terça-feira, 12 de julho de 2016

Hotel Tartini, Pirán, Eslovenia

O delicioso cenário que se estende a perder de vista sobre Piran e o mar Adriático

Caso estiver zanzando na Eslovênia, não deixe de incluir o charmoso porto de Piran no seu itinerário. Você vai se deparar com uma cidadezinha discreta, cênica e, posso acrescentar, romântica. Pra completar, vai se dar conta de que é um dos segredos mais bem guardados dos países Balcãs,  cujas fronteiras marítimas são a Itália e a Croácia e as terrestres ainda incluem a Áustria e a Hungria. Uma curiosidade: neste pequeno país com apenas 2 milhões de habitantes ( duas vezes o número de pessoas que lotaram a praia de Copacabana na visita do Papa), você consegue se comunicar em 5 idiomas - o local, alemão, italiano, inglês, croata...Prático,né?

Lugares apropriados para nadar

Embora minúsculo, Piran recebe turistas de várias cidades próximas, principalmente da  capital Ljubljana, a pouco mais de 70 quilômetros de distancia. Como qualquer cidade costeira, Piran- cujo nome, em grego, deriva da palavra fogo – tem  um típico clima mediterrâneo, mas que é considerado como o melhor do país,  pois no verão as temperaturas encostam nos 30º C.

Praça principal de Pirán



 Nesta região do Adriático, os ventos são característicos: o maestral, do oeste e moderado,  o forte  jugo do sudoeste e  o burja do nordeste, mais forte ainda e que é o chamariz de surfistas oriundos  do resto da Europa. Praticamente  incólume à invasão de turistas em comboio ( está proibido o acesso a ônibus), o centro histórico mantém os ares de uma vila de pescadores e uma população abaixo de cinco mil pessoas. Este número só tende a diminuir, pois não há espaço para se expandir na península. Suas casas antigas e sobrados , bem compactados, têm sido reformados  e preservados dentro dos conceitos arquitetônicos que regem a cidade.


O mar praticamente encosta ao longo do cais que emoldura toda a rua principal , e quebra marolas nas muradas  de pedras que protegem a orla. As águas são frescas  e translúcidas,  um convite para os banhistas que se aboletam  de várias maneiras nas “praias” da “promenade” , ou seja, os calçadões de Punta e Madona, na ponta da península de Piran.  A marina é localizada um pouco  mais ao sul e renomada  por ser uma dos mais abrigadas da Eslovênia, graças a um poderoso quebra-mar  próximo aos faróis  e um ancoradouro em forma de ferradura encravado praticamente dentro da praça principal da cidadezinha.  Em dias de maré de sigízia,  no pico da alta, os barcos de pescadores – que são os que ocupam as posições estratégicas  mais perto do porto - ficam praticamente rentes com a orla por onde trafegam os poucos carros autorizados a entrar na cidade. Como regra, os pedestres ficam livres para circular mais a vontade. Apenas os scooters, alugados para turistas, interrompem a rotina pacata.Mas, é a melhor forma de se locomover e explorar os arredores.


Vale a pena percorrer lentamente a cidade de Piran, quer pela atmosfera  descontraída e também para observar as marcas que a história deixou impregnadas  em suas pedras seculares ao longo dos tempo.  Pouco se sabe de fato sobre a  sua origem, que permanece envolta em misteriosas teorias.  Especula-se que Piran, como cidade costeira fortificada, tenha sido habitada a partir do século 5.  Mas, as fortificações de Punta foram construídas no século 7 e indubitavelmente o terracota de suas fachadas são herança de uma era Veneziana.

A praça principal atrai visitantes a qualquer hora do dia e da noite.

E´ uma lição de História passar o dia em Piran, visitando seus museus ( há um interessante Museu Marítimo ao pé do porto) ou  apenas vagando  - e se esgueirando – pelo labirinto de  vielas  estreitas, escadarias e ladeiras sinuosas, adivinhando o rumo das que desembocam em um pátio arejado, diante  de uma igreja, ou de uma barraquinha de frutas e verduras; ou ainda descobrir as que levam até o calçadão em Madona, onde os banhistas se espreguiçam em poltronas para tomar sol, e também sentam para almoçar nos restaurantes a beira-mar.

Tartini , a praça mais concorrida do vilarejo

 Porém, após alguns passos, é fácil notar que existem muitos becos que não dão em lugar algum.  Certas ruelas são tão apertadinhas que mal deixam  penetrar os raios de luz. E´ uma excursão atemporal, a começar pela praça mais badalada, Tartinijev trg, ou Tartini Square, para quem não consegue pronunciar esta palavra no idioma esloveno.

Um passeio a pé até o castelo lá na colina vale a pena, pois a vista é fenomenal...

ruelas estreitas no coração de Piran


 E´ nesta praça, limpa, clara e atraente que pulsa o coração de Piran, lá onde o povo se reúne desde  o século 13, e desde a época  em que era o palco do mercado, em volta do qual todas as instituições municipais foram erguidas, como a Prefeitura e o Tribunal, além de residências importantes.  Curiosamente,  este mesmo local onde se ergue  a estátua do homem que deu nome à praça , o violonista Giuseppe Tartini, costumava ser  um ancoradouro para os barcos de pescadores.

Vista do nosso quartinho sobre o mar, o porto e barcos. Nada mal, né?




Foi também ali que nos hospedamos, num hotel simples, que eu tinha achado em uma das revistas de turismo, e reservei pelo site. Chama-se Hotel Tartini. Embora não ostentasse muitas estrelas, a localização era perfeita, bem no coração da praça principal. Hoje em dia, vasculhando o site, acho que já existe um ou outro com um pouco mais de luxo. Mas, como a gente praticamente só ia pro quarto pra dormir, e nem televisão via, foi muito bom. E, tenho que acrescentar que a vista do nosso quartinho era de doer de bonito, sobre o porto e barcos de pescadores...


Em volta da praça temos de tudo: barzinhos, hotel, farmácia, chocolateria, restaurantes e sorveteria. As mesinhas protegidas por ombrellones garantem sombra e um pouco de brisa fresca aos turistas que se extasiam diante do cenário bucólico de Piran. Desde as primeiras horas da manhã até altas horas da noite, bebericando um café ou uma taça de vinho,  observam o vai-e-vem e tudo o que se passa em volta do marco mais notório da cidade. Nada perturba o burburinho dos visitantes, apenas que, de hora em hora, de meia em meia, de quarto em quarto, das 6 da manhã às onze da noite, os sinos da igreja de São Jorge , que data do século 12,  não apenas tocam como dão aquele toque peculiar a um portinho muito especial. Que é para ninguém se perder na cadência de Piran. 

Na promenade, ao lado do mar, muitos restaurantes e barzinhos atraem os turistas







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