Águas claras e agradáveis para o banho, Miami Beach é uma praia e tanto! |
Ao contrário de muitos brasileiros, devo admitir que Miami nunca foi um destino que me fascinou. Tanto é que só
fui pisar naquela cidade pela primeira vez há poucos anos, embora tenha viajado
regularmente para os EUA desde a década de 70. Talvez porque Miami sempre foi associada a um frenesi desenfreado de consumo com o qual não compartilho, talvez porque não
era propriamente uma referencia em gastronomia
, ou porque além da praia, da vibração sexy latino-americana ,e a possibilidade
de vislumbrar a Beyoncé comendo um cheeseburguer numa diner da Wahington às 5 da
manhã não é o que pessoalmente defino
como chamariz. Ou tudo isso junto. Simples assim.
Mar calmo e cenário bem bonito... |
Tanto é que vim a me familiarizar com Miami em doses
homeopáticas , desmembrando uma viagem ou esticando uma escala para visitar
amigos , passando uma noite aqui, duas
acolá, e assim fui desvendando
timidamente um bairro de cada vez, apreciando a arquitetura Art Déco que
aos poucos virou cult, fazendo pequenas incursões pela orla, passeios de zodiac para vislumbrar as mansões
dos zilionários e alguns golfinhos (sim, programinhas bem turísticos, mas que
podem ser divertidos se você entrar no espírito da coisa...) até começar a me acostumar com o visual daquele casal sarado se exibindo na praia,
do homão de short justo andando de rollerskate , da octagenária botoxada
tomando um café com o seu labradoodle sentadinho na cadeira ao lado – tudo isso
à beira-mar, naquela longa nesga de Miami Beach .
Também fui mudando a
minha opinião quanto aquela simetria arquitetônica, os arranha-céus imaculados e os seus
reflexos estonteantes. Passei até
a apreciá-los. Em algumas ocasiões,
cheguei a encarar o transito um tanto ou
quanto ordenado passeando de bicicleta ou alugando um daqueles veículos
curiosos que fazem a diversão dos turistas.
Dirigindo um trycicle em plena cidade... |
Finalmente, conclui que o way of life neste pedaçinho
da América - muito bem encaixado na
moldura de Sunshine State (Estado Ensolarado)
- era , assim como é para nós
cariocas, enaltecido em parte pelo sol e
o calor e que a rotina da vida girava de acordo. Entretanto, essa
atmosfera hedonista descontraída
sempre esteve agradavelmente aliada a sólidas bases que regem o convívio entre
quem a visita e quem a habita.
Vermelho e branco: as cores do Faena |
Com o passar dos anos, a minha resistência a Miami foi se dissipando
aos poucos, até que se converteu. Hoje,
é uma parada facultativa que me agrada.
O clima é generoso assim como as porções
de saladas servidas nos novos restaurantes que emergiram depois do milênio. A
cidade que eu interpretava como porta de saída – para o Caribe, por exemplo –
ou como porta de entrada – um passeio de carro até Key West , digamos – justifica agora uma estadia prolongada,
leia-se mais andanças para explorar recantos que foram submetidos a melhorias,
ou até mesmo transformações – como foi o caso do Miami Design District num
bairro desdenhado até então, hoje um hub dedicado ao design de interiores,
à decoração, tendências e modismos no
habitat de gente descolada.
Vista da suite do Faena : sem dúvida um cartão postal! |
E assim Miami foi se
reinventando, até ficar condizente para servir de modelo como cidade com
atrativos ecléticos e glamorosos, quer você tenha 20 ou 70 anos de idade. Atualmente,
um dos destaques é o Art Basel Miami
Beach, um evento de renome internacional que depois de ser implementado em Miami colocou definitivamente a cidade no
mapa cultural.
pé na areia, o Faena é a mais nova presença da praia |
Seguindo os passos desta tendência cultural , no final do ano
passado surgiu o Faena District , mais um bairro direcionado ao mundo das artes.
Abrangendo 5 quadras entre o oceano e Indian Creek, desde a 32nd Street à 36th
Street, esta área teve como pontapé
inicial o toque de Midas do empreendedor imobiliário argentino Alan Faena que, junto com o filántropo
americano Len Blavatnik, inauguraram o cinco estrelas Faena Hotel Miami
Beach.
A mais nova beldade a luzir
defronte ao mar azul turquesa na longa faixa de areia de Miami Beach está
aninhada no histórico Saxony Hotel, um
marco dos anos 50 conhecido como a Rainha da Avenida Collins, que passou por
uma magistral reforma. No entanto, o
investimento portenho foi muito além da
renovação deste antigo estabelecimento: houve a preocupação de preservar o estilo arquitetônico e muitos traços
principais da fachada, assim como
detalhes importantes no acabamento, por exemplo o material utilizado nos
pisos dos corredores das acomodações, que retratou perfeitamente o ambiente da
época.
Assim que pisei no lobby, me senti envolvida – mas longe de
ficar constrangida, como poderia acontecer -
pela grandiosidade do ambiente, daquelas que lembram o antigo glamour
destes hotéis de meados do século passado. Poderia jurar que vislumbrei o fantasma de Marilyn Monroe perambulando
naquele vestíbulo.
Envolto em cores vivas e texturas, o vermelho e o veludo
predominantes, rodeado por colunas suntuosas e uma impressionante áurea Art Deco contribuem para compor a atmosfera. Por
outro lado, o clima é descontraído desde o check-in, pois
nem há aquele ritual de costume, nem um concierge convencional , e sim uma
biblioteca intimista onde o hóspede é recebido como amigo e com um drinque de
boas-vindas.
Em seguida, é levado até a sua acomodação e introduzido ao seu
“Faena butler”, um mordomo cuja tarefa é
cuidar pessoalmente de você, trazendo
mimos como frutas frescas e uma garrafa de vinho, e até desfazer a sua mala, além
de mostrar como funcionam os gadgets de última geração existentes na suíte (até mesmo o vaso
sanitário é automatizado!!). A nossa era gigante, uma Junior suíte com uma
vista estonteante sobre a imensa praia de Miami Beach. Tínhamos duas tevês, a
cama era quase um estádio de futebol, o banheiro, de tão glamoroso , acomodava
até um recamier para relaxar após uma boa ducha. Do 10° andar, avistava-se lá
embaixo o Faena Playa, um trecho de areia pontilhado por guarda-sóis brancos e
vermelhos, marca registrada do hotel.
mimos oferecidos na suíte |
Mas, apesar de toda a modernização e
inovações em cada ângulo que a gente aponta os olhos, é
preciso aplaudir os esforços de
Faena para manter, com a maior
autenticidade possível, a atmosfera de uma década encantadora.
O Faena District, que vai ocupar cinco quadras com diversos empreendimentos culturais, veio para beneficiar não só os
visitantes de Miami , mas toda a comunidade que emoldura o bairro. Veio para
dar mais prestígio ainda à cidade e enriquecer o calendário de eventos
culturais e artísticos. Veio para dar mais um boom para que Miami ficasse ainda
melhor na foto. De fato, isso foi exatamente o intuito de Alan Faena ao
delinear este projeto faraônico que mescla com sabedoria e bom senso uma
combinação das artes, design, tecnologia, serviços, natureza e
sustentabilidade.
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