domingo, 27 de agosto de 2017

Pousada da Terra, Serra da Bocaina, Brasil

A vista sobre Angra dos Reis desde a Cachoeira do Bracuhy é impressionante - e desafiadora.


Tem lugares que se conservam intactos com o passar dos anos. A modernização não consegue atingi-los, muito menos a internet e qualquer sinal de telefonia celular. São pequenos oásis que se mantêm num patamar abrigado até da civilização. A Serra da Bocaina  é um destes redutos de enormes proporções, encravada na Mata Atlântica. Mas isso não significa estar fora de alcance, ou  escondido no meio do nada, pois está localizado a 1200 metros acima do nível do mar, e apenas a  300 quilômetros do Rio de Janeiro e 470 de São Paulo, a 1200 metros acima do nível do mar, esta região exala a pureza de um ambiente que nunca se deixou contaminar com os efeitos do tempo, da globalização, da poluição sonora ou visual.

 E olha que não estamos tão longe de Paraty ( 49 km), Penedo ou até Angra dos Reis.
Aproveitando um feriadão, zarpamos rumo à Bananal, cidadezinha de interior que fica ao pé da Serra da Bocaina e que tem lá seus resquícios históricos, como uma locomotiva antiga e um terminal de estação ferroviária, ambos que datam de 1889.
Embora já tivessem se passado mais de 20 anos desde a nossa última visita, não houve nenhuma mudança significativa no ritmo pacato de Bananal, salvo a atmosfera mais animada devido a eventos festivos como encontro de motociclistas oriundo de várias outras localidades vizinhas e algumas procissões religiosas devido ao feriadão de Corpus Christi.

Cena rural na antiga cidade de Bananal

A mudança mais significativa na região foi o asfaltamento da estrada que leva de Bananal até o alto da Serra, com paisagens de tirar o fôlego e antigas fazendas. São pouco mais de 30 quilômetros até o alto da serra, muito bem demarcados e com um traçado em zigue-zague capaz de estontear os mais sensíveis à altura. A temperatura vai se modificando a cada curva, e no verão o calor é amenizado. No inverno, pode até cair uma geada e não são raros os dias em que o termômetro despenca para alguns graus negativos. Há quem desfrute com muito prazer esta sensação de estar, literalmente, em outro hemisfério. Melhor sempre se precaver e levar bastante agasalho.

A Pousada da Terra, encontrada após bisbilhotar a internet, funciona já há alguns anos por um simpático casal, Lili e Bruno. Ele se radicou na Serra da Bocaina após transformar a antiga morada dos seus pais em uma acolhedora pousada. Com chalés individuais, decorados com gosto e diferenciados, os hóspedes têm um leque interessante de opções. As famílias com crianças pequenas, como estávamos, são brindadas com uma casita de dois quartos, sala, cozinha, dois banheiros, televisão e uma lareira - item imprescindível naquela região, onde até mesmo durante o verão faz um friozinho básico.

Pousada da Terra e seus chalés individuais garantem privacidade total e relaxamento diante de uma paisagem fascinante.


E o que tem pra fazer naquelas bandas?  Levando em conta de que pode chover a qualquer momento e época do ano, é bom se planejar para eventual "chá de pousada". Ou seja, embora tenha videos e jogos à disposição dos hóspedes, leve seu baralho, seus brinquedos ( se for com criança) , um bom livro e filmes pra assistir. O wifi funciona razoavelmente então dá pra acessar a internet. Mas, claro, você não vai à um lugar tão abençoado pela natureza pra ficar enfurnado no chalé surfando a internet. Pelo contrário, leve também uma capa de chuva pra encarar os caprichos do tempo e poder caminhar mesmo debaixo d´água. Se você não é feito de açúcar, então é problema zero.  Na volta do passeio, entre na sauna da pousada e se reenergize pra ficar novo em folha.

Pesca da truta em pesqueiros próximos
passeio de caiaque pela represa



Cachoeiras estão sempre no caminho.

Ah, tem um restaurante bastante concorrido na região. E´ o da Bruna, uma personagem (quase) endêmica da Serra da Bocaina. A Bruna mantém uma cozinha à base de forno a lenha com especialidades mineiras-regionais. De mel a biscoitos caseiros, passando pelo inevitável arroz e feijão, não falta a truta - peixe fartamente criada na região. Ela vem grelhada, com ou sem molho, e seu sabor é de fato especial. Também servem alguns petiscos bem apetitosos e uma cachaça feita em casa. O restaurante vive cheio, principalmente nos finais de semana e feriadões.
A partir do restaurante da Bruna, já não há asfalto. Então já leve em conta que carros comuns não conseguem galgar alguns recantos da serra, principalmente se for procurar locais para praticar a pesca da truta. Alguns trechos são praticamente intransponíveis e um carro 4x4 tem que ter um motorista com destreza. Uma distração pode causar transtornos e sinal de celular por ali nem sempre é evidente.
Mas a Serra da Bocaina encanta. E conquista adeptos. Se você é aficionado por trilhas que desembocam sobre panoramas de tirar o fôlego, então esse destino é talhado sob medida. Cachoeiras não faltam na paisagem e de qualquer lugar que você saia, sempre vai encontrar um cenário bucólico e intocado.

Passarinhos coloridos ornamentam a paisagem.


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Backstage Boutique Spa Hotel, Zermatt, Suíça


Verão em Zermatt garante um céu imaculado e a vista impecável do Matterhorn, a montanha mais conhecida dos Alpes.

Na hora de preparar a sua mala para o verão europeu, não se esqueça de acrescentar  gorro, cachecol, luvas, meias, anorak  e todos os apetrechos de esqui. Esqui?! Mas não é verãozaço no hemisfério norte ? E´, sim, mas e se der na telha de querer dar uma esquiadinha para desenferrujar? Nenhum problema:  leve a sua indumentária básica até Zermatt, a sofisticada estação  suíça localizada na fronteira do cantão do Valais com a Itália e a pouco mais de 3 hs de carro desde o aeroporto de Genebra.





Este famoso  vilarejo  ao pé do Cervin - a montanha mais fotografada do mundo - é emoldurado por picos de até 4000 metros, garantindo neve eterna e a prática de esportes de inverno 365 dias por ano.  E´ a zona esquiável mais desenvolvida dos Alpes, onde as temperaturas apenas se acomodam à mudança das estações.


O toque de romantismo fica por conta das charretes.

O que não significa que não possa cair uma nevasca em pleno mês de agosto lá no glaciar Théodule, onde mais de 20 quilômetros de pistas recebem os esquiadores e também acomodam  várias equipes profissionais que vem treinar durante os meses mais quentes.  Inúmeros ski lifts e bondinhos funcionam regularmente, e a maioria dos restaurantes e refúgios de altitude fica aberta durante o dia para acolher os esportistas que querem aproveitar o sol da montanha para almoçar, ou relaxar nas espreguiçadeiras, bebericando um bom vin chaud  - bebida quente condimentada com especiarias,  altamente revigorante após algumas descidas. Embora o terreno disponível para esquiar no verão não se compare com as dimensões durante o inverno, a  maioria das pistas  é apropriada para esquiadores de nível  intermediário.

Lounge do Backstage hotel, com vista para o vilarejo e as montanhas.

Banheira na suíte superior com vista para o Cervin


 Que podem se deliciar com a icônica vista do Cervin, bem diante dos seus bastões.  Em tempo:  é preciso cautela para esquiar encima de um glaciar a 3900 metros de altitude, pois existe sempre o risco de cair nas traiçoeiras crevasses,  fendas profundas que se abrem na neve sem aviso prévio.

Somente os carros elétricos são autorizados no vilarejo, e o movimento dos pedestres fica mais calmo de manhã.



 No fim da jornada, é reconfortante voltar ao vilarejo para curtir os prazeres mundanos que Zermatt oferece: boa gastronomia, shopping de primeira com todas as marcas internacionais nas vitrines da rua principal do centrinho e uma atmosfera única com muita diversão noturna nas boates. Quanto a hospedagem, a estação não carece de cinco estrelas renomados e muitos outros estabelecimentos ultra confortáveis, mas  quem busca um diferencial com chamego  deve tentar  ficar num dos  6 cube-lofts  do ousado projeto arquitetônico de Zermatt - o Backstage Boutique Spa Hotel , um conceito que leva a grife do respeitado  arquiteto-artista plástico local Heinz Julen, responsável pelo desenvolvimento gradual de um complexo cultural  conhecido como Vernissage. O mesmo espaço abrange o novo hotel boutique, galeria, café, restaurante e , porque não? um cinema, com filmes que passam durante o jantar ( mas só durante o inverno, no verão você desce até a sala de cinema e fica sentado em poltronas bebericando um drinque enquanto assiste a um filme) , para a grande satisfação dos cinéfilos-esportistas dublê de gourmet, que conseguem juntar dois prazeres  num mesmo momento.

Confesso que foi mero acaso (ou sorte) que me trouxe pra esse boutique hotel. Já tinha tentado fazer reservas em várias ocasiões, inverno, outono, primavera ou verão, e nunca conseguia vaga. Então qual foi a minha surpresa quando numa quarta-feira de agosto cliquei no aplicativo booking.com e consegui um "último" quarto no hotel. E, por incrível que pareça, estava a menos de duas horas de distancia. Então posso dizer que me senti vitoriosa...E não me decepcionei, pois o hotel é muito gracioso, a decoração arrojada, moderna, e bem confortável. Ainda me deram um upgrade aí eu tinha uma varandinha charmosa com a vista esplendorosa do Cervin - ou Matternhorn, como alguns preferem conhecer esse pico tão famoso.






Os esportes são muito variados durante os meses de verão.