domingo, 15 de janeiro de 2017

Heure Bleue Palais, Essaouira, Marrocos

Exótica e muito peculiar, Essaouira é um destino que ainda escapa facilmente dos radares. 

E´ pra lá de Marrakech...literalmente.
O porto antigo atrai muitos turistas, e fica agitado o dia todo até escurecer.

Há mais de vinte anos atrás, fizemos uma viagem maravilhosa para o Marrocos com um grupo de amigos maravilhosos. Nosso meio de transporte principal era a bicicleta. E nem era a bicicleta elétrica, não. A gente pedalava mesmo, usando os músculos das pernas e, quando cansava,  a van da operadora Butterfield & Robinson -  que é quem organiza estas viagens de aventura combinando luxo extremo com itinerários bacanas - resgatava os "preguiçosos" e ainda nos brindava com cerveja gelada, frutas e barrinhas de cereais.
Vista sobre Essaouira de dentro do forte

Pois bem, dentre todas as cidades que visitamos, todos os souks que bisbilhotamos e todas as medinas que exploramos ( a pé, que ninguém é de ferro), um dos lugares mais encantadores foi mesmo Essaouira, um pequeno porto localizado na costa sudoeste e que antigamente chamava-se Mogador. Alinhavado pelo Atlântico e nicho para boas rajadas de vento ( ininterrupto durante os meses de julho e agosto), ganhou fama como sítio perfeito para praticar esportes tais como windsurfe, kitesurfe e, desde alguns anos, SUP. Em tempo: os adeptos do surfe também podem deslizar em ondas bem roliças.



No entanto, (ainda) fora do alcance dos radares, Essaouira é um destino inusitado, mas com muita personalidade. Você vai se surpreender como tem coisas legais a serem descobertas e  exploradas. Além disso, o povão é hospitaleiro e não tem aquele assédio ( vendedor disso, vendedor daquilo...) de outras cidades marroquinas. A gente se sentiu seguro o tempo inteiro, sem pressão dos comerciantes pra comprar tudo a qualquer hora. Outra grande vantagem em relação aos centros mais glamorosos é que se pode ir a qualquer época do ano sem ter que disputar a infra com meio mundo. Réveillon, por exemplo. Por ser um país muçulmano, a passagem do ano só é comemorado nas internas, do lado de dentro das antigas porteiras dos hotéis, onde os estrangeiros se deleitam com ceias variadas patrocinadas pelos estabelecimentos. Natal também não consta no calendário deles e por esta razão durante as duas semanas de festas paira no ar uma característica peculiar: as noites são tranquilas e até mesmo no 31 de dezembro você acaba indo dormir à meia noite e dez. Pra quem aprecia o sossego, é nota dez.

A grande diversão é se embrenhar pelas ruelas da Medina e observar o dia-a-dia da população. Ninguém vai te perturbar.

No entanto, os afoitos podem ir dançar nas discotecas espalhadas pela medina - sim, tem isso sim! - e que oferecem música ao vivo  e um ambiente cosmopolita com direito a tomar todas as bebidas alcoólicas do planeta. Tenha fé e encare 4 lances de escadaria pra chegar ao Le Patio pra curtir um visual eclético, compartilhar animação e se divertir. Ah, sobre a bebida?  Pode sim, mas nem em todos os lugares.
Não dá pra tomar nem uma cervejinha  nos estabelecimentos locais, tais como Chez Scow, uma das barracas típicas no mercado de peixe, próximo ao cais, onde servem crustáceos frescos grelhados na hora. Aproveite pra tomar um suco de frutas cítricas naturais, espremidas na hora...E, se é um consolo, fique tranquilo:  na maioria dos restaurantes e bares, e todos os hotéis também, a bebida é liberada.


 Tem mais: Essaouira tem um clima privilegiado:  sol a pino, temperaturas oscilando entre os 18-20 graus sem exceção. Em outras palavras, não fica esquisito colocar um maiô na bagagem e tentar pegar um bronze em pleno inverno. Quase todos os hotéis de luxo têm piscina na cobertura, que sempre se  acopla a um vasto terraço, onde se espalham espreguiçadeiras e mesas. 

Aglomeração de curiosos numa das praças principais da cidade.

Usufruindo da privacidade, como fizemos vários dias no Heure Bleue Palais, um encantador  riad que é membro da conceituada cadeia Relais&Châteaux, e que está encravado num endereço prestigiado, bem próximo a uma das entradas da Medina.
Terraço ensolarado do hotel Heure Bleue Palais, un Relais & Châteaux  com vista espetacular para a Medina.

Antiga residencia do governador de Essaouira, foi remodelada em 2004 para acomodar 33 acomodações de luxo. Todas são voltadas para o pátio interno, conforme a tradição local, porém algumas suítes maiores têm varandas com vista para o mar e a Medina. A comida lá é muito boa, principalmente no restaurante, onde o chef  tem criações próprias bem saborosas. O café da manhã vai até 10:30 - que benção! - e é farto e variado, servido debaixo de palmeiras gigantes, local aprazível abrigado do calor. O serviço é um plus neste hotel, amabilidade e gentileza pra ninguém botar defeito.


Não faltam atividades - principalmente na praia :passeios de quadriciclo, caminhar pela orla na recém inaugurada promenade ( ainda com obras em acabamento), alugar bicicleta e pedalar pelos arredores, se aventurar encima de um camelo ( meio sacolejante, mas vale pra tirar uma selfie...). Cavalos também dividem o espaço da areia com surfistas e banhistas... Se quiser mais autenticidade, fique perambulando pela Medina, resistindo (ou não) às ofertas baratas de artesanato. Tapetes, então, é uma tentação que pode acabar com a sua paciência ou com o seu orçamento - lembrando que uma boa barganha pode ceifar o preço no mínimo pela metade. Detalhe: a língua mais falada depois do árabe é o francês, mas também arranham o inglês e um pouco de italiano e espanhol...Ali na Medina, é mesmo uma torre de Babel!

Nos arredores de Essaouira, paisagens bucólicas.

São todos tão lindos, que qualquer um fica tonto quando penetra naquela grota de Ali Baba, onde você está cercado por um mar de tapetes, cada um mais maravilhoso que o outro. Se pudesse, teria levado uns 50 !! Infelizmente, só deu pra comprar um... Os outros 49 ficam pra próxima visita à Essaouira.

Passeios de quadriciclos pelas dunas prometem emoções forte








Nenhum comentário:

Postar um comentário