domingo, 22 de outubro de 2017

Nira Alpina, Silvaplana, Engadines, Suíça

Silvaplana, ao lado de St. Moritz, tem atributos semelhantes sem o agito.
Jardim particular defronte da suíte no térreo do Nira Alpina.

A estação de esqui de St Moritz tem uma fama secular e atrai milhares de turistas no inverno. Cercada de lagos e florestas, ao pé de uma estonteante cadeia de montanhas na região de Engadines, o resort sempre se classificou entre os dez mais cobiçados pelo jet set internacional e celebridades afins, bilionários e esportistas. Silvaplana, sua vizinha localizada a apenas 6 quilômetros do bochicho, permaneceu na encolha, sem muito glamour, porém desfrutando da mesma paisagem e do entorno privilegiado que é a própria natureza.


Trio de gelatos no restaurante do Nira Alpina.

Quando eu era bem pequena, passávamos férias em St. Moritz, passeando pelo então muito menos badalado vilarejo, hospedados em um daqueles "palace" que no final da década de 50 e início dos anos 60 eram os hotéis que se destacavam naquele cenário helvéticos. Não havia tanta escolha como hoje em dia, quando as opções atendem a quase todos os orçamentos.
Não me recordo das pistas nem das condições , apenas revejo as fotos em preto e branco tiradas com uma polaroid e vagas lembranças vêm à tona. St. Moritz ficou na lembrança como tantas outras estações de esqui. Só voltei lá quatro décadas depois, pra assistir ao White Turf, um evento que ocorre anualmente há mais de um século  e que atrai milhares de espectadores para a beira de um lago gelado onde se realizam as famosas corridas de cavalo e provas equestres de alto gabarito. Fui duas vezes em fevereiro, que é quando acontecem - de fato, nos últimos três domingos do mês.
A estação, é óbvio, fica abarrotada. Não se encontra vaga em hotel algum e quem tiver planos para assistir ao show deve fazer reservas com bastante tempo de antecedência. A não ser que decida sair um pouco do centro e ir até Silvaplana. Há pouco mais de dois anos inaugurou o Nira Alpina, um cinco estrelas estupendo com todos as suítes viradas para as montanhas. Moderno e jeitoso,de extremo bom gosto e acomodações mega confortáveis, o Nira ainda acumula mais um importantíssimo atributo: é o único hotel ski-in, ski-out de toda a estação. Ou seja, você dispensa carro, ônibus, traslado e qualquer outro meio de locomoção para chegar nas pistas!! Saiu da porta do hotel e já entra no bondinho direto pra subir até o topo da montanha.  Melhor do que isso, só dois isso...


Esse ano a visita estava com outro entorno: era verão e ao invés de neve havia flores por todos os lados. O Nira Alpina se destacava no panorama pela estética clean que se mescla com harmonia à paisagem. Não é um hotel chamativo, e a sua discrição contribui para a sua elegância.  Na redondeza, turistas perambulavam na beira do lago, e muita gente praticava kite e windsurfe. O calor era intenso e algumas pessoas aproveitavam para se banhar nas águas cristalinas do lago. Bicicletas tomavam conta das ciclovias e no transito não faltavam motocicletas gigantescas que percorriam a orla com vagar, apreciando a beleza do cenário.
Suíte do térreo com varandinha e jardim

As suítes do térreo ainda ganham um jardim, com direito a privacidade. E no térreo ainda fica o depósito dos esquis... Amplas e muito confortáveis, com cantinho para leitura e uma boa tela plana, um banheiro grande e, mais ainda, um roupão de matar de inveja qualquer um. Basta dizer que não deu pra resistir e comprei um, na hora do check-out. Dessas coisas que você não consegue resistir!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Wild Earth Lodge, Makarora, Nova Zelândia


Room with a view: o olhar se perde pelos campos e montanhas em Makarora.



Daquelas coisas que acontecem com viajantes easy riders: o inesperado. Surpresas boas, como encontrar uma pousada fora do percurso que surpreende em vários quesitos. Estávamos nós na ilha sul da Nova Zelândia, iniciando uma viagem de motocicleta que iria durar cerca de uma semana, visitando inúmeros locais, cidadezinhas, se embrenhando por estradas sinuosas beirando o mar ou as montanhas.




Alguém tinha mencionado essa pousada Wild Earth Lodge, incluindo até a gentileza e hospitalidade dos proprietários. Consegui, ainda em Queenstown, falar com Peter, o dono, que me respondeu com amabilidade e simpatia, de que teria um quarto pra gente sim. Ao pegar a  estrada, não tínhamos muita certeza do endereço, pois supostamente essa cabana se encontra quase que no meio do nada, afastada da estrada e pouco sinalizada.

Rusticidade aliada a conforto e a hospitalidade genuína são atributos desta Lodge.

Mas, sorte de motoqueiros, conseguimos localizá-la após alguns erros...antes que caísse a noite, porque ninguém consegue encontrar nada no escuro. No momento em que entrávamos na fazenda - sim, porque não deixa de ser uma fazendola muito rústica, charmosa e com cara de casa de amigos - o proprietário estava de saída. Ao vir ao nosso encontro, ele nos convidou pra se juntar a ele e  jantar num restaurante próximo, pois não tinha outra saída pra saciar a fome.


Steve é um personagem muito cativante, que imediatamente se atracou numa conversa sobre a região, o estilo de vida, do que ele fazia e se mostrou muito interessado em saber também sobre nós. O jantar foi regado a cerveja e ficou animado. Voltamos para casa já cansados e prontos pra dormir. O nosso quarto era a coisa mais aconchegante do mundo, cheio de detalhes na decoração e com uma vista de tirar o fôlego - montanhas, muito verde, campo e animais.

Na manhã seguinte, ele nos levou para dar uma caminhada pela redondeza. Pastagens, paisagens bucólicas e tudo muito preservado nesta região me chamou a atenção. A vida ao ar livre é uma opção de muitos fazendeiros que deixaram a cidade pra viver no campo, com menos mordomias mas uma qualidade de vida invejável.

Pescadores desfrutam da tranquilidade e privacidade de um lago ao pé das montanhas.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Belmond La Residencia, Déa, Islas Baleares


Chegar na praia exige uma pequena caminhada por uma trilha no campo.

Já tem uma década que visitei o pitoresco vilarejo de Deià, a apenas 35 quilômetros de Palma de Mallorca mas a uma eternidade de distancia do bochicho deste famoso balneário. Ainda não estava no pico do verão, mas fazia um calor de bode. No entanto, a localidade, encravada aos pés da Sierra Tramuntana, nos abençoou com aquela brisa gostosa, que deixa você feliz e curtindo as altas temperaturas de julho.

Me lembro que foi naquela época em que tive minha primeira relação afetiva com um Smart, alugado no aeroporto. Era um brinquedinho e assim foi uma experiência bem divertida. Parece que você não está propriamente dirigindo um carro, mas sim um brinquedo, como aqueles que existem num parque de diversão, tipo carrinhos de empurra-empurra, algo mais ou menos assim...Eu tive essa sensação. Porém, o micro Smart não desaponta e pra encarar aquelas estradinhas sinuosas do interior da ilha, nada mais apropriado. O difícil é enfiar uma mala pois mal cabem as pernas!



Ficamos regiamente hospedadas no Belmond La Residencia, um cinco estrelas que encanta à primeira vista. O vilarejo é um charme, com artistas e ateliês, lojinhas e restaurantes.  O hotel, além de piscinas, quadras de tênis, tem um dos melhores spas da ilha, e um restaurante super conceituado, o El Olivo. O café da manhã é monumental e delicioso.
Além de curtir o hotel e todas as mordomias - apesar que não conseguimos fazer sequer uma massagem pois tudo estava reservado - também precisa ir até a praia, um tanto afastada, e de pedra, mas cuja transparência da água vale o esforço. Descemos a pé por uns campos e pastos até chegar lá, depois subimos ( a pé) por uma estradinha pra voltar ao hotel. Uma boa caminhada recompensada por um refrescante mergulho no mar.


Passear pela redondeza também vale como um bom programa, alguns vilarejos, como o próprio Deiá, tem um comércio charmoso, com lojinhas de artesanato, roupas de designers locais com um toque de exclusividade. Me recordo que a minha mala tinha sido extraviada em Madrid e portanto não tinha nada além da roupa do corpo. Um vestido preto comprado por 10 euros foi a minha salvação pra me apresentar com dignidade no sofisticado restaurante do hotel.

Vista da suíte do La Residencia