A capital da Eslovênia é uma caixinha de (boas) surpresas, mas ainda não foi invadido pelo turismo de massa. |
Sempre gostei de conhecer
lugares que mal constam do bucket list da maioria das pessoas. Fico
empolgada quando menciono o nome de uma cidade e me olham como se eu
estivesse falando de um novo planeta.
Pedestres passeando entre as Três Pontes, ícone da cidade e onde se aglomeram a maioria dos turistas |
A capital da Eslovênia se encaixa perfeitamente
nesta categoria: Ljubljana já começa pela dificuldade de pronunciar , nunca sei
direito qual é a maneira correta. O jota é mudo ou não? Só dá pra saber quando
você aterrissa lá e o motorista de táxi começa a trocar idéias num inglês
perfeito e no meio do discurso sai "iúbianá" em português
rudimentar. Pelo menos foi o que tentamos imitar durante toda a viagem. Mas,
não dá mesmo não. O idioma eslovêno é indecifrável.
Felizmente, devido à sua
posição geográfica, estrategicamente fronteiriça com a Áustria, a Hungria, a
Itália e a Croácia. Resultado? Falam alemão, italiano, croata, húngaro e
ainda descascam o inglês e o francês. Pronto: ninguém tem como desculpa dizer
que não vai para este país do leste europeu porque não vai entender bulhufas.
Se bobear, hoje a maioria da população local – pouco menos de 300 mil - já arranha até o espanhol e o português.
Me encantei com a cidade imediatamente,
antes mesmo de descer do táxi que nos deixou defronte a um edifício antigo, bem
conservado e imponente, e que viria a ser o Antiq Palace Hotel &
Spa. De fato, o que se transformou num
cinco estrelas foi outrora a residência de uma família nobre e sua construção
data do século 16.
Não é à toa que o ambiente ainda conserva aquela áurea de
aristocracia...Um belo pátio interno, um labirinto de salões e salas para você
se perder, e corredores e desníveis que fazem
você até confundir o andar. Vários objetos de época decoram cada cantinho, mas
o mais agradável é a gentileza de toda a equipe. A atenção que nos prestaram
realmente configurou em poucos minutos aquela primeira impressão de que os eslovenos
sabem ser generosos quando se trata de hospitalidade.
Os aposentos – não tem outra
palavra pra descrever as acomodações deste antigo palacete – são algo
surpreendente, pois extrapolam a dimensão de qualquer suíte júnior ou algo
semelhante. Nosso quarto devia ter pelo menos uns 100 metros quadrados,
divididos entre um verdadeiro salão de festas ( sério, um salão que poderia
facilmente entreter umas cinquenta pessoas) e o dormitório propriamente dito.
A vista panorâmica da cidade vista do alto da colina, onde fica o castelo. |
Pátio interno do Antiq Palace, com muito charme e privacidade |
No entanto, o banheiro era mínimo. Parecia que a ornamentação ainda pertencia
ao passado, sendo que alguém foi dando um retoque de luxo em alguns quesitos
pra tornar os espaços compatíveis com o critério de hotelaria. Mas, isso não é
reclamação: o hotel é excelente, mesmo sendo um pouco retrógrado, estilo velha
guarda. Pode ser que, com o passar do tempo, ele adquira um torque mais moderno
e prático.
Não é por nada que comparam
Ljubljana com a Veneza do leste, embora eu diria que está mais pra Brugges ou
Amsterdam. Tem pontes pra todo lado, com
destaque pra o Triple Bridge, que são três pontes interligadas muito
interessantes do ponto de vista arquitetônico. Os canais são navegáveis, todo
mundo vai curtir um passeio de barco e o centro pedestre é fascinante. Como
toda cidade medieval, o castelo fica no alto da colina e é palco não somente
para uma vista fascinante mas inclusive abriga um museu onde é possível ver
exposições bem interessante. Quando estive lá, vi uma mostra fantástica de
fotografias.
Programa obrigatório: de barco pelo canal |
Teatros e museus fazem parte
do cenário cultural da cidade, assim como as imperdíveis feiras livres e de
antiguidades, onde se absorve muito os hábitos locais. Não dá para não se
deixar contagiar pelo espírito festivo e alegre dos eslovenos, sempre de bem
com a vida. Em volta das praças se
aglomeram centenas de pessoas, sentadas nos vários restaurantes. A comida,
aliás, é uma mescla de todas as gastronomias dos países fronteiriços. O wiener
schnitzel eslovênio – vulgo bife a milanesa, não deixa nada a desejar ao seu semelhante
austríaco e as massas estão à altura de qualquer pasta italiana... No verão,
quando os dias são longos e as noites quentes, é muito comum o público se
reunir em volta das praças para ouvir música ao vivo, principalmente próximo aos bares. A turma gosta de uma cervejinha gelada e a
animação é contagiosa. Logo quando as primeiras luzes se acendem, a cidade é invadida por um clima
feérico e alegre.
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