Malta é um arquipélago excêntrico cravejado de vilarejos, uma arquitetura riquíssima, 359 igrejas, boa gastronomia e um idioma indecifrável. |
Todos os caminhos levam ao mar. |
Ding,
dong, ding, dong…São 2:15 da
manhã. A cada quinze minutos, os sinos
da Catedral St John ressonam bem alto nos meus ouvidos e não há sinal de trégua. As marteladas me mantém semi-
acordada e logo me dou conta de quão impossível é tentar conciliar um sono
tranquilo com estrondos tão fortes em intervalos
tão curtos. Paciência! Afinal, escolhi
um hotelzinho central, bem no local onde pulsa o coração de Valletta (
pronuncia-se Valetá), a capital da ilha de Malta, construída durante o reinado
dos Cavaleiros de Malta e um destino repleto de charme e enriquecido pela História desde
o século 16. Por se tratar de uma construção antiga, a disposição dos quartos era um tanto estranha. Nossa suíte era imensa, cama com dorsel, mobília extraída do baú da vovó! O melhor de tudo era a localização. Descendo, já estávamos no meio do bochicho. Só não recomendo se você tem sono leve.
Aninhado entre o norte da África e o
sul da Europa (são apenas 90 minutos de ferry do porto de Malta até Pozzallo,
na Itália), o arquipélago maltês mede 316 km quadrados e é formado por três
ilhas: a maior delas é Malta, medindo 27 km x 14km, cujo imã é Valletta, para onde se dirige a maioria dos turistas.
Gozo, bem menor ( 14km x 7km) e ainda não completamente domesticado, é um lugar
focado por aqueles que rastreiam um estilo de férias com um ritmo bem
desacelerado. A ilha é abençoada com
vales verdes espetaculares, uma ou duas praias de areia e um punhado de praias
com pedras e vilarejos encantadores encravados
nas colinas.
Turistas caminham na rua principal, a Repubblika. Tem sorveterias, restaurantes e lojas de lembranças típicas. |
Embora o arquipélago possa contar
quase sempre com dias de sol a fio e uma temperatura generosa, ninguém vai a Malta só para lagartixar na
praia ou praticar natação nas águas translúcidas do Mediterrâneo. Desde civilizações
neolíticas aos franceses, quase todas as raças e nacionalidades pisaram nestas
ilhas. Os romanos, os árabes, os alemães, os espanhóis, os bizantinos e os fenícios
- pode nomear à vontade - todos eles impregnaram as suas digitais ( boas ou ruins)
na história do país.
A herança cultural é estupenda e visível em cada recanto, desde
esplendores barrocos a templos neolíticos que datam do terceiro milênio AC, além
de mansões seculares, e um mostruário arquitetônico eclético (de militar a eclesiástico)
espalhado na paisagem de beleza agreste. Pincele esta tela com dezenas de cúpulas,
fortificações, catedrais e igrejas e você tem diante dos olhos o cenário
tipicamente maltês.
Reservamos o 6º dia para explorar as
maravilhas de Valletta, que mede apenas 600m x 1000m, mas que foi a primeira
cidade planejada da Europa. Construída
em 1560 pelos Cavaleiros de St John, em 2018
ela será a capital Europeia da Cultura e , devido ao seu legado
cultural, é a única capital classificada
integralmente como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A entrada é pelo City
Gate ( Portão da Cidade), e depois basta perambular para cima e para baixo
pelas ruelas estreitas cravejadas de construções seculares, totalmente
pedestres.
Almoçar e jantar al fresco
é uma instituição, praticada por toda a turistada, assim como a degustação de
cada um dos sorvetes artesanais oferecidos ao longo da Triq-ir-Repubblika, a
artéria principal da cidade.
Interior muito eclético do Luciano Valleta |
Um passeio no trenzinho diverte as crianças e não
tira o brio de nenhum viajante calejado. Pelo contrário, dá uma visão
panorâmica dos cartões postais de Valletta, como a região do porto e os
principais museus. Para finalizar o dia com estilo, aproveitamos que não havia
filas para visitar a catedral St.John Co-Cathedral. Maior símbolo da ilha, ela foi sendo
construída entre 1573 e 1578, e é realmente impressionante: muito discreta por
fora, é a riqueza interior de valor incomensurável- como a maior obra do pintor
italiano Caravaggio, do início do século 17,
e a profusão de ouro nas capelas - que causa o impacto. Impacto quase tão forte
quanto as badaladas dos seus sinos ecoando nos meus ouvidos na nossa última
noite em Malta.
Todo esse cenário fabuloso está alinhavado por um cintilante mar azul turquesa. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário