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A Praia do Forte mudou muito nestas últimas décadas, mas fora da alta temporada fica perfeita. |
"Gostaria de um mapa?" me propôs o atendente da agência locadora. Quando disse que sim, ele perguntou: " Qual? o de Salvador ou da costa norte?" . "Estamos indo pra Praia do Forte," respondi. O atendente se agachou e olhou na gaveta. " Sinto muito, este eu não tenho." " Então me dá o que você tiver," me resignei. O jovem olhou novamente dentro da gaveta e balançou a cabeça com um sorriso terno: " Ihhh, xente, também não tenho esse aí, não..."
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O centrinho com a igrejinha, como era antigamente |
Esta cena ocorreu há cerca de 20 anos atrás, mas ilustra perfeitamente o estado de espírito baiano. E desde então, cada vez que piso na Bahia, entro no mesmo clima. Mapa hoje é um instrumento em desuso ( embora considero que pode ser uma salvação muitas vezes!) e o GPS dita o caminho até a Praia do Forte, que foi uma das minhas primeiras paixões nordestinas. E, posso dizer que perdi a conta das vezes que fui pra lá, e cada vez eu queria ficar mais. A gente ficava numa pousadinha à beira-mar, que infelizmente não existe mais...
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Pescador solitário na maré baixa |

Como acontece sempre no Brasil, a cada vez encontro o lugar diferente, as mudanças surpreendem e nem sempre agradam, mas sempre se dá um jeito de relaxar debaixo de um coqueiro, saborear uma água de côco ou uma caipirinha. A praia continua linda, mas a vila perdeu um pouco da ingenuidade que a abençoava . Virou foco de turismo internacional, o que é bom, mas perdeu em carisma... E´ aquela figura simpática do vendedor de queijo coalho assado na hora (quem resiste?) , a imagem da descontração típica baiana, o pescador que se isola numa rocha na expectativa de um dia produtivo...O mar quente, onde você pode se sentar por horas e até perder a hora, até porque na Bahia essa coisa de hora não tem vez.
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Ninguém quer sair de uma praia dessa, com piscinas naturais quentinhas... |
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Pousada Refúgio da Vila e a piscina aninhada num belo jardim. |
O acesso pra Praia do Forte ficou até mais fácil. A Rodovia do Côco está com bom asfalto e surpreende como você consegue percorrer os 60 quilômetros que a separam do aeroporto em cerca de uma hora e pouco. Hoje a vila está bem organizada, com um comércio selecionado, boas butiques, algumas grifadas, e bons restaurantes. Grande parte virou pedestre, o que cria automaticamente um ambiente descontraído para se perambular dia e noite.
A primeira coisa que se tem que fazer é escolher uma boa pousada dentre as dezenas de ofertas que existem hoje em dia. A Pousada Refúgio da Vila, que pertence à cadeia Roteiro de Charme, é uma das melhores, embora não fique pé-na-areia. Mas, como infraestrutura, serviço e comida, é excelente. E fica a dois passos do centrinho onde você vai comer, comprar e passear quando não está na praia. Não faltam barracas vendendo lembrancinhas e objetos de artesanato em madeira e palha para você não voltar pra casa de mãos vazias.

Embora o mar seja manso, as águas ficam a critério da maré e quando ela está em alta nem é bom se aventurar. Há muitos corais e o fundo de pedras é traiçoeiro. A melhor coisa que existe por lá são as piscinas naturais que se formam com a maré vazante e duram horas e horas...Só que é preciso chegar até elas e isso fica bem a uns 15 minutos de caminhada. A melhor piscina é a Papa-Gente, a cerca de 5 quilômetros do centro da vila. Chegando lá, tem de tudo: a baiana do acarajé feito na hora, vendedor de côco, barraquinha de caipirinhas e todo tipo de bebidas, ambulante vendendo castanha do cajú, sorvetes e empadinhas. Até guarda-sol pode ser alugado lá, com direito a cadeirinhas de praia. E fica tudo seguro.
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Projeto TAMAR foi desenvolvido na Praia do Forte |

Se estiver com preguiça de andar, então o jeito é ficar na praia ao lado do Farol, e onde também fica localizada a sede do Tamar, que é o local onde foi criado o projeto do mesmo nome, renomado mundialmente, que deu origem à preservação das tartarugas marinhas na costa brasileira.
Além da praia, dá pra fazer umas caminhadas por trilhas bem selvagens pela Mata Atlântica, para chegar até um forte antigo, chamado Garcia D´Àvila, construído em 1552. Quem estiver em forma pode se habilitar a ir de bicicleta ( alugam-se na vila) ou até mesmo a cavalo ( também há programas organizados que oferecem passeios pela redondeza), e saborear a vista lá de cima sobre todo a extensão do coqueiral que alinhava a praia.
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Praia próxima da vila e do Farol e do TAMAR |
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