sábado, 11 de fevereiro de 2017

Martinis Marchis Heritage Hotel, Maslinica, Croácia


A cidade de Trogir é uma das mais pitorescas da costa da Dalmácia, na Croácia

Muito embora já tivesse velejado duas vezes na Croácia, foi com muito entusiasmo que decidi embarcar em mais uma aventura pela costa da Dalmácia, até porque eu não conhecia nenhum dos lugares assinalados no roteiro. E, porque não admitir, estava morta de curiosidade em passar uns dias a bordo de um gulet.
Ancorado em Maslinica, longe do burburinho

Um parêntese: um gulet é um tipo de escuna de origem turca, toda em madeira, com dois mastros, e que pode variar entre 14 a 35 metros de comprimento. Em geral, por ser um barco pesado, as velas acabam sendo substituídas pelo motor. De origem pesqueira e comercial,  estão presentes no Adriático e no Mediterrâneo. No entanto, de uns anos para cá, entraram na moda como embarcações para levar turistas a passeio.

Não demorou para que dali em diante, a maioria passasse por reformas para atender a crescente demanda por charter - de fato, transportar gente ao invés de peixes ou mercadorias se tornou um business mais rentável. Mas, para isso, os gulets precisaram se transformar em embarcações de alto luxo,  projetadas especificamente para aluguel: adaptaram o interior, o convés e a popa, instalaram amenidades como ar condicionado nas cabines, internet a bordo e reestruturaram os  banheiros. De um modo geral, tudo se tornou ultra confortável e funcional.
Pequeno barco de pescador no porto de Maslinica

Dona de 1185 ilhas, das quais apenas 47 são habitadas, a Croácia é a rota ideal para quem gosta de explorar mares pouco navegados a menos de duas horas de vôo das principais capitais europeias. Esta pequena República, com cerca de 5 milhões de habitantes, surpreendeu a todos por se tornar, em apenas duas décadas, o destino da moda para se passear de barco.

A costa da Dalmácia é   um dos litorais mais bonitos do Adriático.  Split é a cidade que é porta de entrada da maioria dos turistas que visita a Croácia.  Um conselho: não leve todo o seu guarda-roupa para um cruzeiro, já que se passa o dia todo de roupa de banho e a noite o vestuário se resume a shorts, bermudas, calças e camiseta.  Eventualmente, pode chover, até mesmo cair um temporal, mas o clima nesta parte da Europa é bastante privilegiado.

Hvar : vista do castelo 
 

Na primeira manhã, mochila nas costas e máquina fotográfica em punho, saltamos na pitoresca ilha de Brac, onde o ritmo intenso da civilização ficou a milhas náuticas dali. O progresso chegou, sim, mas com lojinhas de turistas, lembrancinhas típicas... De resto, os habitantes ( e os turistas, por tabela)  aderem a uma pacata rotina, e ficam preguiçosamente sentados na soleira de suas casas vendo a vida passar ou descansando  em alguma konoba -  taverna local - debaixo de uma árvore, aproveitando uma sombrinha, tomando um café ou beliscando qualquer coisa.

A charmosa ilha de Vrac



No segundo dia, chegamos até o agitado cais de Hvar, vilarejo famoso pelo seu castelo encravado no topo de uma colina. O centrinho pululava de turistas, que andavam de um lado ao outro pelas ruelas estreitas, subindo e descendo escadarias sem fim. A profusão de lojas de grife num lugar tão pequeno  supera a expectativa! O dia estava com clima variável e nos surpreendeu com chuva, sol, calor infernal e um céu muito azul para apreciar a vista lá de cima das muralhas.  Naquela noite, fomos jantar num restaurante local. Os pratos típicos da costa da Dalmácia não são muito variados.

 Nas ilhas com maior movimento, come-se razoavelmente bem, podendo escolher entre dezenas de estabelecimentos que servem praticamente tudo daquilo que se espera em lugares frequentados por turistas de várias nacionalidades: a infalível pizza, massas e sorvetes. Fora isso, a opção se resume aos frutos do mar e peixe. Mas, pasme! este é sempre o item mais caro do cardápio. Vale ressaltar que o Adriático é lindo, porém longe de ser piscoso. Ou seja, eles botam na frigideira qualquer coisa que nade. Uma ressalva: não deixe de experimentar o delicioso prsut ( pronuncia-se...na verdade, não! não tente pronunciar, pois os croatas são gulosos e na hora de criar seu alfabeto engoliram quase todas as vogais!). Mas saiba que se trata de um presunto defumado e um dos típicos produtos da Croácia.

A piscina do Martinis Marchis

A vista de uma das amplas suítes 

 Há quem prefira ( eu, por exemplo!)  a calmaria de ilhas menos frequentadas, como a bucólica Solta, onde ancoramos para a nossa penúltima noite. No minúsculo porto de Maslinica, não havia movimento algum. Valeu, no entanto, a visita a um hotel butique dos mais insólitos, o Martinis Marchi, um antigo castelo cuja construção data de 1706. A diária, no entanto, é bem moderna: cobram cerca de 3 mil euros por dia, mas as acomodações podem chegar a 300 metros quadrados.


Na última noite a bordo do gulet, jogamos âncora em Trogir, um ícone histórico do Adriático que atrai muitos turistas, pois se assemelha a Dubrovnik em miniatura.  Embora o fluxo de turismo tenha saltado para números astronômicos , a Croácia ainda se mantém um pouco tímida e arraigada às suas tradições. 

A maioria dos habitantes não fala outro idioma, mas felizmente os cardápios são impressos em inglês, francês, alemão e espanhol. No fim das contas, acaba dando tudo certo, pois existe boa vontade da parte deles e nada como alguma mímica e muitos sorrisos para conseguir se comunicar. E, como são totalmente fanáticos por futebol, a simples menção de ser brasileiro é suficiente para desatar qualquer nó na comunicação e ser atendido com o máximo de simpatia croata.

Veleiro nas águas plácidas do Adriático

Valeu navegar num barco mega luxuoso durante quatro dias, num país de cultura milenar e costumes enraizados, que tem nada menos do que 5789 kms de costa, emoldurados por uma natureza ainda intocada e um mar límpido de águas azuis, com uma infinidade de baias para pernoitar. Na verdade, este cruzeiro foi apenas uma pequena amostra, pois sem dúvida ainda resta um amplo território a ser descoberto no belo e surpreendente litoral da Croácia.






Nenhum comentário:

Postar um comentário