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Emoção à flor da pele durante cavalgadas na região de Alto Ongamira |
Aninhada
no coração de um vale a 1300
metros de altitude, entre morros e colinas, a região do
Alto Ongamira está naturalmente isolada e abrigada do turismo de massa. Estamos falando de uma região montanhosa a 120 quilômetros de Córdoba, centro oeste da Argentina, onde os programas mais emocionantes são ao ar livre: passeios de quadriciclo, cavalgadas ou caminhadas dentro de um cenário idílico.
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Dos Lunas, hospedagem com herança inglesa |
Mejor ainda é se hospedar como realeza e não como caubóis...Na Estancia Dos Lunas o ambiente é quase todo britânico não fosse o asador e os asados.
As acomodações são
grandiosas, lareira pra criar um clima, banheiro cheio de amenidades, camas enormes e confortáveis, um sem-número de cobertores pra nos
proteger do frio da região - que não é mole! Autêntica construção do século 19, tudo é muito requintado, mas sem
ser nada pedante.
O chá das cinco acontece todas as tardes, com todos aqueles bolinhos e scones que o legendário hábito requer. O figurino também segue os moldes do antigos donos desta estupenda fazenda, que se mantém ativa e recebe seus seletos hóspedes em poucas acomodações. All inclusive no mais saboroso sentido da palavra, as refeições são criativas e copiosas. O maior trunfo da estancia, cujo objetivo é atrair cavaleiros em busca de aventura genuina, é colocar à disposição uma impecável tropa de animais. Ideal para aqueles que enaltecem cavalgadas no meio da natureza. Galopar no meio destes campos e apreciar os panoramas que circundam as montanhas é um privilégio que pretendo repetir em breve.
Como
maior atributo, a região do Alto Ongamira ostenta um espaço ideal para todo tipo de aventura ao ar livre,
especialmente as cavalgadas que propiciam itinerários fantásticos, durante as
quais se explora cada trilha da redondeza. E por onde não passa quase
ninguém. Para os aficionados do ecoturismo ou em busca de sossego, o local é
perfeito. O cenário, totalmente bucólico, é formado pelos rebanhos e as manadas
pastando tranquilamente nos descampados ou no alto das colinas, driblando um
terreno salpicado de pedras e cascalho. O marco mais impressionante é o cerrado Colchequin, que se destaca na
paisagem a 1600 metros ,
mas poucos são os momentos em que se torna visível, porque costuma ficar
encoberto sob as nuvens.
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Dezenas de trilhas dentro da estancia exploram paisagens múltiplas |
No
Alto Ongamira há também vastas extensões de terra plana, ideal para pastagens,
abundância de água graças aos rios e uma vegetação rasteira. Mas a densidade
demográfica do lugar é baixíssima. Basta dizer que conta apenas 40 habitantes
para uma área de 40 km2. Ou seja, uma alma por quilômetro quadrado. Dos gauchos locais, a maioria trabalha no
campo e mora em fazendolas. Raros são os que trafegam de carro. Eles se
deslocam pelo meio de transporte mais adequado para o solo pedregoso: sobre o
lombo de seus típicos cavalos crioulos. A cidade mais próxima que abastece a
redondeza é Jesús María e fica a cerca de 43 quilômetros de
distancia, mas no auge do verão, por causa das chuvas, a estrada se torna
intransitável e às vezes isola a região por alguns dias.
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Muita agilidade dos animais para superar o terreno pedregoso |
Por
isso a melhor época para fazer um programa de turismo rural é a partir de
outubro, quando a temperatura já voltou a alcançar a marca dos dois dígitos.
Para quem dispõe de pouco tempo, é viável passar apenas o final de semana na
região do Alto Ongamira, hospedando-se em típicas estancias, fazendas em plena atividade, com poucos quartos e muitas
mordomias: boa comida, serviço impecável e o requinte da rusticidade portenha.
Todas oferecem um farto leque de atividades, mas focam principalmente nos
programas a cavalo, com possibilidade de pernoite em campo aberto para os mais
aventureiros. A maioria das estâncias é manejada pelos proprietários, o que
confere um toque personalizado no atendimento.
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formações rochosas impressionantes, um terreno surpreendente e chá com bolinho à beira do precipício |
A programação inclui caminhadas, mountain
bike e também divertidos passeios de quadriciclo em possantes máquinas com
tração nas quatro rodas, que podem percorrer de 50 a 80 quilômetros e
galgam qualquer terreno. Nelas, se invade os pastos, se corre atrás do gado, se
atravessa riachos e se escala morros íngremes sem nenhuma complicação. Mas quem
prefere pode passar o tempo descansando, comendo bem, degustando um bom vinho
regional e relaxar junto à beira da piscina ou diante da lareira, mesmo nos
meses mais quentes do ano. Apesar de sermos vizinhos, a Argentina tem um clima bem
diferente do nosso e é bom ter à mão um agasalho para o frio e uma roupa
impermeável.
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Altos e baixos, mudanças drásticas no cenário no espaço de poucas horas |
Os
passeios a cavalo podem se estender a gosto do freguês. Com sol ou chuva. O do cerrado Colchequin é o mais atraente dos
roteiros equestres propostos na cartilha
do Dos Lunas, por exemplo. Ao contrário do que se possa imaginar, não requer
nenhuma habilidade maior para enfrentar esta aventura, mas é necessário ter
coragem, pois não há mais nenhuma trilha demarcada, cada um escolhe o seu
caminho. Estamos subindo cada vez mais alto e beirando a encosta na qual se
delineia um estreito corredor. Do outro lado, há uma ribanceira. Acostumados
desde que nasceram a conviver com este tipo de terreno totalmente pedregoso, os
animais transitam com desenvoltura neste ambiente ingrato, mas que lhe é
familiar. Não cabe mais ao cavaleiro, por mais escolado que seja, a determinar
as suas passadas. Cabe agora ao cavalo, ciente do perigo, estudar cada
movimento para não tropeçar.
Na verdade, o terreno é apropriado mesmo para
beija-flor. Passo a passo, chega-se a 1600 metros de altitude
e uma visão de 360 graus, quando os olhos se debruçam sobre uma paisagem de
tirar o fôlego, certamente um dos panoramas mais impressionantes que a natureza
já criou: de um lado, o cerrado Colchequin, imponente e majestoso. Do outro,
uma cadeia de montanhas, colinas verdes e rochas. Algumas até parecem ter sido
esculpidas, como a do Índio. No horizonte, vales e rios a perder de vista se
mesclam e se minguam. O sol reflete os seus raios nas pedras, atiçando as cores
num jogo de luz fenomenal. E, exatamente na hora do pôr-do-sol, toma-se o chá
das cinco devidamente instalados encima de uma imensa plataforma rochosa. No
cardápio, há chá inglês, chimarrão, biscoitos e bolinhos. Estamos
pertinho do céu, ladeados por precipícios, longe de tudo e com os olhos fixados
até onde a vista alcança.
Para os amantes das cavalgadas, este programa é certamente uma das aventuras mais emocionantes. E ainda por cima, com toque de charme e luxo na belíssima estancia argentina.
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