segunda-feira, 15 de maio de 2017

Pousada do Ipê, Goiás Velho, Goiás

A Casa de Cora Coralina é praticamente o mais pitoresco símbolo da cidade de Goiás
Os farricocos, bonecos característicos de Goiás.


Goiás Velho, ou Cidade de Goiás, ou simplesmente Goiás, é daquelas cidadezinhas de interior pela qual você se apaixona. Não é por menos. Além de ter traços arquitetônicos barrocos encantadores e bem preservados ( felizmente tombados pela Unesco em 2001),  as pessoas são afáveis e não existe qualquer clima de estresse no ar. 
Segundo uma poesia de Cora Coralina, uma das autoras nativas mais respeitadas do Brasil ( e que viveu neste lugar) , o costume local é que todas as portas das moradas ficam sempre abertas. A explicação é de que a hospitalidade dos moradores é inerente e que somente deixando as suas casas abertas o forasteiro vai se sentir bem-vindo.

A praça do Coreto



Imagine isso numa grande cidade...Onde todos se escondem atrás de muros e vivemos em verdadeiras fortalezas!  Isso, nos dias de hoje, é um privilégio reservado para muito pouca gente e  definitivamente, só mesmo em pouquíssimas freguesias. E olhe lá!


Isso é uma das coisas que me chamou a atenção de imediato: a partir de uma certa hora, tipo final da tarde, os habitantes se instalam defronte às suas portas, na calçada, e ficam observando o movimento de pedestres e carros. Aqueles belos casarões coloniais, casas antigas, adquirem vida só com as pessoas sentadas ali, saudando quem passa, conhecido ou não.

Passeio de charrete pelas ruas estreitas do centro histórico


Pousada do Ipê


Foi assim que, ao passar à noitinha diante de uma belíssimo sobrado, resolvemos galgar uma ampla escadaria de pedra,  pois ouvimos umas lamúrias, uns gritos, uns chamados desesperados. Assim que chegamos na porta, nos deparamos com uma escola de teatro,  a Escola de Belas Artes, em pleno trabalho de interpretação de texto. Também descobrimos que eles trabalham com deficientes, adolescentes, conjugando um trabalho criativo com inclusão social. Aplausos!

Tranquilidade e muito verde debaixo de um céu azul e sol forte, mesmo no inverno.


Não espere encontrar cinco estrelas em Goiás Velho. Há muitos pequenos estabelecimentos, pousadinhas familiares, hostels... como a Pousada do Ipê, simples, rústica, mas cujo ambiente é muito acolhedor. Essa tem até piscina. O quarto carece de luxo, mas isso não incomoda.  A localização é ótima, no centro histórico. O restaurante é  agradável, o café da manhã  bom e tem muito verde em volta. Além disso, qualquer falha é compensada pela simpatia e receptividade dos funcionários. Aliás, falando em comida, o típico prato goiano é o tal empadão. Bastante diferente daquele que a gente conhece no sudeste. Esse vem servido numa forma e tem como recheio uma montanha de ingredientes misturados, desde carne de porco até linguiça e frango.


Museu de Arte Sacra

Outra coisa também surpreendente na cidadezinha é que após as 7 da noite, as ruas se esvaziam e permanecem completamente desertas. Ou seja, se você está atrás de vida noturna, Goiás Velho não é o lugar ideal.  Nem mesmo no centro ou na praça principal.  No máximo, você vai encontrar meia dúzia de gatos pingados no único bar aberto da cidade. E’o frio, se atrevem a dizer alguns entendidos. Realmente, no inverno, a temperatura despenca ( de noite) , mas também não vamos exagerar. E de dia, bate um solaço.

E adivinha o programinha que a gente resolveu fazer durante o dia? Passeio de charrete, é claro, bem baratinho, contorna todos os recantos da cidade e ainda despeja um monte de explicação sobre um montão de coisas. Tem mais algumas paradas estratégicas, como o Museu de Arte Sacra da Boa Morte, que guarda obras de Veiga Valle, artista de esculturas sacras e  nativo de Pirenópolis.  E faça umas incursões nas lojinhas de artesanato, pois lá se encontram aqueles típicos bonecos chamados de farricoco, que representam penitentes encapuzados que vestem túnicas coloridas e levam um chicote. São personagens sempre presentes na Procissão do Fogaréu, um evento religioso tradicional que se realiza sempre na Quarta Feira Santa. E se você estiver pela região na primeira semana de julho, não perca o FICA (festival internacional de cinema e vídeo ambiental).


Last but not least, tem a famosa casa de Cora Coralina, a poetisa nascida naquela cidade em 1889 e cuja obra encantou a tanta gente. A casa continua intacta e você pode entrar e observar como ela vivia naquele tempo. Muita mobília e utensílios de época estão ali, conservados e exatamente no lugar de origem. E´ tudo muito singelo,  mas cativa a sua atenção e até emociona. 

Anoitecendo nas ruelas estreitas cria uma atmosfera mágica



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