sexta-feira, 8 de julho de 2016

Explora Patagonia Hotel Salto Chico, Torres del Paine, Chile

As Torres del Paine, ícone do Parque Nacional, podem ser vistas de muitos ângulos. Guanacos  fazem parte do belo cenário.


Se você é do tipo que preza a civilização e só gosta de viajar para lugares onde tem uma farmácia no raio de duzentos metros, esquece: vire a página e escolha outra  reportagem para ler. Mas se você é daquelas pessoas que fica entusiasmado com uma programação de viagem que inclui pelo menos uma troca de avião, algumas escalas e muito chão de terra batida para chegar até o ponto final, então a Patagônia chilena pode ser o destino de suas próximas férias.
Salto Chico, atração próxima ao Hotel Explora

Porque longe é.  Longe mesmo. Quando digo longe, é porque é preciso voar ( três horas e meia) até Punta Arenas, no extremo sul do país. No aeroporto da capital regional, embarca-se numa van  que vai prosseguir rumo ao norte, em direção à região de Magalhães. A partir daí, a recomendação é encarar pacientemente os 420 quilômetros  (leia-se 6 horas chacoalhando, muita água, chocolates e resignação) de estrada semi-asfaltada que separam esta cidade do Parque Nacional Torres del Paine, localizado entre o maciço da Cordilheira dos Andes e a estepe patagônia. Ou, segundo a opinião de certos passageiros, a localização exata fica perto do fim do mundo onde o vento faz a curva.

Selvagens, os guanacos são presença constante

Para quem não sabe, o Parque Nacional Torres del Paine é um dos mais importantes do mundo. Em suas áreas protegidas, algumas ainda intocadas pelo homem, encontram-se glaciares, florestas, quedas d’água e lagos cercados pelas mais belas paisagens que se pode imaginar. Além disso, possui uma fauna austral peculiar, formada por guanacos ( da família dos llamas), pumas, condores e centenas de espécies de aves.  Criado em 1959 e tombado pela UNESCO como reserva da biosfera,  ele tem 242 mil hectares e altitudes que oscilam entre 50 e 3050 metros.

Impressionante e excepcional  vista das amplas acomodações do Hotel Explora

 O seu nome tem origem nas  impressionantes torres, as Torres del Paine, três imponentes monólitos de granito com uma altura que atinge quase 3 mil metros. Uma atração irresistível para os alpinistas mais experientes do planeta , que vêm enfrentar o desafio de escalar estes lisos paredões num fôlego só : sobe a primeira, desce; sobe a segunda, desce; sobe a terceira... Aos mortais comuns ( acostumados a fazer este sobe-e-desce em elevadores), também denominados como  turistas  sem nenhuma outra pretensão que a de ver as Torres de “perto”,  resta o consolo de galgar os 8 quilômetros de trilha morro acima para chegar apenas à base da montanha. 

Na Patagônia, você se dá conta que o vento, se bobear, leva ! Constante, forte ou ameno, e principalmente nos meses de novembro a abril ; este costuma disparar a sua fúria (leia-se rajadas de até 140 km/hora ) mesmo em dias ensolarados, levantando ondas de até três metros de altura em lagos de águas pacatas. Se levanta ondas a três metros, imagine só o que faz com quem está de pé. Acertou : na melhor das hipóteses, você cai sentada. Como na Patagônia  tudo é imprevisível, ninguém prevê nada. Numa mesma semana, para não dizer num dia só, é comum ter que conviver  com todas as situações climáticas:  sol forte, chuva, nevasca, nevoeiro... e vento, naturalmente. Portanto, na hora de fazer a mala, coloque de tudo um pouco e não estranhe o inchaço de sua bagagem.
Hotel Explora, renovado, oferece um pacote all inclusive , completo e luxuoso 

O parque precisa ser explorado.  E nada mais apropriado do que caminhar, cavalgar e percorrer trilhas em florestas, beirando lagos e apreciando a beleza da natureza ao seu redor. Um dos hotéis mais capacitado para organizar os roteiros é o Explora, um estabelecimento estrelado que merece o sua reputação. Encravado em pleno Salto Chico, um dos pontos mais privilegiados do Parque com vistas panorâmicas para os picos e geleiras, este hotel propicia aos hóspedes um farto leque de excursões para quem busca um contato íntimo com a região.

Suite ampla e confortável, com todas as amenidades
 A diferença do Explora é a presença de um time exclusivo de guias bilingües, experientes e excepcionalmente treinados  para acompanhar os hóspedes durante a sua estadia. Dentro deste esquema, pode assim ser montada  uma programação que atende a todos os gostos , faixa etária e aptidões físicas. Muito bem administrado, dá segurança até para quem nunca teve a natureza virgem ao alcance da mão. 

As aventuras - ou explorações, como preferem dizer os entendidos -  são oferecidas diariamente,  como longas cavalgadas na estepe, passeios através dos bosques e ao longo dos lagos,  trekking , ou ainda safári fotográfico, piqueniques e, é claro, opções mais radicais devidamente rotuladas de  “ forte ” em contraste com as “suave” e “média”. Tudo depende da distancia percorrida e do grau de dificuldade. 

E porque não experimentar um pouco do gelo de um iceberg de algumas centenas de anos de idade ? A exploração é “suave”, basta estar disposto a andar uma hora e meia, com direito à travessia de uma ponte pênsil. Os icebergs se desprenderam do Glaciar e vêm vindo até as margens do lago, formando esculturas fantásticas de gelo. O cenário ( um dos mais impressionantes que já presenciei) é mutante e também varia conforme as estações.
Vista do Glaciar Grey após uma subida de 5 horas a pé...Recompensa merecida.

Em contrapartida, a caminhada à base das Torres del Paine ( paine quer dizer azul, no antigo idioma patagão)  chega a 16 quilômetros, dura um dia inteiro e faz uma pausa para almoçar somente após as primeiras três horas e meia, quando os piores obstáculos da subida já foram vencidos. E’ para espartano nenhum botar defeito. Outra exploração mais forte, como a caminhada ao Glaciar de Grey, é um must pelo impacto visual : você está diante do campo de gelo mais extenso do mundo, com 340 quilômetros de extensão e até 60 quilômetros de largura. Mas, antes de enfrentar a pé os 24 quilômetros de trilhas montanha acima e morro abaixo  (12 para ir e 12 para voltar), é preciso atravessar de lancha o Lago de Grey  ou o Lago Pehoé. 

Glaciar Grey, um fenômeno da natureza

Até aí, nenhum problema, já que o Explora tem uma lancha ancorada em cais próprio, só para atender aos seus hóspedes. No entanto, este meio de locomoção tem um inimigo mortal difícil de encarar : o vento. Ou seja, se está ventando o barco  não sai de jeito nenhum. E nem adianta insistir com el capitán, pois ele alega que o barco pode virar devido às fortes ondas. Realmente, a temperatura da água - no máximo 5 graus - serve apenas para os pingüins. Frustrações à parte, as melhores expedições ficam para a manhã seguinte... E´ preciso persistência na Patagônia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário