quarta-feira, 6 de julho de 2016

Faena Hotel & Spa Miami Beach, Miami, EUA

Águas claras e agradáveis para o banho, Miami Beach é uma praia e tanto!

Ao contrário de muitos brasileiros, devo admitir que Miami nunca foi um destino que me fascinou. Tanto é que só fui pisar naquela cidade pela primeira vez há poucos anos, embora tenha viajado regularmente para os EUA desde a década de 70. Talvez porque Miami  sempre foi associada a um frenesi  desenfreado de consumo  com o qual não compartilho, talvez porque não era propriamente uma  referencia em gastronomia , ou porque além da praia, da vibração sexy latino-americana ,e a possibilidade de vislumbrar a Beyoncé comendo um cheeseburguer numa diner  da Wahington às 5 da manhã  não é o que pessoalmente defino como chamariz.  Ou tudo isso junto. Simples assim.

Mar calmo e cenário bem bonito...


Tanto é que vim a me familiarizar com Miami em doses homeopáticas , desmembrando uma viagem ou esticando uma escala para visitar amigos ,  passando uma noite aqui, duas acolá, e assim fui desvendando  timidamente um bairro de cada vez, apreciando a arquitetura Art Déco que aos poucos virou cult, fazendo pequenas incursões pela orla,  passeios de zodiac para vislumbrar as mansões dos zilionários e alguns golfinhos (sim, programinhas bem turísticos, mas que podem ser divertidos se você entrar no espírito da coisa...)  até começar a me acostumar com o visual  daquele casal sarado se exibindo  na praia,  do homão de short justo andando de rollerskate , da octagenária botoxada tomando um café com o seu labradoodle sentadinho na cadeira ao lado – tudo isso à beira-mar, naquela longa nesga de Miami Beach .



 Também fui mudando a minha opinião quanto aquela simetria arquitetônica,  os arranha-céus imaculados e  os seus  reflexos estonteantes.  Passei até a apreciá-los.  Em algumas ocasiões, cheguei a encarar  o transito um tanto ou quanto ordenado passeando de bicicleta ou alugando um daqueles veículos curiosos que fazem a diversão dos turistas. 

Dirigindo um trycicle em plena cidade...

Finalmente,  conclui que o way of life  neste pedaçinho da América  - muito bem encaixado na moldura de Sunshine State (Estado Ensolarado)  - era , assim  como é para nós cariocas,  enaltecido em parte pelo sol e o calor e que a rotina da vida girava de acordo. Entretanto,  essa  atmosfera  hedonista descontraída sempre esteve agradavelmente aliada a sólidas bases que regem o convívio entre quem a visita e quem a habita.

Vermelho e branco: as cores do Faena

Com o passar dos anos, a minha resistência a Miami foi se dissipando aos poucos,  até que se converteu. Hoje, é uma  parada facultativa que me agrada. O clima é  generoso assim como as porções de saladas servidas nos novos restaurantes que emergiram depois do milênio. A cidade que eu interpretava como porta de saída – para o Caribe, por exemplo – ou como porta de entrada – um passeio de carro até Key West , digamos –   justifica agora uma estadia prolongada, leia-se mais andanças para explorar recantos que foram submetidos a melhorias, ou até mesmo transformações – como foi o caso do Miami Design District num bairro desdenhado até então, hoje um hub dedicado ao design de interiores, à  decoração, tendências e modismos no habitat de gente descolada.
Vista da suite do Faena : sem dúvida um cartão postal!

E assim Miami foi  se reinventando, até ficar condizente para servir de modelo como cidade com atrativos ecléticos e glamorosos, quer você tenha 20 ou 70 anos de idade.   Atualmente, um dos  destaques é o Art Basel Miami Beach, um evento de renome internacional  que  depois de ser implementado  em Miami colocou definitivamente a cidade no mapa cultural.
pé na areia, o Faena é a mais nova presença da praia

Seguindo os passos desta tendência cultural , no final do ano passado surgiu o Faena District , mais um bairro direcionado ao mundo das artes. Abrangendo 5 quadras entre o oceano e Indian Creek, desde a 32nd Street à 36th Street, esta área teve como pontapé  inicial o toque de Midas do empreendedor imobiliário argentino  Alan Faena que, junto com o filántropo americano Len Blavatnik,   inauguraram o cinco estrelas Faena Hotel Miami Beach. 

 A mais nova beldade a luzir defronte ao mar azul turquesa na longa faixa de areia de Miami Beach está aninhada no histórico Saxony Hotel,  um marco dos anos 50 conhecido como a Rainha da Avenida Collins, que passou por uma magistral reforma. No entanto,  o investimento portenho foi muito  além da renovação deste antigo  estabelecimento:  houve a preocupação de preservar  o estilo arquitetônico e muitos traços principais da fachada, assim como  detalhes importantes no acabamento, por exemplo o material utilizado nos pisos dos corredores das acomodações, que retratou perfeitamente o ambiente da época.


Assim que pisei no lobby, me senti envolvida – mas longe de ficar constrangida, como poderia acontecer -  pela grandiosidade do ambiente, daquelas que lembram o antigo glamour destes hotéis de meados do século passado. Poderia jurar que vislumbrei  o fantasma de Marilyn Monroe perambulando naquele vestíbulo. 

Envolto em cores vivas e texturas, o vermelho e o veludo predominantes, rodeado por colunas suntuosas e uma impressionante áurea  Art Deco contribuem para compor a atmosfera. Por outro lado,   o clima é descontraído desde o check-in, pois nem há aquele ritual de costume, nem um concierge convencional , e sim uma biblioteca intimista onde o hóspede é recebido como amigo e com um drinque de boas-vindas. 

Em seguida, é levado até a sua acomodação e introduzido ao seu “Faena butler”, um mordomo  cuja tarefa é cuidar pessoalmente de você,  trazendo mimos como frutas frescas e uma garrafa de vinho, e até desfazer a sua mala, além de mostrar como funcionam os gadgets de última geração  existentes na suíte (até mesmo o vaso sanitário é automatizado!!). A nossa era gigante, uma Junior suíte com uma vista estonteante sobre a imensa praia de Miami Beach. Tínhamos duas tevês, a cama era quase um estádio de futebol, o banheiro, de tão glamoroso , acomodava até um recamier para relaxar após uma boa ducha. Do 10° andar, avistava-se lá embaixo o Faena Playa, um trecho de areia pontilhado por guarda-sóis brancos e vermelhos, marca registrada do hotel.

mimos oferecidos na suíte

 Mas, apesar de toda a modernização e inovações  em cada  ângulo que a gente aponta os olhos, é preciso  aplaudir os esforços de Faena  para manter, com a maior autenticidade possível, a atmosfera de uma década encantadora.

 O Faena  District, que vai ocupar cinco quadras com diversos empreendimentos culturais, veio para beneficiar não só os visitantes de Miami , mas toda a comunidade que emoldura o bairro. Veio para dar mais prestígio ainda à cidade e enriquecer o calendário de eventos culturais e artísticos. Veio para dar mais um boom para que Miami ficasse ainda melhor na foto. De fato, isso foi exatamente o intuito de Alan Faena ao delinear este projeto faraônico que mescla com sabedoria e bom senso uma combinação das artes, design, tecnologia, serviços, natureza e sustentabilidade.



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