Tutu, couve, pastel... Ou torresmo, linguiça, couve e
goiabada cascão. Não tem como negar: estes ingredientes soam irremediável (e
deliciosamente) mineiros, porém estão longe de serem os únicos inseridos às receitas
criadas pelos renomados Chefs brasileiros
e estrangeiros que irão participar do próximo Festival Internacional de Cultura
e Gastronomia, a ser realizado este ano de 26 de agosto a 4 de setembro. Save the date!
Costeleta de porco com tutu e linguiça... |
Uma das relíquias coloniais
mais bonitas de Minas Gerais, Tiradentes sedia este importante evento
gastronômico desde 1998 e a cada ano arremata mais louvores – e adeptos. Mais conhecido como Fest Gourmet de Tiradentes, é um dos mais importantes no Brasil e atrai acima de 40 mil visitantes para a idílica cidade histórica mineira.
Este ano, o festival conta com a participação dos chefs Onildo Rocha, do mineiro Leo Paixão, da chef Morena Leite do restaurante paulista Capim Santo, do carioca Alberto Landgraf e do gaúcho Carlos Kristensen, que pilota o fogão do Hashi.
Nas cidades
cenográficas montadas na rodoviária e no Largo das Forras, praça principal de
Tiradentes, os
gourmês de carteirinha poderão se deleitar com cursos, demonstrações e workshops culinários. Os dois finais de semana do festival de Tiradentes prometem deixar todo mundo com um gostinho de "quero mais".
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Igreja da Matriz, uma relíquia digna de sua reputação |
Pode ser que ainda tenha sorte de encontrar algum lugar pra se hospedar. Já percorri várias pousadas em Tiradentes, mas meu fraco sempre foi o Solar da Ponte, estrategicamente localizado na entrada do centro histórico, a poucos passos do Largo da Forra. Você está em cheio nos festejos porém nestes eventos lembre-se que fica tudo intransitável. No entanto, se conseguir se hospedar lá, peça um quarto de fundos pra não sofrer com barulho.
Pousada Solar da Ponte, perto de tudo |
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Praça das Mercês |
Este lindo casarão abriga esta pousada há décadas, faz parte do Roteiros de Charme e esbanja tradição e atmosfera tipicamente colonial. O chá das 5 é uma instituição, com direito a micos leão-dourado pra acompanhar o pão de queijo e os bolinhos confeitados.
Tiradentes
foi construída na encosta de uma planície ao pé da serra de São José, o que
torna a paisagem em volta o cenário propício para atividades como caminhadas,
cavalgadas e mountain bike. Mas o ideal é percorrer o centro a pé, explorando os lugares de interesse
histórico onde já não é mais permitido entrar com carro, ou de charrete e até
mesmo a cavalo. Batizada como São José do Rio das Mortes assim que foi
descoberto ouro em 1702, a vila teve o
nome trocado para o atual somente com a Proclamação da República em 1889,
homenageando assim aquele que foi um de seus mais ilustres moradores, o alferes
Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, mártir da
Inconfidência.
Micos são assíduos durante o chá das 5 no Solar |
As
fachadas dos sobrados são mantidas exatamente como eram há duzentos anos atrás,
mas por dentro muitas delas foram
inteiramente remodeladas. Felizmente, tudo que surge ou é modernizado obedece a um rígido padrão arquitetônico
local, afim de preservar os traços originais. O progresso também atingiu toda a
infraestrutura turística e hoje Tiradentes conta com dezenas de pousadas e
ampliou o leque de gastronomia para abranger várias bandeiras. Além do típico cardápio mineiro, composto de tutu de feijão e carne de porco,
e muitas vezes servido a quilo, é
possível degustar especialidades francesas, italianas e até japonesas em
restaurantes especializados.
Como
uma visita a Tiradentes é uma lição de história, vale a pena começar a
percorrer a cidade observando cada detalhe das construções antigas. Foi durante
o auge do período de mineração que os moradores construíram igrejas e capelas,
colocando nelas o que havia de mais valioso nas artes barroca e rococó. A
igreja Matriz de Santo Antonio é um dos monumentos mais expressivos da época ,
com a sua fachada que leva a assinatura do mestre Aleijadinho; do lado de fora, encontra-se um relógio de
sol datado de 1785, símbolo da cidade. As lâmpadas de prata, a balaustrada em
madeira e a obra entalhada no altar-mor, assim como alguns dos altares
laterais, datam de antes de 1750.
Tiradentes conserva um movimento típico de cidade de interior na sua praça principal, que é o Largo das Forras. Este largo deve o nome ao fato de ser uma das reminiscências da época em que lá se abrigavam as negras alforriadas, mas hoje é o ponto de encontro tanto para os moradores como para os visitantes e vira palco para comícios, shows, comemorações e festas.
Quem acha
que não há vida noturna em Tiradentes se impressiona com a animação que toma
conta da cidade nos finais de semana. Embora o povo local costuma se retirar
após o ressonar do carrilhão das nove, a maioria dos bares e restaurantes fica
aberta e oferecem atrações como música ao vivo.