quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Wellington Hotel , Madrid, Espanha


Na Plaza Mayor, o segway tem perfeita liberdade para circular entre os turistas e atrações


Acredite se quiser, mas qualquer pessoa pode aprender a andar de Segway em menos de 10 minutos. Digamos que esta maravilhosa bugiganga móvel  - que pode ser descrita como uma fusão entre um scooter e uma patinete , é como as estórias em quadrinhos do Tintim : apropriada para qualquer pessoa de 7 a 77 anos de idade. 


Este meio de transporte individual, impulsionado eletricamente e computadorizado, foi inventado por um milionário americano, e é, no mínimo, uma revolução no conceito de locomoção, pois imita o equilíbrio do corpo humano e obedece às suas nuanças, por mais sutis que sejam. Com uma simples inclinação, o condutor se movimenta para frente (e para trás também), e faz curvas para a esquerda e direita puxando, empurrando ou virando o guidão com um leve toque das mãos, para onde desejar. E, para frear, basta inclinar levemente o corpo para trás.


 No fundo, é como andar, só que o Segway tem rodas ao invés de pernas, motor ao invés de músculos e microprocessadores ao invés de cérebro. Fácil, né?  E nada mais apropriado e ecologicamente correto para explorar uma cidade como Madrid, por exemplo, onde é permitido transitar de Segway pelas ruas, nas calçadas em meio aos transeuntes, e ao mesmo tempo se embrenhar com toda a liberdade pelos parques, becos e praças onde os carros são proibidos. “ A bordo”  desse meio de transporte original e divertido, é possível fugir da multidão de pedestres e percorrer comodamente os cartões postais da capital espanhola, como Plaza Mayor, Palácio Real, parque do Retiro, Plaza do Sol , Plaza de España e muitos outros recantos.
Catedral Almudena, um dos sítios visitados e com pouca afluência de turistas.


 Falando em recantos, é preciso achar um pouso em Madrid para antes e depois. Nada melhor que uma grande dama como o Wellington, um hotel cinco estrelas que combina tradição com comodidade. Pode não esbanjar o charme de um boutique hotel, até porque ele é grande demais pra ostentar esse rótulo, mas é agradável pois as acomodações são generosas e as tarifas atraentes se você pesquisa com cuidado e reserva com antecedência.


Além do mais, fica bem no centrinho, ao lado das calles Serrano e Goya, onde o comércio floresce e abastece o mais exigente espírito comprador. Tem desde lojinhas carismáticas a grandes marcas como Prada, Gucci, entre outras. Tem pra todos os bolsos e desejos. A Praça Colón também está pertinho, basta um bom par de sapatos pra rodar todas as atrações da cidade. Mas, isso ainda vale mais fazer de segway.

  

São vários itinerários oferecidos pelas empresas especializadas, durante o ano inteiro, com até duas ou mais saídas por dia. A duração média é de 90 minutos, incluindo os 15 minutos de aula prática, durante os quais o guia ensina os mecanismos básicos para manusear o Segway. Mas quem quiser fazer algo sob medida também pode contratar um tour particular. 

Há também algo mais inusitado, como a Ruta Gastronômica, que dura até 4 horas, isso porque o passeio é intercalado com algumas paradas estratégicas em bares de tapas ou tabernas típicas para degustar especialidades locais e bebericar umas cañas, marca registrada dos charmosos estabelecimentos de Madrid. Entre os petiscos e o chope geladíssimo, o grupo desliza confortavelmente pelas calles da capital. Em tempo: durante esse passeio, pode beber a vontade, pois o Segway é o único veículo que não está submetido à lei seca!  Quer tentar a sorte? Entre no site www.urbanmovil.com 


Porta de Toledo, um dos caminhos entre os itinerários



domingo, 22 de outubro de 2017

Nira Alpina, Silvaplana, Engadines, Suíça

Silvaplana, ao lado de St. Moritz, tem atributos semelhantes sem o agito.
Jardim particular defronte da suíte no térreo do Nira Alpina.

A estação de esqui de St Moritz tem uma fama secular e atrai milhares de turistas no inverno. Cercada de lagos e florestas, ao pé de uma estonteante cadeia de montanhas na região de Engadines, o resort sempre se classificou entre os dez mais cobiçados pelo jet set internacional e celebridades afins, bilionários e esportistas. Silvaplana, sua vizinha localizada a apenas 6 quilômetros do bochicho, permaneceu na encolha, sem muito glamour, porém desfrutando da mesma paisagem e do entorno privilegiado que é a própria natureza.


Trio de gelatos no restaurante do Nira Alpina.

Quando eu era bem pequena, passávamos férias em St. Moritz, passeando pelo então muito menos badalado vilarejo, hospedados em um daqueles "palace" que no final da década de 50 e início dos anos 60 eram os hotéis que se destacavam naquele cenário helvéticos. Não havia tanta escolha como hoje em dia, quando as opções atendem a quase todos os orçamentos.
Não me recordo das pistas nem das condições , apenas revejo as fotos em preto e branco tiradas com uma polaroid e vagas lembranças vêm à tona. St. Moritz ficou na lembrança como tantas outras estações de esqui. Só voltei lá quatro décadas depois, pra assistir ao White Turf, um evento que ocorre anualmente há mais de um século  e que atrai milhares de espectadores para a beira de um lago gelado onde se realizam as famosas corridas de cavalo e provas equestres de alto gabarito. Fui duas vezes em fevereiro, que é quando acontecem - de fato, nos últimos três domingos do mês.
A estação, é óbvio, fica abarrotada. Não se encontra vaga em hotel algum e quem tiver planos para assistir ao show deve fazer reservas com bastante tempo de antecedência. A não ser que decida sair um pouco do centro e ir até Silvaplana. Há pouco mais de dois anos inaugurou o Nira Alpina, um cinco estrelas estupendo com todos as suítes viradas para as montanhas. Moderno e jeitoso,de extremo bom gosto e acomodações mega confortáveis, o Nira ainda acumula mais um importantíssimo atributo: é o único hotel ski-in, ski-out de toda a estação. Ou seja, você dispensa carro, ônibus, traslado e qualquer outro meio de locomoção para chegar nas pistas!! Saiu da porta do hotel e já entra no bondinho direto pra subir até o topo da montanha.  Melhor do que isso, só dois isso...


Esse ano a visita estava com outro entorno: era verão e ao invés de neve havia flores por todos os lados. O Nira Alpina se destacava no panorama pela estética clean que se mescla com harmonia à paisagem. Não é um hotel chamativo, e a sua discrição contribui para a sua elegância.  Na redondeza, turistas perambulavam na beira do lago, e muita gente praticava kite e windsurfe. O calor era intenso e algumas pessoas aproveitavam para se banhar nas águas cristalinas do lago. Bicicletas tomavam conta das ciclovias e no transito não faltavam motocicletas gigantescas que percorriam a orla com vagar, apreciando a beleza do cenário.
Suíte do térreo com varandinha e jardim

As suítes do térreo ainda ganham um jardim, com direito a privacidade. E no térreo ainda fica o depósito dos esquis... Amplas e muito confortáveis, com cantinho para leitura e uma boa tela plana, um banheiro grande e, mais ainda, um roupão de matar de inveja qualquer um. Basta dizer que não deu pra resistir e comprei um, na hora do check-out. Dessas coisas que você não consegue resistir!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Wild Earth Lodge, Makarora, Nova Zelândia


Room with a view: o olhar se perde pelos campos e montanhas em Makarora.



Daquelas coisas que acontecem com viajantes easy riders: o inesperado. Surpresas boas, como encontrar uma pousada fora do percurso que surpreende em vários quesitos. Estávamos nós na ilha sul da Nova Zelândia, iniciando uma viagem de motocicleta que iria durar cerca de uma semana, visitando inúmeros locais, cidadezinhas, se embrenhando por estradas sinuosas beirando o mar ou as montanhas.




Alguém tinha mencionado essa pousada Wild Earth Lodge, incluindo até a gentileza e hospitalidade dos proprietários. Consegui, ainda em Queenstown, falar com Peter, o dono, que me respondeu com amabilidade e simpatia, de que teria um quarto pra gente sim. Ao pegar a  estrada, não tínhamos muita certeza do endereço, pois supostamente essa cabana se encontra quase que no meio do nada, afastada da estrada e pouco sinalizada.

Rusticidade aliada a conforto e a hospitalidade genuína são atributos desta Lodge.

Mas, sorte de motoqueiros, conseguimos localizá-la após alguns erros...antes que caísse a noite, porque ninguém consegue encontrar nada no escuro. No momento em que entrávamos na fazenda - sim, porque não deixa de ser uma fazendola muito rústica, charmosa e com cara de casa de amigos - o proprietário estava de saída. Ao vir ao nosso encontro, ele nos convidou pra se juntar a ele e  jantar num restaurante próximo, pois não tinha outra saída pra saciar a fome.


Steve é um personagem muito cativante, que imediatamente se atracou numa conversa sobre a região, o estilo de vida, do que ele fazia e se mostrou muito interessado em saber também sobre nós. O jantar foi regado a cerveja e ficou animado. Voltamos para casa já cansados e prontos pra dormir. O nosso quarto era a coisa mais aconchegante do mundo, cheio de detalhes na decoração e com uma vista de tirar o fôlego - montanhas, muito verde, campo e animais.

Na manhã seguinte, ele nos levou para dar uma caminhada pela redondeza. Pastagens, paisagens bucólicas e tudo muito preservado nesta região me chamou a atenção. A vida ao ar livre é uma opção de muitos fazendeiros que deixaram a cidade pra viver no campo, com menos mordomias mas uma qualidade de vida invejável.

Pescadores desfrutam da tranquilidade e privacidade de um lago ao pé das montanhas.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Belmond La Residencia, Déa, Islas Baleares


Chegar na praia exige uma pequena caminhada por uma trilha no campo.

Já tem uma década que visitei o pitoresco vilarejo de Deià, a apenas 35 quilômetros de Palma de Mallorca mas a uma eternidade de distancia do bochicho deste famoso balneário. Ainda não estava no pico do verão, mas fazia um calor de bode. No entanto, a localidade, encravada aos pés da Sierra Tramuntana, nos abençoou com aquela brisa gostosa, que deixa você feliz e curtindo as altas temperaturas de julho.

Me lembro que foi naquela época em que tive minha primeira relação afetiva com um Smart, alugado no aeroporto. Era um brinquedinho e assim foi uma experiência bem divertida. Parece que você não está propriamente dirigindo um carro, mas sim um brinquedo, como aqueles que existem num parque de diversão, tipo carrinhos de empurra-empurra, algo mais ou menos assim...Eu tive essa sensação. Porém, o micro Smart não desaponta e pra encarar aquelas estradinhas sinuosas do interior da ilha, nada mais apropriado. O difícil é enfiar uma mala pois mal cabem as pernas!



Ficamos regiamente hospedadas no Belmond La Residencia, um cinco estrelas que encanta à primeira vista. O vilarejo é um charme, com artistas e ateliês, lojinhas e restaurantes.  O hotel, além de piscinas, quadras de tênis, tem um dos melhores spas da ilha, e um restaurante super conceituado, o El Olivo. O café da manhã é monumental e delicioso.
Além de curtir o hotel e todas as mordomias - apesar que não conseguimos fazer sequer uma massagem pois tudo estava reservado - também precisa ir até a praia, um tanto afastada, e de pedra, mas cuja transparência da água vale o esforço. Descemos a pé por uns campos e pastos até chegar lá, depois subimos ( a pé) por uma estradinha pra voltar ao hotel. Uma boa caminhada recompensada por um refrescante mergulho no mar.


Passear pela redondeza também vale como um bom programa, alguns vilarejos, como o próprio Deiá, tem um comércio charmoso, com lojinhas de artesanato, roupas de designers locais com um toque de exclusividade. Me recordo que a minha mala tinha sido extraviada em Madrid e portanto não tinha nada além da roupa do corpo. Um vestido preto comprado por 10 euros foi a minha salvação pra me apresentar com dignidade no sofisticado restaurante do hotel.

Vista da suíte do La Residencia



segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Thurner´s Alpenhof, Zürs, Áustria

Muitos quilômetros de pistas explorando cada ângulo das montanhas para esquiadores exigentes

A neve é um dos melhores atributos de Zürs

E´ verdade que a memória da gente engana qualquer mortal. Dizem que quando você tem lembranças fantásticas de um lugar nunca mais deve voltar lá. Eu discordo em parte, porque gosto de curtir novamente o que me deixou feliz,  embora algumas vezes fiquei decepcionada quando retornei a uma cidade, a um restaurante, a uma praia ou a um hotel. E, ocasionalmente, acabo ficando encima do muro, sem saber se gostava mais do que era antes ou das modificações ocorridas.

Rodeado por uma paisagem fenomenal, o esquiador se inspira e explora cada cantinho das pistas



Nova interligação entre St Anton e Zürs atrai centenas de esquiadores 
A neve em Zürs, sem sombra de dúvida, é uma das coisas que se destacam neste vilarejo composta apenas de meia dúzia de hotéis estrelados, todos aplicando o regime de meia-pensão, proximidade aos ski lifts e facilidades para guardar o equipamento. As pistas emolduram tudo, em cada lugar que você joga os olhos vai ver uma. Que desembocam dentro de Zürs. Ski-in,ski-out, como se define esta mordomia. Ou seja, ninguém precisa caminhar mais de 5 minutos pra sentar numa cadeirinha ou entrar no bondinho. E estas instalações interligam o restante das estações vizinhas, como Zuga, Lech, St Anton, St Christoph, que emolduram esta região conhecida como Arlberg. Em tempo: lá você pode esquiar até a última semana de abril. Já vai se planejando pro ano que vem...

O vilarejo de Zürs visto de cima da montanha, a quase 3000 m de altitude

Lech, muita animação a qualquer hora do dia e da noite

Azuis, pretas, vermelhas...Em outras palavras, Intermediárias, difíceis e médias. Fáceis, nenhuma... No entanto, são todas longas, largas, bem desenhadas e bastante íngremes. Não chega a ser um passeio no bosque, como em outras estações. Zürs é pra purista, aquele esquiador que vai dormir só com uma idéia na cabeça - acordar o mais cedo possível pra ser o primeiro a deslizar pelas pistas recém-grumadas pelas máquinas. Você não vê muita gente fazendo tele-ski, por exemplo. Pra quem nunca viu ou nunca ouviu falar, são  aqueles esportistas alucinados e com a resistência de um touro miúra que vão subindo a pista com os esquis nos pés , em passos lentos cadenciados - imagine uma inclinação de 30 graus no mínimo, gravidade contra, resistência da neve,,, e você subindo a ladeira ! Haja coração! Eles aparecem como lilliputs desafiando a gravidade, porque aqui as pistas são,como eu disse, íngremes.



Cada estação inventa um circuito ( ou mais de um) e rotula cada  deles com um nome pomposo, que soa bem aos ouvidos. Tipo Weiss Circuit (Circuito Branco, traduzindo ao pé da letra). Outro se chama Circuito da Fama, que reverencia a celebridade que o criou - já viu que é melhor não  tentar muito imitar, estamos falando de um itinerário de nada menos que 65 quilômetros. Quando a gente esquia muito, penso em 20 quilômetros e olhe lá! As perninhas já ficam parecendo gelatina. Felizmente, o Alpenhof oferece aulas de alongamento no final da tarde que é pra desempenar o esqueleto moído.

Detalhe de igreja em Lech

Comer na montanha é também um desafio: de longe os terraços dos restaurantes parecem formigueiros, de tanto esquiador que apeia pra sentar nos bancos de madeira e ficar tomando cerveja, comer wrust ( salsichas) e aproveitar a temperatura amena e o sol pra pegar um bronze. Você vê até gente de regata jiboiando em espreguiçadeiras. E isso não apenas nos terraços dos restaurantes, mas em alguns mirantes onde desembocam os bondinhos. Aí você relaxa por alguns instantes, antes de encarar novamente as pistas.



bufê no  café da manhã do Alpenhof

Fachada do hotel Alpenhof
Zug, um dos pequenos resorts de esqui, ao alcance por esqui.



Bem comer sobre esquis também depende do gosto de cada um. Quem gosta de comer bem prepare-se pra fazer reservas com antecedência no Verwallstube Galzig, em St. Christoph , a poucas montanhas de Zürs. Esse tal de Galzig é um restaurante com  um ambiente incrível, vista panorâmica ( reserve na varanda ) e comida sofisticada e deliciosa, servida com esmero. Mas, outros lugares, como o Hospiz Alm, também tem suas características e certamente são animados na hora do almoço. Dezenas de esquiadores largam seus esquis defronte ao restaurante, formando um tapete colorido.




A imensidão da cadeia de montanhas emolduram uma paisagem feérica

domingo, 27 de agosto de 2017

Pousada da Terra, Serra da Bocaina, Brasil

A vista sobre Angra dos Reis desde a Cachoeira do Bracuhy é impressionante - e desafiadora.


Tem lugares que se conservam intactos com o passar dos anos. A modernização não consegue atingi-los, muito menos a internet e qualquer sinal de telefonia celular. São pequenos oásis que se mantêm num patamar abrigado até da civilização. A Serra da Bocaina  é um destes redutos de enormes proporções, encravada na Mata Atlântica. Mas isso não significa estar fora de alcance, ou  escondido no meio do nada, pois está localizado a 1200 metros acima do nível do mar, e apenas a  300 quilômetros do Rio de Janeiro e 470 de São Paulo, a 1200 metros acima do nível do mar, esta região exala a pureza de um ambiente que nunca se deixou contaminar com os efeitos do tempo, da globalização, da poluição sonora ou visual.

 E olha que não estamos tão longe de Paraty ( 49 km), Penedo ou até Angra dos Reis.
Aproveitando um feriadão, zarpamos rumo à Bananal, cidadezinha de interior que fica ao pé da Serra da Bocaina e que tem lá seus resquícios históricos, como uma locomotiva antiga e um terminal de estação ferroviária, ambos que datam de 1889.
Embora já tivessem se passado mais de 20 anos desde a nossa última visita, não houve nenhuma mudança significativa no ritmo pacato de Bananal, salvo a atmosfera mais animada devido a eventos festivos como encontro de motociclistas oriundo de várias outras localidades vizinhas e algumas procissões religiosas devido ao feriadão de Corpus Christi.

Cena rural na antiga cidade de Bananal

A mudança mais significativa na região foi o asfaltamento da estrada que leva de Bananal até o alto da Serra, com paisagens de tirar o fôlego e antigas fazendas. São pouco mais de 30 quilômetros até o alto da serra, muito bem demarcados e com um traçado em zigue-zague capaz de estontear os mais sensíveis à altura. A temperatura vai se modificando a cada curva, e no verão o calor é amenizado. No inverno, pode até cair uma geada e não são raros os dias em que o termômetro despenca para alguns graus negativos. Há quem desfrute com muito prazer esta sensação de estar, literalmente, em outro hemisfério. Melhor sempre se precaver e levar bastante agasalho.

A Pousada da Terra, encontrada após bisbilhotar a internet, funciona já há alguns anos por um simpático casal, Lili e Bruno. Ele se radicou na Serra da Bocaina após transformar a antiga morada dos seus pais em uma acolhedora pousada. Com chalés individuais, decorados com gosto e diferenciados, os hóspedes têm um leque interessante de opções. As famílias com crianças pequenas, como estávamos, são brindadas com uma casita de dois quartos, sala, cozinha, dois banheiros, televisão e uma lareira - item imprescindível naquela região, onde até mesmo durante o verão faz um friozinho básico.

Pousada da Terra e seus chalés individuais garantem privacidade total e relaxamento diante de uma paisagem fascinante.


E o que tem pra fazer naquelas bandas?  Levando em conta de que pode chover a qualquer momento e época do ano, é bom se planejar para eventual "chá de pousada". Ou seja, embora tenha videos e jogos à disposição dos hóspedes, leve seu baralho, seus brinquedos ( se for com criança) , um bom livro e filmes pra assistir. O wifi funciona razoavelmente então dá pra acessar a internet. Mas, claro, você não vai à um lugar tão abençoado pela natureza pra ficar enfurnado no chalé surfando a internet. Pelo contrário, leve também uma capa de chuva pra encarar os caprichos do tempo e poder caminhar mesmo debaixo d´água. Se você não é feito de açúcar, então é problema zero.  Na volta do passeio, entre na sauna da pousada e se reenergize pra ficar novo em folha.

Pesca da truta em pesqueiros próximos
passeio de caiaque pela represa



Cachoeiras estão sempre no caminho.

Ah, tem um restaurante bastante concorrido na região. E´ o da Bruna, uma personagem (quase) endêmica da Serra da Bocaina. A Bruna mantém uma cozinha à base de forno a lenha com especialidades mineiras-regionais. De mel a biscoitos caseiros, passando pelo inevitável arroz e feijão, não falta a truta - peixe fartamente criada na região. Ela vem grelhada, com ou sem molho, e seu sabor é de fato especial. Também servem alguns petiscos bem apetitosos e uma cachaça feita em casa. O restaurante vive cheio, principalmente nos finais de semana e feriadões.
A partir do restaurante da Bruna, já não há asfalto. Então já leve em conta que carros comuns não conseguem galgar alguns recantos da serra, principalmente se for procurar locais para praticar a pesca da truta. Alguns trechos são praticamente intransponíveis e um carro 4x4 tem que ter um motorista com destreza. Uma distração pode causar transtornos e sinal de celular por ali nem sempre é evidente.
Mas a Serra da Bocaina encanta. E conquista adeptos. Se você é aficionado por trilhas que desembocam sobre panoramas de tirar o fôlego, então esse destino é talhado sob medida. Cachoeiras não faltam na paisagem e de qualquer lugar que você saia, sempre vai encontrar um cenário bucólico e intocado.

Passarinhos coloridos ornamentam a paisagem.