quarta-feira, 28 de junho de 2017

Hotel Delmond, Cuiabá, Mato Grosso

Quem disse que em Cuiabá não tem praia???


Cuiabá: quem disse que não tem praia naquelas bandas. Eu disse outro dia que o óbvio, principalmente tratando-se de destinos brasileiros, está muito aquém de ululante. Ou seja, nem sempre o litoral é pra praia assim como nem sempre o interior carece de um programinha praiano...Então, quem disse que Cuiabá não tem praia? Já ouviu falar no Lago do Manso? Com vista espetacular para a Chapada dos Guimarães, e no qual você pode “ir à praia”? Pois bem, é um lago navegável ,  que não deixa de ser também uma represa,  imenso e com bastante profundidade,  cujos limites se  perdem  de vista no horizonte. Com a vantagem de  estar localizado a pouco menos de uma hora da capital do Mato Grosso.

 E´ ele que permite aos  cuiabanos uma válvula de escape para  fugirem do calor tórrido e ainda curtir passeios de lancha.  E eles se orgulham de terem as suas próprias faixas de areia ( isso mesmo, no plural) onde podem ancorar facilmente  e preparar seus piqueniques – ou melhor dizer, seus churrasquinhos à beira d´água.

Chapada dos Guimarães ornamenta a paisagem.

Barcos de lazer curtem a praia e a água morna do Manso


 Sem ondas ( salvo quando alguma embarcação resolve passar rapidinho ao lado , criando marolas) , debaixo daquelas temperaturas  impiedosas  que assolam o estado durante quase 365 dias por ano, dá para passar bons momentos nadando, se refrescando nas águas mornas do lago.  Nada comparado com outras “praias” do litoral brasileiro, mas, como já diz o ditado, quem não tem cão caça com gato...


E você ainda pode fazer um bate-volta de Cuiabá, onde às vezes até o tempo é bastante diferente do Manso. Lá pode estar encoberto e lá na "praia" fazendo o maior sol. As temperaturas também podem ser drasticamente opostas, "frio" na capital e calor de rachar na beira do rio. Coisas de Mato Grosso. Existem algumas pousadinhas naquela região, mas o mais recomendado é se hospedar em Cuiabá, num hotel moderno e novo, sem charme mas bastante confortável, com um bom café da manhã e serviço atencioso, e principalmente porque é uma mão na roda pra quem só quer curtir a praia. O Hotel Delmond fica literalmente na frente da rodovia MT- 351, que leva direto pra Chapada dos Guimarães e portanto, a mesma que desemboca por outra via no Manso. Melhor localizado,impossível.


domingo, 25 de junho de 2017

Harvest Inn, Napa Valley, USA

A região de Napa Valley representa para a Califórnia o mesmo que Bordeaux significa para a França. Para melhor degustar cada pedacinho da paisagem, nada como explorá-la de maneira inusitada, se debruçando de um balão a 200 metros de altitude.

O despertador tocou às cinco da manhã. Embora estivéssemos no meio da primavera, o dia ainda não estava totalmente claro. Da varanda do nosso cottage no Harvest Inn, deu para perceber apenas a névoa fina encobrindo os vinhedos que se enfileiravam a perder de vista. Ninguém tinha confirmado a previsão do tempo para esta quinta feira de maio em Napa Valley. Havia até a possibilidade do sol nem aparecer. Isto, sem dúvida, era uma preocupação para quem pretendia, dali a pouco mais de uma hora, iniciar a exploração desta belíssima região californiana sem qualquer tropeço climático... a bordo de um balão!


O céu fica estrelado de balões coloridos

Este passeio, que sobrevoa durante quase duas horas boa parte dos vinhedos que se estendem sobre cerca de 30 milhas, é uma das atrações turísticas mais originais –e também a mais onerosa -  entre as múltiplas escolhas oferecidas aos visitantes que freqüentam este sofisticado pedaço do território americano. Basta abrir o pequeno jornal local, Inside Napa Valley, distribuído gratuitamente comércio afora. Programa talhado sob medida para quem quer fugir do lugar-comum ou celebrar com louvor algum evento memorável, a aventura de balão só não condiz com quem prefere curtir as primeiras horas da manhã na cama, pois inevitavelmente você será convidado a se levantar de sua confortável king size no primeiro toque de alvorada. A explicação é simples: em qualquer lugar do mundo, todo e qualquer passeio de  balão sempre tem início de madrugada pois aproveita os ventos fracos matinais para levantar vôo com total segurança e, também, melhor controlar a posição, a altitude e assim realizar uma viagem sem contratempo algum.


Conforme combinado, o guia chegou pontualmente às 5:30 para nos levar até o nosso ponto de partida, a pouco mais de cinco quilômetros de distancia.  Lá, encontramos outros participantes já  à espera. Estavam previstos para embarcarem em mais dois balões. Embora estivessem todos com cara de sono, havia também um pouco de apreensão no ar: assim como nós, a maioria deles nunca tinha tido esta experiência antes. Você chega a duvidar se vai ter mesmo coragem de pular (é pular, sim, literalmente!) para dentro de um brinquedo deste,  embora já tivesse sido vislumbrado por Julio Verne há tantas décadas atrás como um dos melhores meios de transporte para se admirar as belezas do mundo – do alto.  




Também se encontravam no local outros membros da equipe organizadora. Muito afáveis, logo nos ofereceram uma xícara de café com biscoitos e recomendaram uma ida ao toalete antes da decolagem. Além disso, pediram para todos se agasalharem bem, pois a temperatura cairia a partir de uma determinada altitude. Em seguida, juntaram as pessoas para dividi-las em três grupos e fizeram um rápido briefing sobre o desenrolar da programação.  “Dentro de cinco minutos vamos caminhar até os balões que estão sendo inflados,” disse Matt, o dono da empresa,  apontando para uma área descoberta atrás de um galpão. “Ainda não sabemos exatamente a direção que vamos tomar, mas sempre seremos monitorados por terra,” explicou, tentando relaxar a audiência que se entreolhava. Mas o que isto iria adiantar caso fossemos levados por uma súbita rajada de vento? “Não se preocupem, fica tudo sob controle na mão do seu experiente piloto,” tranqüilizou o organizador, indicando para que todos o seguissem. Obediente, a turma seguiu. E, meio boquiaberta, meio atônita, mas vibrante, ficou a observar a pouco mais de dois metros de distancia o gigante de pano adormecido que, aos poucos, ia ganhando forma graças às golfadas de gás, insufladas por meio de um maçarico posicionado para o centro do balão. 




 O barulho compara-se a um estrondo, ou ao ronco de uma fera sendo domada. As cores, antes sobrepujadas, iam se destacando mais vivas a cada instante que passava, para logo em seguida se erguerem com nitidez, inflando com orgulho. Em questão de minutos, a operação estava terminada, e o balão, já encorpado e ereto, tal qual um potro indomável, estremecia para ser posto em liberdade. “Vamos, vamos, rapidinho, folks,” comandava Matt, enquanto pulávamos para dentro do cesto de vime redondo. E antes que nos déssemos conta, tínhamos decolado em silêncio.  Matt foi sumindo aos poucos de baixo da gente, até que o perdemos rapidamente de vista. Em menos de cinco minutos, já ultrapassávamos os telhados e o topo de árvores. Voávamos.             
Aí é que cai a ficha: você está dentro de um cesto de menos de três metros de diâmetro, onde são acomodados 4 passageiros e mais o nosso piloto, Steve, dono de nossas vidas pelos próximos 100 minutos. Cinco pessoas adultas, de pé, cercadas de...nada por todos os lados, rodopiam (lentamente, por favor!) sobre elas mesmas para melhor apreciar a vista. Debruçadas com atenção, e nada de peripécias ou movimentos drásticos. A balaustrada fica numa altura de cerca de 1,5 metro, o que significa que da cintura para cima, não há mais proteção. A uma certa altura (de novo, literalmente, pois vamos subindo cada vez mais alto até atingir cerca de 200 metros de altitude!) aquela sensação de friozinho na barriga já não é mera imagem figurada. Faz frio mesmo! E já mencionei vertigem? Bem, caso alguém desconheça esta sensação, não é este o momento sensato para falar sobre ela. Lá no alto, não há barulho algum, estamos sobrevoando em paz absoluta uma paisagem ainda meio turva, pois os primeiros raios de sol lutam para saírem detrás das nuvens. Aos pouquinhos, a bruma matinal vai se dissipando e o céu se tinge de azul pastel. São os primeiros vestígios do fim da aurora e o inicio de um amanhecer de mais um lindo dia sobre Napa Valley. Os outros dois balões estão visíveis e trocamos acenos. O mundo, cá embaixo, está saindo do seu torpor e acordando lentamente.
Sobrevoamos pastos, bosques, colinas e, principalmente, os vinhedos, que  podemos contar às centenas, enfileirados com simetria, recortados por alamedas onde pontinhos humanos parecem formiguinhas atarefadas. De repente, não há mais nuvem no céu e o sol despontou,  majestoso, no horizonte. Os seus raios refletem no balão, realçando as suas cores vivas. O único barulho é o ronco do maçarico que Steve manuseia, controlando e mantendo a altura desejada.  A impressão é de que subimos cada vez mais alto. A linha do horizonte já se curva e é mais saudável nem perguntar ao piloto qual é a nossa altitude. Também fica difícil discernir qual é o itinerário, pois os ventos fracos ora nos   empurram para uma direção ou para outra.
O tempo voou mais rápido do que o balão. Após algumas manobras sobre um vinhedo, Steve explica que estamos nos preparando para descer e que teremos que jogar alguns cabos para fora do cesto quando ele mandar. Isto para que a equipe em terra ( que deveras estava seguindo de carro a nossa trajetória )  possa nos resgatar e firmar o cesto no solo para evitar que o balão seja arrastado.  “Se segurem na borda para não sentirem o tranco,” orienta o piloto.  No entanto, uma lufada de vento impede aquela aterrissagem perfeita no alvo previsto, o cesto se desequilibra ligeiramente, mas nada que atrapalhe o desenrolar da operação. Em poucos minutos já estamos a salvo, com os pés em terra firme. Prontos para estourar a garrafa de champagne que nos aguarda como desfecho, como manda o figurino após qualquer passeio de balão. E’ o famoso champagne breakfast! Bem, a esta altura – ou na falta de – já eram quase 9 horas da manhã! E ainda havia muito o que fazer naquele dia em Napa Valley...          

Emoção garantida e visual esplêndido



quarta-feira, 21 de junho de 2017

Explora Atacama, San Pedro do Atacama, Chile


Passeios a cavalo em meio a uma paisagem espetacular é apenas um dos programas oferecidos pelo hotel Explora aos seus hóspedes.

Assim que o avião pousa no aeroporto de Calama, dá para jurar que pousamos dentro do cenário da famosa ficção dos anos 70, “A Volta ao Planeta dos Macacos”, cujo pano de fundo é a bomba atômica que varreu o planeta terra de toda a fauna e flora. Mas apesar de sua aridez, a paisagem do Atacama impressiona a primeira vista: como nunca caiu uma gota de chuva em algumas regiões deste deserto, ele parece inóspito e estéril como a face da lua. No entanto, surpreendentemente, existe uma inspiração cênica aos pés dos salares e ao se deparar com a maior cadeia de montanhas do mundo, os Andes. Além do mais, como não se curvar à beleza do azul mais intenso do céu - são 330 dias sem uma nuvem! - e ficar hipnotizado pelo mais estrelado dos firmamentos! Ao seu redor, vulcões fumegantes ainda rosnam e ocasionalmente ameaçam esguichar suas lâminas de fogo morro abaixo.

Laguna  de Chaxa: os flamingos desta singela cor de rosa se deslocam como uma trupe de balé clássico.

As cocheiras

Uma das piscinas do Explora
Nos antigos vilarejos espalhados pela região , todas as casas são construídas de argila e pedras e testemunham um rico passado histórico. Além dos llamas, um animal que sobrevive em altitude com muito pouca água, e um roedor, conhecido como raton Tuco – muito parecido com uma lebre – têm seu habitat naquela topografia.

Reflexos do pôr-do-sol são frequentes na paisagem do Atacama

Tudo isso é muito impressionante, é verdade. Mas o que é exatamente que torna o Atacama tão atraente para os turistas, o ano inteiro? Bem, na verdade estamos falando sobre um oásis chamado San Pedro, encravado no meio deste deserto, a cerca de 100 quilômetros do aeroporto. Este pequeno pueblo, envolto em poeira, é um dos destinos mais procurados do Chile para aqueles que adoram desfrutar da verdadeiro contato com as forças da  natureza e atividades ao ar livre – mas apenas se  a sua idéia de atividades ao ar livre” requerer um pouco mais de esforço do que relaxar numa espreguiçadeira à beira de uma bela piscina. Sim, porque não faltam hotéis de luxo, como o requintado Explora Atacama,  que conta com seus próprios guias para customizar as suas explorações pela região. O hotel passou recentemente por uma reforma e agora acolhe sua seleta clientela com novas instalações e o conforto de sempre, em regime all-inclusive. O serviço irrepreensível, a alta gastronomia, um ambiente aconchegante em cada cantinho do hotel destaca o Explora como ícone de hospedaria.

A simplicidade da construção mescla classe e luxo das acomodações com rusticidade na decoração. Uma delícia.
As linhas clean e luxuosamente despojadas se mesclam ao visual da natureza sofisticado

Curiosamente, San Pedro ( muitas vezes apelidada de San Perro devido ao fato do vilarejo ter uma superpopulação de vira-latas!) é o paraíso para todo tipo de turistas: do antiquado neo-hippie ao mochileiro, que vêm atrás da “energia holística do espírito Atacamenho” ao  casal yuppie ecologicamente correto, de porte atlético na faixa dos 40+, que adora aventuras e também enfrentar desafios como cavalgadas, extensas caminhadas a mais de 4 mil metros de altitude, pedaladas em mountain bike e passeios de moto em máquinas super potentes, mas no final do dia quer curtir  sua suíte espaçosa, tendo como outras atividades opcionais uma massagem terapêutica e um jantar gourmê regado às melhores safras internacionais. E, entre um extremo e outro desta eclética clientela, é possível encontrar muitas famílias oriundas de várias partes do mundo, felizes em mostrar aos filhos pequenos e adolescentes que o mundo não se resume apenas a ipads e videogames.


Esta atmosfera pot-pourri é típica de San Pedro. Só de perambular pelas ruelas estreitas é possível distinguir entre quem se hospeda em algum hotel de luxo e àqueles que recuperam as suas energias sob tetos mais modestos. “E´ apenas uma questão de  mais ou menos quantidade de pó em suas roupas, “ alguém observou com gaiatice. Porém, da simples pensão aos hotéis glamorosos, das vendinhas onde se encontram as deliciosas empanadas – típica iguaria que se assemelha ao nosso pastel de forno – e que custam a ninharia de U$ 0,30  - aos restaurantes a quilo até os sofisticados menus dos melhores restaurantes locais ( que em geral ficam nos bons hotéis)  San Pedro acolhe  e alimenta a todos – e a qualquer um.

Laguna Sejas: no fundo , temperaturas podem chegar a 70ºC 

 A vida social borbulha na principal plaza da cidade e se espalha pelas ruazinhas adjacentes, onde floresce um comércio dirigido basicamente aos turistas. Pequenas lojas de artesanato regional em mini shoppings oferecem várias peças de vestuário de alpacas ( uma lã super macia que é vendida quase a preço de cashmere!), como ponchos, xales e écharpes. Mantas e colchas tecidas à mão, descansos de prato, bolsas, mochilas e dezenas de outras bugigangas, tudo muito colorido, podem ser encontrados à vontade por preços bem variados. Pechinchar um pouco faz parte do ritual. Não se esqueça das folhas de coca, sabidamente um santo remédio para o mal da montanha quando transformadas em chá. Também no bochicho da cidade, algumas butiques vendem jóias de prata e  peças de artesanato mais refinado.



San Pedro, um vilarejo cheio de charme
Como o vilarejo é o ponto de partida para todas as atividades ao ar livre – que são chamadas de expedições -  a rua principal é cravejada de operadoras de turismo que exibem em seus programas todas as opções possíveis e imaginárias. Suas tarifas dependem dos “fringe benefits” que prometem dar aos participantes: café da manhã, almoço, lanche...Mas todas têm seus guias especializados e transportes próprios. Se você não gosta de acordar cedo, é melhor pensar duas vezes antes de  planejar suas férias no Atacama. São quatro árduos dias de preparo físico. Entre um generoso leque de “caminhadas de adaptação”, pode-se iniciar a 2700 com as belas falésias de Cuchabracha, talhadas como se fossem escarpas, num programa considerado “básico”. À tarde, é preciso encarar mais um trekking de 5 quilômetros – desta vez a 3200 -  até as piscinas quentes conhecidas como baños de Puritama e na manhã seguinte estar apto para um “full day” de 11 quilômetros a 4300 metros através da eclética paisagem do Vale de Putana, onde se mesclam canions, formações rochosas, pedras, rios e uma vegetação rasteira. E por aí vai...

Llamas passeiam pelo  cenário semi árido.

Devido às condições climáticas e afim de tirar melhor proveito do espetáculo da natureza, algumas expedições tiram as pessoas da cama antes mesmo das 5 da manhã, sendo que ainda é preciso enfrentar duas horas de van até chegar ao destino final ou antes mesmo de se iniciar a caminhada! E´ o caso dos Geisers del Tatio, um incrível local das crateras em ebulição por onde jorram jatos d´águas quente. E´ fundamental chegar lá ao amanhecer, no lusco-fusco, quando a fumaça cria um efeito visual fantástico. O mesmo ocorre se o objetivo é assistir ao nascer do sol no Valle de la Luna, uma das paisagens mais sobrenaturais do deserto e um dos cartões postais do Atacama. E´ que a Mãe Natureza ainda é soberana naquela parte do mundo e para tirar proveito de seu potencial, é preciso se inclinar aos seus caprichos.
Típica construção no vilarejo


Lembrando que estamos a 2.443 metros acima do nível do mar, o que significa que cada excursão precisa ser cuidadosamente planejada, de acordo como a pessoa se aclimatizou à altitude. Embora a grande maioria das cavalgadas, caminhadas, pedaladas e hiking  levam os turistas a altitudes que oscilam entre 2500 e 2800, há quem queira subir até o topo de uma montanha e aí estamos falando em picos que ultrapassam os 5000 metros. Por outro lado, no farto leque de programas há atividades que exigem muito menos dos turistas. Uma das mais procuradas é visitar o santuário de flamingos rosas, localizado na Laguna de Chaxa. Além da beleza estonteante do lugar e das aves performando verdadeiros coreografias, o imperdível é o pôr-do-sol. Vale a pena ir só para isso.

O vulcão atrás é uma atração em si.

No primeiro dia, comece o programa de atividade com uma leve cavalgada no meio da tarde. E´ a opção ideal para começar a se aclimatar à secura do lugar, que causa uma sensação esquisita para quem está acostumado à umidade do clima tropical. Na manhã seguinte, um programa de duas horas de bicicleta. O destino final pode ser a Laguna Sejas, uma lagoa salgada que fica a 18 quilômetros de San Pedro, por uma estrada de terra que serpenteia através de uma vegetação rasteira. Mesmo considerando o esforço leve, chega um ponto em que a pessoa pode sentir um certo cansaço devido ao clima seco. E ´ fundamental beber muita água. Litros de água! Para manter seu corpo hidratado e evitar problemas decorrentes de desidratação. Nessa lagoa, a experiência é mergulhar numa água que, na superfície está a 3 graus e abaixo de 2 metros pode chegar a 70 graus celsius. A partir do terceiro dia, não há desculpas para ficar na cama depois do sol nascer. Tudo para fazer passeios memoráveis: a jornada por cima das Cornizas, por cima do vale, desvenda alguns mistérios da cultura atacamenha e da história da humanidade ao longo de 100 mil anos. A vista deslumbrante de 360 sobre o Valle de la Muerte, a Cordillera dos Andes e o famoso vulcão Licancabur, que é o pico mais alto no deserto, é uma dos pontos altos desta expedição.

Caminhadas incríveis para curtir  cada pedacinho deste lugar estupendo.
No quarto e quinto dia, os desafios se intensificam e gradualmente vamos vencendo maiores altitudes.Os próximos passos levam ao Guatín a 3300m, onde a caminhada percorre uma longa trilha entre cactus que se espicham a dois metros do chão. Outra expedição é da Copa Coya, onde a caminhada de 12 quilômetros é feita quase toda acima de 4000 metros.





Cenário mágico





                                                                                                                                                                                                                                             

sexta-feira, 16 de junho de 2017

The Bushmills Inn, Bushmill, Irlanda do Norte


Uma viagem de moto pela Irlanda do Norte reserva surpresas e paisagens intocadas, nem sempre molhadas..

Cavalos pastam junto à falésia, com vista para o mar.


Irlanda do Norte sempre ficou à sombra dos destinos cobiçados por conta das reviravoltas do IRA que manchou a reputação daquele país até bem pouco tempo. Felizmente, pelo menos neste pedacinho de terra, a paz trouxe também um bando de turistas em busca de novidade. Turistas como nós, que gostamos de explorar os lugares com meios de locomoção menos ortodoxas. No caso, de moto.



A bandeira do Brasil foi içada em nossa homenagem...

Traçar um itinerário não foi muito difícil. O dealer da Harley em Antrin, pequena cidade localizada a cerca de 30 minutos da capital Belfast, foi um aliado e derramou dicas sobre as melhores rotas e isso foi uma grande ajuda. Apenas riu na minha cara quando perguntei sobre a previsao do tempo e frisei que nao gostava de me molhar...Vocês estão na Irlanda, sweetheart, " ressalvou ele com um sorriso irônico. Mal sabia ele que em 8 dias de viagem teríamos a sorte de escapar de toda as nuvens ameaçadoras! Apenas uma  tarde só pegamos uma chuvinha chata pela frente...

 E nem foi em Bushmills, onde chegamos com a nossa Heritage  Softail numa tarde - você adivinhou!-  ensolarada. Qual não foi a nossa surpresa ao entrar no courtyard do hotel Bushmills e notar, imediatamente, que tinham içado a bandeira do Brasil no telhado desta antiga construção que abriga suítes decoradas com móveis confortáveis e amenidades modernas.






O hotel boutique tem um serviço extremamente amável - como em todos os estabelecimentos deste país, diga-se de passagem - uma excelente gastronomia e ambientes aconchegantes espalhados por todo canto. Um cantinho de leitura, fogo crepitando nas lareiras  ( frio é algo que eles dominam, pode acreditar!!) um bar com iluminação a lampião de gás, e outros atributos que o tornam um dos lugares mais charmosos em que nos hospedamos no decorrer desta viagem.



Giant´s Causeway
Atravessar a ponte de corda é um desafio

Bushmills é um pequeno vilarejo à beira-mar e próximo a atrações conhecidas da Irlanda do Norte, como o Giant´s Causeway, um mirante salpicado por formações rochosas bastante inusitadas, um cenário com aparência cinematográfica, porém demasiadamente repleta de turistas e que no fundo é apenas para dar uma voltinha, saltitar sobre as rochas e admirar o visual...

Outra atração é o Old Bushmills Distillery, a Antiga Distilaria de Uísque Bushmill, uma instituição secular que fica sediada bem no coração do vilarejo. Lá dentro não é permitido fotografar ( ridículo, pois basta pegar umas garrafas do bom e levar pra casa, onde você fotografa à vontade...) e as visitas guiadas acontecem várias vezes por dia, mas é preciso agendar. O próprio concierge do hotel ficará contente em prestar este serviço. O tour dura uns 45 minutos ( é meio chato, confesso) e você se familiariza com todo o procedimento para a fabricação desta bebida que pode ser encontrada nas melhores prateleiras de liquor stores mundo afora.

O whisky famoso de Bushmills


Murais pintados com personagens
Mais emocionante é o Carrick-a-Rede Rope Bridge, uma ponte de corda de pouco mais de 20 metros de extensão e que separa uma rocha de outra, 30 metros acima das ondas. Os pescadores de outrora a usavam como suporte para trazer os peixes para terra firme, porém agora são mais os turistas que se aproveitam para desafiar o medo da altura e testar o seu equilíbrio. Paga-se, é evidente, para ir de um lado ao outro, enquanto alguém está sempre pronto pra registrar a cena.
Cada ilustração é personalizada e original

Interessante mesmo é a chegada lá, pois pra chegar até esta ponte você precisa caminhar um pouco por uma trilha demarcada colada à falésia e com um visual estupendo. No final da tarde é um espetáculo com direito ao pôr-do-sol.

O próprio vilarejo de Bushmills é uma gracinha, consiste de uma Main Street e basta. Algum comércio mas nada muito tentador, a atmosfera é típica de lugar pequeno, bastante isolado de cidades maiores e pouca gente nas ruas. Quando for sair do hotel pra dar uma volta a pé - o  Bushmills fica bem localizado - não deixe de observar os trompe-l ´oeil  - pinturas feitas nas fachadas, nas portas e nos muros das casas retratando alguma cena rural, urbana ou fictícia...

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Ritz Four Seasons Lisboa, Lisboa, Portugal



Eu de cara já me hospedava em qualquer Four Seasons só por causa do café da manhã. Claro, é a refeição mais importante do dia, tem um provérbio que clama que a gente tem que como um mendigo à noite, como um príncipe no almoço e como um rei no café da manhã! E o Four Seasons, seja lá onde for,  parece que captou essa linha e deixa a criatividade rolar no suculento, estupendo, num inigualável bufê que já esbanja aroma e sabor desde às 6 da manhã. E mais um brunch ainda mais pantagruelesco aos domingos!!

Em Lisboa não é diferente. Salvo que você salva o peso na sua consciência indo pro terraço, onde fica a academia e o spa. São aparelhos modernos, de última geração e ainda dá pra curtir uma aulinha de pilates no reformer ( peça um personal para orientá-lo) ou outros quitutes de musculação. e ainda nadar...Até mesmo pode pedir um lanchinho gastronomicamente correto para aquele ambiente , que será levado até você lá na academia. Claro, com bem menos calorias do que o bufê lá de baixo. Isso, se você ainda tiver apetite...
Castelo de São Jorge lá no fundo...


Ainda por cima, você pode fazer um jogging na pista que circunda o terraço, várias voltas...está tudo bem demarcado, e assim é capaz de você ficar saciado e pronto pra próxima refeição. Que pode ser até o japonês dentro do próprio hotel. E embora só tenha mencionado o lado culinário, vou fazer um rápido adendo sobre as suítes, que tamanho nem é mais documento, mas o conforto extremo faz jus ao lendário luxo da rede,  cujo serviço irrepreensível é também  um dos quesitos a mais.

Divertido e realmente inusitado.
Mas, vamos ao que podemos fazer do lado de fora, explorar uma cidade que se ergueu num patamar extraordinário do ponto de vista de fluxo turístico, bem merecido. Como fazer diferente da maioria dos mortais que visitam Lisboa? Então, o próprio hotel oferece um dos programas bem extravagante, que é o passeio de side car. Para quem não se lembra, é uma moto com um lugar para um passageiro sentado num aparato acoplado à moto, mas onde ele pode esticar as pernas e não corre risco de cair ou escorregar. Fica com as mãos livres pra tirar foto e...acenar pras pessoas, que faz parte da conduta do carona, e porque acaba que você vai  virar foco de atenção. Mas , não é qualquer sidecar : estes modelos são originais da 2ª Guerra Mundial, originais motos russas... e insólitas. Muito diferente, clássicos, vintage, chama do que for. Você vai lá dentro, confortável, impertubável. Acesse www.sidecartouring.co.pt  pra dar uma olhada nestas geringonças. O plano é percorrer a cidade e seus pontos mais famosos, do rio Tejo ao Castelo de São Jorge, se embrenhando em pequenas ruelas estreitas por onde nem passa veiculo algum, e muitas vezes é só pedir que o seu piloto vai encostar pra você poder sair e tirar fotos.
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Percorra Lisboa inteira confortavelmente instalado no sidecar.