sábado, 17 de dezembro de 2016

Seadream Yacht Club, a bordo, mundo afora


Um iate que consegue chegar onde a maioria não aporta.

Na verdade, o nome Seadream já diz tudo: a viagem é um sonho no mar. Mas não é para comparar com nenhuma destas viagens que são alardeadas por aí, porque essa se distancia em milhas náuticas de qualquer outra. Começa pela embarcação, que por ter capacidade para apenas 110 passageiros em 55 cabines, não é um navio e sim um iate. E, por tabela, não faz cruzeiro, faz iatismo. 
amenidades Bulgari no banheiro

Medindo apenas 105 metros, uma das vantagens é ter a liberdade para ancorar em lugares mais aprazíveis e aconchegantes, onde os grandes navios não têm acesso. Mas, sobretudo, fugir da mesmice do turismo de massa oferecendo um serviço personalizado e irrepreensível através do séqüito de 95 tripulantes.

 A gastronomia cinco estrelas está aliada a uma adega com rótulos de peso; por outro lado, o “menu” de serviços do spa asiático, sob os auspícios de profissionais tailandesas, tem um leque de tratamentos e massagens tão extenso que mesmo você fazendo a viagem de ida e volta não daria tempo para experimentar de tudo! Mimos tais como um ipod (já com 500 músicas gravadas) à disposição de cada um dos passageiros e a possibilidade de dormir “ao relento” no convés superior debaixo de edredons felpudos, fazem parte das regalias, assim como o uso de brinquedinhos náuticos – leia-se jet ski, caiaque, banana e esqui aquático.


 Para arrematar,  um simulador de golfe para aqueles aficionados que não querem perder a mão. E, por falar em mão, não podia faltar um casino para se jogar 21.  Não é à toa que, com apenas 5 anos de vida, esta pequena companhia abocanha pelo terceiro ano consecutivo um cobiçado selo de ouro na lista da conceituada Condé Nast Traveler. Traduzindo em miúdos: o Seadream Yacht Club é o que existe de melhor no mundo no quesito viagens de barco.




O sonho começa logo no primeiro minuto da viagem, quando você acaba de subir a rampa de acesso a bordo e pisa no convés: um sorridente tripulante vem lhe oferecer de bandeja uma toalhinha gelada, que é para aliviar o calor. Segundos depois, um outro funcionário se aproxima de você com outra bandeja e desta vez lhe estende uma taça de champanhe francês, que é para aliviar a sede. Neste ínterim, alguém já se apressou em pegar as suas malas. 


Caviar e champagne nas águas calmas: algo inédito e inesquecível

E, antes mesmo de você acabar de sorver o último gole, um quarto tripulante se dispõe a acompanhá-lo até a sua stateroom (camarote, mas aqui esta nomenclatura comum não se aplica) onde você passará as próximas nove noites. Pronto: a partir daquele exato momento você se tornou parte do seleto grupo de passageiros imbuídos do espírito de “sonhadores no mar”. Ou seja, um “Seadreamer”, como todos serão denominados doravante.

Com seus dois iates, Seadream I e Seadream II, a companhia cinge os mares do Mediterrâneo ao Caribe o ano inteiro, e ainda oferece viagens temáticas

Mas como vai dar para perceber, neste iate o requinte não tem limites: você mal teve tempo de dar uma geral em sua stateroom, bisbilhotar as amenidades Bulgari no banheiro, se dar conta que tem uma tevê de plasma, um dvd e um cd player  (isso sem contar com aquele ipod que está à sua disposição com o concierge na recepção, e que já vem com 500 músicas gravadas) que de repente toca alguém na porta e aparece a sua, digamos assim, personal camareira que, desde o primeiro instante, já lhe chama pelo nome. No segundo dia, já conhece até os seus horários e “toma conta” de sua bagunça. E´ ela quem vai reabastecer o seu frigobar com tudo aquilo que você prefere; é ela quem coloca toalhas felpudas novas a cada vez que encontra alguma molhada; é ela quem abre a sua cama à noite e coloca um pratinho de bombons encima da mesa da salinha. E antes de você ir dormir como um anjo, envolto nos lençóis de algodão egípcio, ainda vai dar uma olhada na programação impressa para o dia seguinte, que ela lhe deixou estrategicamente exposta encima da cama.

Pequeno e mega luxuoso nos mínimos detalhes, o Seadream é um cinco estrelas mundo afora.




quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

NH Santo Stefano Hotel , Torino, Itália


Mesmo com o céu encoberto, Torino emana  uma luminosidade própria  capaz de dissipar até vestígios de chuva.  Se tivesse que usar apenas um adjetivo para descrever a capital do Piemonte, seria acolhedora


Piazza San Carlo, formigueiro a qualquer tempo
Com pouco menos de um milhão de habitantes, a quarta maior cidade da Itália surpreende agradavelmente ao visitante de primeira viagem.  As pessoas são cordiais, amáveis e comunicativas, mas sobretudo demonstram uma hospitalidade genuína que deixa os estrangeiros à vontade. No comércio em geral, ninguém espera que você fale o idioma de Dante  e se dirigem espontaneamente  aos estrangeiros em inglês.


 Nos restaurantes os pratos são descritos nas duas línguas. Aliás, é justamente em torno de uma boa mesa – e de uma boa massa ou de um expresso  – que é possível absorver o espírito torinense de ser. 
cena de rua



Por falar em comida,  a  hora das refeições  é sagrada na região do Piemonte, e Torino não escapa à regra,  mesmo sendo uma metrópole  onde as pessoas não desfrutam a  siesta  como nas cidadezinhas do interior. 

No entanto, a maioria das  butiques e mesmo pequenos supermercados de bairro fecham à 1:30 da tarde e só reabrem depois das 3:30, quando os restaurantes cerram as suas portas depois do pranzo. Em compensação, o comércio  não fecha antes das 7 horas da noite.  E se na sua agenda constar algum dos nomes mais consagrados da culinária piemontese, lembre-se que é imprescindível fazer reserva com alguns dias de antecedência a fim de obter uma mesa.

Não ficamos hospedados no hotel que realmente ficaria na memória, mas guardei o endereço de um muito legal que é pra reservar numa próxima visita a Torino. O NH San Stefano, embora pertença a uma cadeia, é uma originalidade. E também preza a sua situação. A fachada moderna e sóbria é um contraste com o ambiente revelado no lobby, um tanto mais impressionante do que o décor tradicional.  Mas, a surpresa é muito agradável. As suítes são um luxo à parte, espaçosas e bem arranjadas.  No último andar, tem um terraço e uma piscina. Um pouco resguardado como localização,  no bairro de Piazza Castello, não impede que se explore tudo em volta a pé, pois o centro histórico está a pouco menos de 10 minutos.  


NH Santo Stefano, um achado confortável e original




 Até mesmo para almoçar. Do típico bicerín ( café expresso com chocolate e creme) a tradicionais produtos caseiros, a  reputação gastronômica desta região é lendária e conta com pouca rivalidade no país.
A rotina do cidadão de Torino, principalmente nos finais de semana, gira em torno do Centro Storico, onde precisamente tudo acontece nas ruas transformadas em alamedas exclusivas para pedestres, como é o caso da  divina Via Roma, habitualmente muito congestionada pelo tráfego  em dias úteis.  A partir das 10 horas da manhã, faça sol ou chuva, a área toda fervilha com ares de festividade.  A Piazza San Carlo, que data do século 17, e onde impera a estátua de Emanuele Filiberto montado em seu cavalo, é um verdadeiro fluxo de gente e ponto de referência.
Galleria San Federico, próximo à via Roma

   Esta obra de arte é considerada como a melhor estátua equestre italiana de todo o século 19.  Seguindo um itinerário padrão, você vai chegar na Piazza Castello, Palazzo Madama e Palazzo Reale. Entretanto,  deixe-se seduzir pelas butiques estilosas ao redor da Via Roma e Via Lagrange,  adornadas por arcadas e imponentes galerias, como a de San Federico, onde até o cinema é um marco histórico.

Mercatto Central, um mundo à parte


Luzes de Natal, Via Roma se torna pedestre

 Basta caminhar um pouco fora do circuito para se embrenhar em ruelas estreitas e desvendar pequenas lojas e simpáticos cafés.  O rosário de piazzas é impressionante, e algumas não podem faltar no seu itinerário. A Piazza Castello, palco do primeiro senado da Itália e Piazza Vittorio Veneto, às margens do rio Po, são apenas dois ícones célebres. A Piazza San Giovanni abriga a Catedral de Torino. Não deixe de engatilhar esta visita com uma expedição ao impressionante Museu do Cinema que se encontra à proximidade, e terminar o périplo fotografando a Porta Palatina, uma das portas romanas mais preservadas do mundo. Se sobrar fôlego, e ainda estiver dia, o Mercado Central emoldurado pela animada feira livre está a poucos minutos dali e é a prova viva de que o espírito hospitaleiro piemontese está presente em todos os ambientes.
 
Piazza Castello e suas atrações


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Pousada Mi Secreto, São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte, Brasil


São Miguel do Gostoso,  onde o vento faz a curva

Até quase a década de 90, o nome de São Miguel do Gostoso não constava no mapa, apesar de estar tão próximo de Natal. E mesmo a apenas 140 quilômetros da capital do Rio Grande do Norte, o progresso engatinhou: a  iluminação pública só foi implantada há cerca de cinco anos atrás e sinal de celular ainda consta como novidade. Embora conhecida a boca pequena no universo náutico ( no Brasil e principalmente na Europa) como destino perfeito para a prática do wind e kitesurfe, não são muitos os que ouviram falar da pequena vila potiguar.

Gringos afluem de toda a Europa para curtir as rajadas de vento o ano inteiro.



Jardim da Mi Secreto de frente para praia
Mi Secreto: privacidade
Mas, este estado de semi anonimato não deve perdurar, pois a infraestrutura turística está se expandindo a olhos vistos com o fluxo crescente de brasileiros (e muitos estrangeiros) que deixam para trás a sua terra natal e se instalam definitivamente em Gostoso. E ao recomeçarem ali a vida, se tornam “gostosenses” de coração, e  abrem um bar aqui, uma batataria ali, uma pizzaria perto da praia, uma crêperie na esquina, um restaurante mais adiante, um bistrô na rua principal, um espaço zen para a moçada relaxar, uma pousada com poucos quartos...


 Como a Mi Secreto, aberta em 2009 e que exala bom gosto. Para acrescentar uma pitada de charme, os hóspedes contam com a companhia ( nem sempre apreciada, devo admitir) de micos que escalam as mesas à procura de frutas frescas e pães. E´ preciso apenas ter cuidado pois podem ser ariscos. Um gramadão separa a pousada ( e mantém privacidade total) da praia, um jardim bem cuidado e recantos deliciosos para se relaxar antes ou depois do banho de mar ou a qualquer hora do dia. Os quartos são amplos e clean, predomina o branco em toda a decoração.


E ao fazerem dos seus recantos um aconchego, os gostosenses dão seu toque pessoal a receitas, decoração e jeitinho de atender. Assim, aos pouquinhos, a vila vai sendo moldada e oferecendo múltiplos serviços ao turista, que se encanta com a hospitalidade de um lugar onde ele se sente super bem vindo. O diferencial é que em praticamente qualquer estabelecimento, você é atendido pelos próprios donos. Os nativos, por sua vez, também incorporaram este espírito de calorosa acolhida ao forasteiro e se empenham em deixar todo  mundo a vontade, se sentindo em casa.


Gostoso - mais referido ao nome primitivo do que completo - é daqueles cantos do planeta onde as estórias contadas de boca em boca proliferam. Desde a origem dos nomes das praias aos fatos realmente históricos, como o marco existente na praia de Touros, um monumento que marca a chegada dos portugueses em 1501.  Mas, embora a peça original tenha dado lugar a uma réplica, ainda é reverenciada como o mais antigo símbolo colonial no Brasil e atrai bastante público para o local.


No entanto, reputado mesmo em Gostoso é o vento, presença constante que garante deixar o mar sempre chapiscado, mas nunca com ondas altas. Se melhorar, estraga, afirmam os aficionados do kite e windsurfe, cuja cartilha não poderia eleger condições mais idílicas para a prática destas duas atividades. E´ por isso que todos os dias o céu imaculadamente azul se tinge de cores vivas desde as primeiras horas da manhã até o anoitecer: são as velas multicoloridas dos esportistas, zanzando de um lado para o outro com seus brinquedinhos. Aos espectadores, que ficam na areia admirando as estripulias  destes foliões náuticos,fica a sensação de que aquele mar intrépido foi preparado especialmente para eles.



Quem não tem vocação para o kite ou o wind acaba aproveitando  as benesses da natureza explorando as praias magníficas ao redor de Gostoso. De tão extensas, mesmo se todas as pousadas de Gostoso estivessem lotadas e se todo mundo resolvesse ir a praia ao mesmo tempo, ainda assim seria possível achar uma faixa de areia deserta gigantesca e exclusiva. E para comprovar esta imensidão, basta agendar um emocionante passeio de buggy pelas praias da região, seja rumo ao norte até Galinhos - passando pela bucólica e preservadíssima praia de Tourinhos, sem dúvida uma das mais imaculadas do Rio Grande do Norte - ou rumo ao sul, para conhecer Perobas, também uma faixa de areia que merece aplausos.


 Somadas, estas praias ultrapassam os 100 quilômetros de pura beleza, adornadas e interligadas por dunas, falésias e formações rochosas, margeadas por um mar verde esmeralda cuja tonalidade muda conforme os caprichos  da maré e as rajadas de vento.

Lugar bom para caminhar durante horas por praias desertas, explorar cenários nativos e ver cenas folclóricas. 

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Hotel Toca do Marlin, Santo André, Porto Seguro, Bahia


Para conciliar diversão em terra e mar, cercado pela amplidão da praia deserta.

Vou continuar na Bahia, porque ela dá pano pras mangas...Vamos então para Porto Seguro e seguir viagem. Uma balsa separa a pequena vila de Santo André da agitação de Porto Seguro. Mas é curto o trajeto entre as areias movimentadas até esta região de praias desertas que compõe um dos cenários mais bonitos do sul da Bahia.


 Basta uma curta travessia saindo de Santa Cruz Cabrália e pronto, já é possível sentir toda a tranqüilidade que reina na outra margem. A começar pela própria vila em si, que reflete uma atmosfera pacata em qualquer época do ano. 

A partir dali, a sensação é de que é possível mergulhar (no caso, se quiser, pode até ser literalmente) em um universo completamente engajado com a natureza. Mas as atividades tanto podem ser no mar como na terra.
Praia de Santo André, deserta a maior parte do tempo graças à localização privilegiada


A região é famosa pela pesca do marlin, aquele peixe enorme, capaz de atingir mais de 300 quilos, e que garante levantar a auto-estima de qualquer aficionado pelo esporte. Existe todo um serviço de apoio. 
Passeios a cavalo na praia deserta é um atrativo único

Outro atrativo são as piscinas naturais do recife de  Araripe: veleiros e traineiras saem de diferentes locais nas cercanias para levar os turistas e mergulhadores até estas águas límpidas. Na cidade vizinha de Belmonte, a apenas 20 quilômetros ao norte pelo asfalto, são realizados campeonatos de surfe. Lá, o mar tem ondas fortes. Por outro lado, ao longo dos 7 quilômetros de praia deserta que se estendem do vilarejo de Santo André até esbarrar na Ponta de Santo Antonio, onde fica a foz do rio do mesmo nome, pratica-se com afinco um outro tipo de atividade, quase inusitado em faixas de areia brasileira: são as cavalgadas à beira-mar durante a maré baixa.
Toca do Marlin e a piscina de frente para a praia


Aos amantes da pesca e apaixonados por cavalos, saibam que na praia das Tartarugas dá para conciliar estas duas modalidades distintas dentro de um mesmo pacote de férias. Por incrível que pareça, há oportunidade para submeter-se até mesmo a clínicas para aperfeiçoar a técnica de montaria.

 E, já que há diversão para todos os gostos, nunca haverá conflito de interesses: ou sai-se para pescar, nadar ou mergulhar, ou calçam-se as botas. A sede do haras, onde são criados cavalos lusitanos da mais alta patente, está vinculado a um dos resorts mais exclusivos do litoral baiano, o Toca do Marlin. As suítes, apenas 10, diferem - e muito ! -  das dimensões padronizadas : 85 metros quadrados cada, ou seja, maior que muito apartamento de três quartos. As camas, king size, é óbvio, tem controle eletrônico e travesseiros suíços.  A fim de acrescentar um diferencial ao já farto leque de serviços, o resort introduziu os passeios a cavalo. A praia, que felizmente é daquelas que sempre estão desertas, propicia o terreno ideal para galopar descontraidamente.
Um programa feito sob medida até para quem não tem experiência

 Mesmo quem não está habilitado pode tentar montar, pois será devidamente assessorado por um profissional.  Alguém que, em algum momento, sonhava ser possível conjugar a pratica de equitação com o cenário marítimo vai conseguir realizar o seu desejo. E ainda vai se surpreender. O picadeiro e alguns piquetes estão literalmente fincados na areia e os animais, uma vez na praia, tão familiarizados com as ondas que sequer hesitam em entrar no mar se assim o cavaleiro mandar. Para quem nunca teve a experiência de galopar numa praia deserta, é garantido que terá uma das sensações mais prazerosa de sua vida. 

Os piquetes têm vista para o mar

domingo, 27 de novembro de 2016

Hotel & Spa Rosa Alpina , San Cassiano in Badia, Itália


Por-do-sol nas Dolomitas

Quando recebi o convite para participar de um ski safari nas Dolomitas, aquela magnífica cadeia de montanhas aninhada entre a Áustria e a Alemanha,  mas que pertence à Itália, é óbvio que eu não esperava dar de cara com manadas de elefantes ou girafas nas pistas. 


Alguns dos cenários mais fascinantes deste planeta - pelo menos na minha opinião - estão inseridos nos 1200 quilômetros de domínio esquiável, emoldurado por picos imensos que variam de cor conforme a luz do dia. Além da beleza natural, é o sonho de qualquer esquiador: dá pra passar duas semanas inteiras sem repetir um só pista!

Porisso, o termo "safari" se encaixa perfeitamente como definição, porque pressupõe aventura. A boa notícia é que qualquer um com uma performance média pode se engajar sem susto. Este programa de 4 dias ( ou mais, se quiser) é idealizado sob medida por experts: traça um itinerário pelos vales de Gardena, Fassa, Livinallongo e Badia, com paradas estratégicas nos restaurantes de altitude, também conhecidos como rifugios


Ah, esqueci de mencionar que a gente iria pernoitar nestes rifugios, cabanas de madeira que foram totalmente remodeladas e se transformaram em pousadinhas muito aconchegantes. Alguns estão tão remotos que só se chega lá de snowmobile ou de esqui. Uma emoção a mais... A vantagem é que como tem poucos quartos ( todos com banheiro privativo, cama macia e calefação) você janta bem, toma todas, vai dormir e de manhã, depois de tomar um bom café, consegue ser o primeiro a descer na pista, antes do resto dos esquiadores conseguirem chegar até aquele ponto, em geral isolado no alto da montanha, longe do mundo mais insensato.


Anota no seu caderninho: as  estações de esqui nas Dolomitas abrem no dia 5 de dezembro ( com ou sem neve, pois a tecnologia resolve o problema de São Pedro, caso não haja muita neve) .  São 1200 quilômetros de área esquiável o que o torna o maior domínio de toda a Europa. Não é à toa que a região é um Patrimonio Mundial...Dá pra esquiar uma semana inteirinha sem repetir pista. Tudo emoldurado por uma paisagem sedutora, formada por bosques, picos e falésias imponentes.

As Dolomitas também são famosas pela culinária. A mescla entre a gastronomia austríaca e italiana é perfeita e rende pratos saborosíssimos. Esta é uma das palavras-chaves do ski-safari, pois o programa inclui experiências gulosas em vários restaurantes de montanha, onde são servidas especialidades regionais, além de servirem vinhos fantásticos. Pode comer sem culpa, pois esquiar queima calorias e no mínimo você vai ficar com os esquis nos pés por umas 6 horas a cada dia.




A nossa suíte do Rosa Alpina, com direito a lareira, sauna...
Nossa jornada começou no vilarejo de San Cassiano, onde moram cerca de 1000 pessoas e só tem uma rua principal. No entanto, abriga um dos hotéis mais sofisticados de todo a Itália, o Hotel & Spa Rosa Alpina,

um Relais & Châteaux que é um verdadeiro achado nas alturas. Por fora, não parece ser nada mais do que um chalé de extremo bom gosto, inserido perfeitamente no contexto deste rústico oásis encravado no coração da Alta Badia. Mas quando você entra....

Do fundo do meu coração, eu gostaria de ter passado mais tempo hospedada naquele hotel. Também, pudera: nossa suíte era gigantesca, com uma lareira, uma sauna a vapor, uma banheira aparente que permitia você enxergar o lado de fora, um terraço com uma espreguiçadeira, uma king size, roupões felpudos...Sair daquela conforto pra quê??

E´ uma tentação atrás da outra, que não se deve resistir, mas experimentar.



Claro que acabamos curtindo cada dia, pois além de esquiar em pistas largas como aeroportos e desfrutar de cardápios elaborados conforme a imaginação dos chefs convocados para exibirem seus talentos em alta altitude, apreciamos a ausência de filas, a perícia do nosso guia e a eficiência da infra-estrutura local.


Logo me dei conta que estava esquiando num universo realmente especial, uma região com uma história ilustre e que evoca a Áustria em paisagem, mas onde tudo está escrito em italiano e alemão e onde uma terceira língua, o Ladino, ainda é falado pelos locais e ensinado nas escolas. E, se parar pra pensar, é interessante saber que as Dolomitas eram corais no fundo de um oceano - isso tem um milhão de anos. Por isso não se impressione se encontrar algumas conchinhas em plena pista de esqui...