quinta-feira, 18 de maio de 2017

Luciano Valleta Boutique, Valleta, Ilha de Malta


Malta é um arquipélago excêntrico cravejado de vilarejos, uma arquitetura riquíssima, 359 igrejas, boa gastronomia e um idioma indecifrável.

 
Vista sobre a catedral do nosso quarto: de dia, animação.
Todos os caminhos levam ao mar.
Ding, dong, ding, dong…São  2:15 da manhã.  A cada quinze minutos, os sinos da Catedral St John ressonam bem alto  nos meus ouvidos e não  há sinal de trégua. As marteladas me mantém semi- acordada e logo me dou conta de quão impossível é tentar conciliar um sono tranquilo com estrondos tão fortes em  intervalos tão curtos. Paciência!  Afinal, escolhi um hotelzinho central, bem no local onde pulsa o coração de Valletta ( pronuncia-se Valetá), a capital da ilha de Malta, construída durante o reinado dos Cavaleiros de Malta e um destino  repleto de charme e enriquecido pela História desde o século 16. Por se tratar de uma construção antiga, a disposição dos quartos era um tanto estranha. Nossa suíte era imensa, cama com dorsel, mobília extraída do baú da vovó! O melhor de tudo era a localização. Descendo, já estávamos no meio do bochicho. Só não recomendo se você tem sono leve.


Aninhado entre o norte da África e o sul da Europa (são apenas 90 minutos de ferry do porto de Malta até Pozzallo, na Itália), o arquipélago maltês mede 316 km quadrados e é formado por três ilhas: a maior delas é Malta, medindo 27 km x 14km, cujo imã é Valletta,  para onde se dirige a maioria dos turistas. Gozo, bem menor ( 14km x 7km) e ainda não completamente domesticado, é um lugar focado por aqueles que rastreiam um estilo de férias com um ritmo bem desacelerado. A ilha é abençoada  com vales verdes espetaculares, uma ou duas praias de areia e um punhado de praias com pedras e vilarejos encantadores  encravados nas colinas. 
Turistas caminham na rua principal, a Repubblika. Tem sorveterias, restaurantes e lojas de lembranças típicas.

Embora o arquipélago possa contar quase sempre com dias de sol a fio e uma temperatura generosa,  ninguém vai a Malta só para lagartixar na praia ou praticar natação nas águas translúcidas do Mediterrâneo. Desde civilizações neolíticas aos franceses, quase todas as raças e nacionalidades pisaram nestas ilhas. Os romanos, os árabes, os alemães, os espanhóis, os bizantinos e os fenícios - pode nomear à vontade - todos eles impregnaram as suas digitais ( boas ou ruins) na história do país.


 A herança cultural é estupenda e visível em cada recanto, desde esplendores barrocos a templos neolíticos que datam do terceiro milênio AC, além de mansões seculares, e um mostruário arquitetônico eclético (de militar a eclesiástico) espalhado na paisagem de beleza agreste. Pincele esta tela com dezenas de cúpulas, fortificações, catedrais e igrejas e você tem diante dos olhos o cenário tipicamente maltês.




Reservamos o 6º dia para explorar as maravilhas de Valletta, que mede apenas 600m x 1000m, mas que foi a primeira cidade planejada da Europa.  Construída em 1560 pelos Cavaleiros de St John, em 2018  ela será a capital Europeia da Cultura e , devido ao seu legado cultural,  é a única capital classificada integralmente como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A entrada é pelo City Gate ( Portão da Cidade), e depois basta perambular para cima e para baixo pelas ruelas estreitas cravejadas de construções seculares, totalmente pedestres. 

Almoçar e jantar al fresco é uma instituição, praticada por toda a turistada, assim como a degustação de cada um dos sorvetes artesanais oferecidos ao longo da Triq-ir-Repubblika, a artéria principal da cidade. 

Interior muito eclético do Luciano Valleta

Um passeio no trenzinho diverte as crianças e não tira o brio de nenhum viajante calejado. Pelo contrário, dá uma visão panorâmica dos cartões postais de Valletta, como a região do porto e os principais museus. Para finalizar o dia com estilo, aproveitamos que não havia filas para visitar a catedral St.John Co-Cathedral.  Maior símbolo da ilha, ela foi sendo construída entre 1573 e 1578, e é realmente impressionante: muito discreta por fora, é a riqueza interior de valor incomensurável- como a maior obra do pintor italiano Caravaggio, do início do século 17,  e a profusão de ouro nas capelas -  que causa o impacto. Impacto quase tão forte quanto as badaladas dos seus sinos ecoando nos meus ouvidos na nossa última noite em Malta.

Todo esse cenário fabuloso está alinhavado por um  cintilante mar azul turquesa.   


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