Assustador e cativante, as Aiguilles du Midi são um cenário único


Com certeza você já ouviu falar de Chamonix. Um resort de esqui famoso por suas pistas desafiadoras, seu vilarejo borbulhante, animado, repleto de gente bonita e esportiva, restaurantes gastronômicos e toda a badalada vida noturna. No inverno, é claro...

Cartão postal sem neve...

Pois você nunca imaginou que, durante os meses em que só se vê neve no topo dos cumes ( e estamos falando de cumes que ficam  a quase 4 mil metros de altitude, láááááááá no horizonte, daqueles mais encostados no céu), você poderia desfrutar desta adorável cidadezinha francesa de uma maneira ainda mais legal.

 Plantada num vale cercado de montanhas imponentes, Chamonix se faz bela e atraente emoldurada por florestas e um cenário florido. O clima é quente, agradável e com temperaturas que permitem andar de short e camiseta até mesmo no final de setembro. À noite, o termômetro despenca um pouco mas nada aterrorizante: um casaquinho e, pronto, você esta fit pra percorrer - a pé, naturalmente - o centrinho abarrotado de restaurantes, sorveterias  irresistíveis e principalmente se interessar, bisbilhotar as lojas de artigos esportivos com marcas mais ou menos conhecidas. Para atividades esportivas também mais ou menos radicais...

restaurante na montanha, a mais de 3000 acima do nível do mar


Sim, porque nos meses off-esqui, Chamonix é a capital das atividades ao ar livre, da caminhada da vovó a  trekking  pra superwoman, ou seja,  competições dignas de  atletas,  como a tal corrida morro acima (e abaixo) por nada menos do que 50 quilômetros.  Amarelou? No entanto, nada mais comum do que enquanto você está descendo uma trilha, há outras dez pessoas subindo...CORRENDO!!  Isso, correndo. E isso, gente, na maior tranquilidade,  como se estivessem passeando na sala, e ainda acenam e passam por você rindo !! Sempre apoiados em um bastão, aliás, um em cada mão. Chamam isso de "caminhada' nórdica.

Nós fizemos aquele típico programa turístico, pegamos um teleférico ( bastante aterrador se você considerar que sobe de 1000 metros pra 3842 em poucos minutos, rente a um paredão, ou em muitos trechos se balançando no vazio) que leva você até as majestosas Aiguilles du Midi. De lá, tem duas opcões - ou mais, se você estiver imbuído do espírito  Chamonix-de-ser : descer a pé até a cidade , - são 1200 metros de desnível  e chegar praticamente aleijado, sem perna nem dedão

do pé,  percorrendo a trilha muito bem sinalizada e com vistas de tirar o fôlego ( que já perdeu mesmo....) . Detalhe, apesar de ser ladeira abaixo, a experiência é deslumbrantemente puxada. Outra idéia é subir até o cume com outro bondinho intrépido.

Os parapentes passam raspando na gente, mas confesso que prefiro estar com os pés no chão mesmo....

 Ou, ficar por ali mesmo e dar uma voltinha , tranquilamente, até chegar numa bela lagoa de altiplano. Ah, ainda.tem um simpático restaurante com vista pra cadeia de montanhas, onde dá pra relaxar sentado numa varanda ao ar livre tomando alguma coisa.


 Porém, este segundo bondinho, que carrega 60 passageiros, despeja todo mundo no topo onde a melhor coisa a fazer , além de observar os (incautos) corajosos que se atrevem a se equilibrar encima da estreita "corniche" recoberta de neve,  é almoçar no restaurante 3842 , que serve pratos regionais como vitela recheada e outras receitas típicas...São poucas mesas, então vá cedo pra não ter que esperar.

Chamonix, lá embaixo, fica a 1200 metros de desnível

Lá do alto do mirante, sempre com temperaturas abaixo de zero e um vento quase constante, o panorama é indescritível. São 360 graus de belezura e natureza intocada. Confesso que é bastante impressionante. Você  se sente no topo do mundo, com algumas montanhas aos seus pés e outras ainda que se erguem com imponência em sua volta.

Tem gente que se atreve a desafiar a montanha, se equilibrando na beirinha do precipício.....

De volta à cidade, fiquei feliz que o nosso hotel, o Lle Morgane, estava realmente encravado a menos de 100 metros do centrinho, o que significava que estávamos a poucos passos dos restaurantes e comércio em geral.  Que abre aos domingos como se fosse dia de semana, emanando uma atmosfera  festiva e descontraída até altas horas da noite.





O Morgane é um boutique hotel muito bem situado, afastado o suficiente pra fugir de qualquer barulho noturno, mas ao lado de tudo. São suítes modernas e bem decoradas, com vista para as montanhas e varandinha cozy. As amenidades são generosas e o espaço é amplo. Adorei o serviço simpático e acolhedor e o café da manhã estava extremamente bem servido.

Da próxima vez vou dedicar um tempinho pra explorar o spa, que, curiosamente, oferece tratamento pra criança - veja só, os seus santinhos poderão curtir uma massagem que nem gente grande. Gostou da idéia? Então aproveita ainda antes que caia aquela nevasca de deixar Chamonix branquinho...o que não vai tardar!!




terça-feira, 18 de outubro de 2016

Pousada Brisas do Espelho, Praia do Espelho, Bahia

Vista do modus vivendus na Praia do Espelho

Não importa muito a época do ano, porque Bahia é sempre uma caixinha de pandorra. Ou seja, surpreendente. Evidente que quando você pode se dar ao luxo de escolher as datas em que quer viajar, melhora as coisas em vários aspectos.
Piscinas naturais, habitat irresistível dos turistas


Fora da alta temporada, dos feriadões, das fé rias escolares, Carnaval e Ano Novo, tudo fica menos caro ( eu não disse mais barato, só menos caro!), tem mais escolha nas acomodações, o serviço fica mais eficiente e parece que a gente é mais bemvindo ainda.

Quando eu soube que havia uma nova pousada na Praia do Espelho, há cerca de seis meses atrás, me empolguei. Fiz as contas e me dei conta de que fazia mais de dez anos que não pisava naquele pedaço baiano. As lembranças datavam de um final de ano em que alugamos uma casinha de pescador na Praia do Espelho, rente à praia e a um restaurante simples, onde tomávamos café da manhã.



Lembranças boas, num ano em que o lugar era pouco conhecido, pois o que imperava na região era Trancoso. No Espelho a praia era nossa, não havia quase movimento embora fosse época de Reveillon. O restaurante do Baiano, típico mas com uma bossa balinesa na decoração praiana, servia regalias caseiras e agradava a todos os paladares. O restaurante da Sylvinha oferecia a especialidade do dia com hora marcada. E tudo era uma delícia.



Então marquei agosto, bem fora de alta temporada,  aproveitando que os olhos se voltavam para as Olimpíadas no Rio, pra voltar pra lá. A pousada Brisas do Espelho, que recentemente havia passado por uma mega reforma, nos surpreendeu pelo serviço atencioso, a deliciosa comida, as suítes equipadas com tecnologia e uma cama do tamanho de uma quadra de basquete.

 A decoração é clean, com objetos oriundos do artesanato regional. O café da manhã vem com tudo que tem direito, às vezes como bufê, em outras ocasiões servido diretamente na nossa mesa. Até mesmo o ovo quente saiu perfeito!!  E olha que só tinha a gente na pousada durante estes dias...

Praia do Outeiro e o apoio do clube, exclusivo aos hóspedes do condomínio e da pousada Brisas do Espelho.

Detalhes das suítes rente ao jardim
A localização não era pé-na-areia, como eu prefiro. Mas, pra criança é ótimo pois a piscina é bem gostosa e tem um bar de apoio que em algumas épocas do ano serve até sushi. No entanto, se fizer o que a gente fez e ir até o clube de apoio, a dois minutos de carro, lá tem tudo o que você pode imaginar diante dos olhos: o mar, uma piscina, um bar e um restaurante - e é claro que serve igualmente pratos requintados e preparados na hora. E exclusivo pra hóspedes.
Praia do Outeiro, magnífica e deserta


Muquecas, peixe assado, camarões...E a praia, posso assegurar, é a melhor de toda a região. A tal praia do Outeiro. Com a vantagem de passar pouca gente. O clube, como disse, é de uso exclusivo aos hóspedes do condomínio e da pousada, portanto não tendo um bar pra abastecer os sedentos, ninguém se atreve a sair da praia do Espelho propriamente dita , pra caminhar por quilômetros sem ter onde beliscar um salgadinho ou tomar uma caipirinha. Simplesmente, isso garante privacidade e sossego.

Confesso que, mesmo não tendo perdido a beleza, a praia do Espelho - 15 minutos a pé da pousada - perdeu a áurea de praia perdida, ou digamos, deserta. Isso mesmo durante a semana na baixa temporada...São vans que levam turistas pra passar o dia e os bares cobram consumação mínima de 50 reais só pra sentar nas espreguiçadeiras. Isso na baixa, não me atrevo nem a pensar o quanto cobram na alta. E a comida é fraca, ainda por cima. Por isso, hospedados como realeza lá no alto, tínhamos a vantagem de ter nosso espaço próprio lá na beira da praia do Outeiro.
Paisagem imutável

Porém, o restaurante do Baiano continua firme e forte, digo isso pelo aspecto. Infelizmente,  não tivemos tempo de conferir se a cozinha continua no mesmo padrão. O mesmo digo do restaurante da Sylvinha, que exige reservas antecipadas e cobra 100 reais por pessoa por refeição. Aliás, os preços do sul da Bahia continuam tão salgados quanto a magnífica água do mar. Uma lástima, pois afugenta muita gente, mesmo os aficionados deste pedaço do litoral brasileiro, como é o nosso caso.