segunda-feira, 20 de março de 2017

Hotel Arathena, San Pantaleo, Sardenha, Italia

 
O interior da Sardenha revela paisagens totalmente diversas aos do litoral, e é bem menos explorado


 Para conhecer a verdadeira alma da Sardenha, alugamos um carro e percorremos as províncias de Nuoro, Alghero, Oristano e Sassari,  seguindo um itinerário calcado no agriturismo, uma modalidade de hospedagem que propicia  o contato direto com o povo da terra, suas raízes e tradições. Na Itália,  esta fórmula tem crescido significadamente, pois é uma forma dos proprietários rurais  acrescentarem um dinheiro extra aos seus rendimentos. Sendo assim,  disponibilizam alguns quartos (ou até construíram  chalés em sua propriedade), servem o café da manhã  e alguns incluem até o  jantar nas diárias. A idéia original era acomodar  turistas de passagem. Hoje, já mudou bastante, tem gente que fica dias a fio curtindo o ambiente familiar e a vida da fazenda, que continua seu trabalho rotineiro. 
cena de estrada : é preciso paciência


 Através deste sistema, os agricultores mantém seus negócios e ao mesmo tempo você tem a oportunidade de sentir a verdadeira hospitalidade sarda. Personagens e figuras locais fazem parte da rotina de uma viagem que revela dia após dia muitas características e facetas da cultura e da história destes habitantes, em sua maioria desconhecidas.   

Um carro maleável é o meio de transporte ideal para percorrer a ilha, servida apenas por uma rodovia principal, a D131, e múltiplas estradinhas tortuosas e entrelaçadas, cujas pistas costumam ser esguias. Existe um mar de itinerários serpenteando entre montanhas e em meio a vales verdes, e esporadicamente à beira do Mediterrâneo. São centenas de curvas ornamentadas por falésias, lagos, precipícios, cenas da vida rural e outras paisagens espetaculares, como o labirinto de formações rochosas do Valle della Luna, próximas a Aggius.  Este vilarejo tradicional, situado na Gallura, tem casarios antigos de pedra, cuidadosamente restaurados. 

O agriturismo, que significa se hospedar em “mini-hoteis” , ou pequenas fazendas, foi uma forma dos proprietários rurais acrescentarem um dinheiro extra aos seus rendimentos. Sendo assim, disponibilizam alguns quartos ou chalés em sua propriedade – que continua funcionando produtivamente -  por diárias módicas ( em média, paga-se 70 a 80 euros por pernoite, alguns incluindo o  jantar e sempre o café da manhã) e acomodam turistas que, em geral, só pernoitam. Através deste sistema, os agricultores mantém seus negócios e ao mesmo tempo propiciam aos hóspedes a verdadeira hospitalidade sarda. Personagens e figuras locais fazem parte da rotina de uma viagem que revela dia após dia muitas características e facetas da cultura e da história destes habitantes, em sua maioria desconhecidas.   






Me lembrei muito desta pousada Arathena, quase cor de rosa, construída meio em labirinto, escadas pra tudo quando é lado, mas quando chegamos na nossa suíte - que surpresa! era grande, arejada, acolhedora. Se hospedar em agriturismo é meio loteria, revela surpresas, boas e decepcionantes, mas isso faz parte. O recomendável é montar seu roteiro baseado também nas categorias de hospedagem que você está querendo. Tem pousada de todo tipo, daquela bem basiquinha até a mega estrelada. 
O charme incrível do vilarejo de San Pantaleo



A cada dia, a paisagem ao longo do caminho, além de exuberante, é mutante. Basta atravessar algumas montanhas e vales em direção ao oeste e chega-se ao Golfo dell´Asinara. Castelsardo, na província de Sassari, é uma cidade que data de 1102 e  que se espalha pela encosta de uma formação vulcanica. Lá no topo se ergue um castello medieval, de onde se tem uma vista indevassável sobre o mar. No interior das muralhas, as atrações são as vielas estreitas e butiques de artesanato local. 










A costa oeste desvenda praias extensas de areia branca, como Valledoria, onde kitesurfistas aproveitam o vento forte para fazer piruetas numa lagoa junto ao mar. 

Ruelas estreitas ocultam trattorias perfeitas

Mas, em todo o interior da Sardenha, onde melhor se come é mesmo nas pequenas trattorias , longe das praças principais e de preferência com a presença do dono.  Para saber se acertou na escolha, certifique-se que o número de clientes locais ultrapassa o dos “forasteiros”. O recinto sempre tem um ar de família, o preço é baixo e a comida genuinamente suculenta. Também é preciso levar em conta os horários das refeições. O almoço vai de uma às 3, e enquanto isso o comércio fecha as portas. Não se encontra nem mesmo uma gelatteria aberta neste intervalo. O jantar vai de 8 às 10, no máximo. Lembre-se que nesta parte da ilha não há quase vida noturna...e na manhã seguinte, é preciso acordar cedo para prosseguir viagem, aproveitar o dia e descobrir praias banhadas pelo translúcido Mediterrâneo. Um convite ao mergulho, relaxamento e banho de sol.


 
As spiaggias (praias) próximas a Putzu Idu, um minúsculo balneário composto de algumas modestas casinhas, do Capo Mannu e do Golfo de Oristano, como a de Mari Ermi  e Lu Bardoni, são mesmo  de areia branca ! E desertas, ainda por cima, mesmo na alta estação. O que é um milagre, considerando que a Sardenha atrai uma legião de turistas só por causa de suas praias.  
Praia de Mari Ermi, deserta e mágica

Areia fria, fofa e complicada de se caminhar encima


Um detalhe interessante, é que na realidade estas praias não são de areia fina como as brasileiras, mas sim forradas com microscópicas pedrinhas brancas que afundam com o peso do corpo. Por baixo, há umidade. O contato chega a ser agradável, pois elas não grudam na pele e não esquentam sob o sol de 35 graus. Mas, torna impossível qualquer caminhada, pois a sensação é como pisar encima de cereal. A água do mar, entretanto, é transparente e tranquila quando não venta, mas é fria.

Fantásticas formações rochosas no Vale da Lua

Paisagem campestre 

Auguri! ( Salve!) Esta saudação estará sempre presente no vocabulário do povo do interior da Sardenha. Todo mundo é muito gentil e prestativo, e não são poucos que chegam a sair do seu caminho para orientar e dar informações. Considerando que o dialeto local é bastante ininteligível (mesmo para quem tem boa noção de italiano) as pessoas fazem um esforço para se comunicar em inglês e em último caso, usam até mímica.  Mas uma coisa é certa: um sorriso sardo estará invariavelmente estampado.  

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