segunda-feira, 2 de maio de 2016

Estancia Dos Lunas, Todos Los Santos, Ischillin, Argentina


Emoção à flor da pele durante cavalgadas na região de Alto Ongamira

Aninhada no coração de um vale a 1300 metros de altitude, entre morros e colinas, a região do Alto Ongamira está naturalmente isolada e abrigada do turismo de massa. Estamos falando de uma região montanhosa a 120 quilômetros de Córdoba, centro oeste da Argentina, onde os programas mais emocionantes são ao ar livre: passeios de quadriciclo, cavalgadas ou caminhadas dentro de um cenário idílico.
Dos Lunas, hospedagem com herança inglesa

Mejor ainda é se hospedar como realeza e não como caubóis...Na Estancia Dos Lunas o ambiente é quase todo britânico não fosse o asador e os asados.
As acomodações são
grandiosas, lareira pra criar um clima, banheiro cheio de amenidades, camas enormes e confortáveis, um sem-número de cobertores pra nos
proteger do frio da região - que não é mole! Autêntica construção do século 19, tudo é muito requintado, mas sem
ser nada pedante.
O chá das cinco acontece todas as tardes, com todos aqueles bolinhos e scones que o legendário hábito requer. O figurino também segue os moldes do antigos donos desta estupenda fazenda, que se mantém ativa e recebe seus seletos hóspedes em poucas acomodações. All inclusive no mais saboroso sentido da palavra, as refeições são criativas e copiosas.  O maior trunfo da estancia, cujo objetivo é atrair cavaleiros em busca de aventura genuina,  é colocar à disposição uma impecável tropa de animais. Ideal para aqueles que enaltecem cavalgadas no meio da natureza. Galopar no meio destes campos e apreciar os panoramas que circundam as montanhas é um privilégio que pretendo repetir em breve. 



 Como maior atributo, a região do Alto Ongamira ostenta um espaço ideal para todo tipo de aventura ao ar livre, especialmente as cavalgadas que propiciam itinerários fantásticos, durante as quais se explora cada trilha da redondeza. E por onde não passa quase ninguém. Para os aficionados do ecoturismo ou em busca de sossego, o local é perfeito. O cenário, totalmente bucólico, é formado pelos rebanhos e as manadas pastando tranquilamente nos descampados ou no alto das colinas, driblando um terreno salpicado de pedras e cascalho. O marco mais impressionante é o cerrado Colchequin, que se destaca na paisagem a 1600 metros, mas poucos são os momentos em que se torna visível, porque costuma ficar encoberto sob as nuvens.

Dezenas de trilhas dentro da estancia exploram paisagens múltiplas
No Alto Ongamira há também vastas extensões de terra plana, ideal para pastagens, abundância de água graças aos rios e uma vegetação rasteira. Mas a densidade demográfica do lugar é baixíssima. Basta dizer que conta apenas 40 habitantes para uma área de 40 km2. Ou seja, uma alma por quilômetro quadrado. Dos gauchos locais, a maioria trabalha no campo e mora em fazendolas. Raros são os que trafegam de carro. Eles se deslocam pelo meio de transporte mais adequado para o solo pedregoso: sobre o lombo de seus típicos cavalos crioulos. A cidade mais próxima que abastece a redondeza é Jesús María e fica a cerca de 43 quilômetros de distancia, mas no auge do verão, por causa das chuvas, a estrada se torna intransitável e às vezes isola a região por alguns dias.

Muita agilidade dos animais para superar o terreno pedregoso


Por isso a melhor época para fazer um programa de turismo rural é a partir de outubro, quando a temperatura já voltou a alcançar a marca dos dois dígitos. Para quem dispõe de pouco tempo, é viável passar apenas o final de semana na região do Alto Ongamira, hospedando-se em típicas estancias, fazendas em plena atividade, com poucos quartos e muitas mordomias: boa comida, serviço impecável e o requinte da rusticidade portenha. Todas oferecem um farto leque de atividades, mas focam principalmente nos programas a cavalo, com possibilidade de pernoite em campo aberto para os mais aventureiros. A maioria das estâncias é manejada pelos proprietários, o que confere um toque personalizado no atendimento.

formações rochosas impressionantes, um terreno surpreendente e chá com bolinho  à beira do precipício



 A programação inclui caminhadas, mountain bike e também divertidos passeios de quadriciclo em possantes máquinas com tração nas quatro rodas, que podem percorrer de 50 a 80 quilômetros e galgam qualquer terreno. Nelas, se invade os pastos, se corre atrás do gado, se atravessa riachos e se escala morros íngremes sem nenhuma complicação. Mas quem prefere pode passar o tempo descansando, comendo bem, degustando um bom vinho regional e relaxar junto à beira da piscina ou diante da lareira, mesmo nos meses mais quentes do ano. Apesar de sermos vizinhos, a Argentina tem um clima bem diferente do nosso e é bom ter à mão um agasalho para o frio e uma roupa impermeável.

Altos e baixos, mudanças drásticas no cenário no espaço de poucas horas

Os passeios a cavalo podem se estender a gosto do freguês. Com sol ou chuva. O do cerrado Colchequin é o mais atraente dos roteiros equestres  propostos na cartilha do Dos Lunas, por exemplo. Ao contrário do que se possa imaginar, não requer nenhuma habilidade maior para enfrentar esta aventura, mas é necessário ter coragem, pois não há mais nenhuma trilha demarcada, cada um escolhe o seu caminho. Estamos subindo cada vez mais alto e beirando a encosta na qual se delineia um estreito corredor. Do outro lado, há uma ribanceira. Acostumados desde que nasceram a conviver com este tipo de terreno totalmente pedregoso, os animais transitam com desenvoltura neste ambiente ingrato, mas que lhe é familiar. Não cabe mais ao cavaleiro, por mais escolado que seja, a determinar as suas passadas. Cabe agora ao cavalo, ciente do perigo, estudar cada movimento para não tropeçar. 


Na verdade, o terreno é apropriado mesmo para beija-flor.   Passo a passo, chega-se a 1600 metros de altitude e uma visão de 360 graus, quando os olhos se debruçam sobre uma paisagem de tirar o fôlego, certamente um dos panoramas mais impressionantes que a natureza já criou: de um lado, o cerrado Colchequin, imponente e majestoso. Do outro, uma cadeia de montanhas, colinas verdes e rochas. Algumas até parecem ter sido esculpidas, como a do Índio. No horizonte, vales e rios a perder de vista se mesclam e se minguam. O sol reflete os seus raios nas pedras, atiçando as cores num jogo de luz fenomenal. E, exatamente na hora do pôr-do-sol, toma-se o chá das cinco devidamente instalados encima de uma imensa plataforma rochosa. No cardápio, há chá inglês, chimarrão, biscoitos e bolinhos. Estamos pertinho do céu, ladeados por precipícios, longe de tudo e com os olhos fixados até onde a vista alcança.




Um comentário:

  1. Para os amantes das cavalgadas, este programa é certamente uma das aventuras mais emocionantes. E ainda por cima, com toque de charme e luxo na belíssima estancia argentina.

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