quinta-feira, 30 de março de 2017

Pousada Solar d´ Araucária, Gonçalves, Minas Gerais, Brasil

 
Gonçalves, terra das cachoeiras, tão bucólico como esta ilustração de um artista local

Até bem pouco tempo atrás, eu nunca tinha ouvido falar de Gonçalves, um discreto município de 4 mil habitantes, emoldurado pela serra da Mantiqueira e esplêndidas paisagens típicas do sul de Minas Gerais. Devido à sua proximidade com São Paulo, foi perfeitamente viável passar um delicioso final de semana a 2100 metros de altitude, embalada pelo cenário mesclado de cachoeiras, araucárias, colinas, morros e bosques, sempre alinhavados por estradas de terra sinuosas. Infinitamente mais recatado do que seus célebres vizinhos  - Campos de Jordão e Monte Verde -  a cidadezinha,  que é a porta de entrada do sul do estado,  é uma micro região, com personalidade própria e enraizada em suas tradições. 

Cartão postal da região de Gonçalves

Na intenção de acalentar tradições antigas, o povo de Gonçalves conserva alguns hábitos bem pitorescos, como transportar algumas de suas mercadorias agrícolas em carros de boi pelas ruas da cidade, ou ainda se locomover no lombo de cavalos, cujas ferraduras estalam nos paralelepípedos. Muitas das raízes culturais e expressões artísticas preservaram a sua autenticidade, e isso pode ser apreciado durante um dos eventos locais mais representativos, que é o Festival de Inverno, e que será realizado em julho. 

Piscina da pousada com vista indevassável sobre colinas e muito verde


Nos hospedamos na Pousada Solar d´Araucária, em um dos catorze chalés espalhados pelo enorme terreno, todos construídos de maneira diferente, podendo acomodar de casal a família com crianças. De alguns, a vista é para a mata, de outros o hóspede está a poucos passos da cachoeirinha particular da pousada. A decoração é rústica, mas a lareira e a banheira de hidromassagem dão um  toque romântico ao ambiente dos quartos e dos banheiros, a maioria integrada.  No restaurante, o destaque é  o café da manhã, servido no melhor estilo mineiro, com muita variedade de pães, pão de queijo, bolos e produtos caseiros. 

Quedas d´água potentes e poderosas





O que não falta em Gonçalves são cachoeiras.  As mais conhecidas e visitadas são as dos Henriques,  a 9 quilômetros  da zona urbana,  com piscina natural, muito convidativa para banhos;  a do Simão, no bairro dos Venâncios, a cerca de 3 kms da cidade;   a São Sebastião, mais longínqua, cujo acesso se dá através de uma trilha, em 40 minutos;  e  as cachoeiras  Sete Quedas e do Retiro, ambas no bairro do Retiro, que podem ser alcançadas facilmente, pois se encontram a 1,5 km  da cidade. São todas acolhedoras, mas sempre redobre o cuidado na parte de cima, pois a inclinação das quedas é acentuada.

muitas cachoeiras pra admirar ou desafiar

E falando em clima,  a meteorologia  é justamente um dos fatores que encanta os turistas  em várias épocas do ano. Nessa altitude subtropical, raramente o calor passa dos 32 graus, mesmo em pleno verão, mas em contrapartida a temperatura pode despencar até menos 7ºC  entre junho e agosto, atraindo quem gosta de contemplar a natureza transformada pelo frio intenso. Na temporada de inverno, o turismo de aventura e rural proliferam, e inúmeras atividades ao ar livre são praticadas por esportistas, como mountain bike, trekking, passeios a cavalo e excursões em 4x4. E mesmo um só dígito no termômetro não espanta quem é adepto de programas  aquáticos,  como  cascading ou  boia cross ( em que você senta numa boia e se deixa levar pela correnteza do rio), e outras brincadeiras  que podem ser realizadas graças ao grande número de cachoeiras espalhado pela redondeza, a maioria de fácil alcance.

cena urbana
O vilarejo de Gonçalves


E mesmo durante um final de semana chuvoso, encontra-se o que fazer em Gonçalves. No centrinho, tem pequenas lojinhas de artesanato com criações próprias, um farto leque de  restaurantes charmosos com boa gastronomia - de trutas à típica comida mineira -  e uma atmosfera envolvente, muito hospitaleira. A feira de produtos orgânicos, aos sábados, é legendária. Encontra-se de mel a cachaça, marcos de Gonçalves. Fora geleias, doces, legumes, verduras e frutas cultivadas nos sítios dos "bairros" (micro comunidades) próximos. E, convenhamos, nada mais gostoso e romântico, depois de um dia cheio de atividades e tendo se deliciado com as paisagens bucólicas, relaxar no conforto de seu chalé, diante de uma lareira,  com uma taça de vinho na mão.

O generoso café da manhã da Pousada Solar d Àraucária

terça-feira, 28 de março de 2017

NH Geneva Airport, Genebra, Suíça

Não parece, mas é um carro...

Você certamente já teve que pegar um vôo cedo na sua vida. Daqueles que saem antes mesmo das galinhas acordarem. Como fazer pra otimizar a terrível maratona de fazer um check- in ainda na escuridão, passar uma noite quase insone e ficar na nóia de ter esquecido alguma coisa de última hora?

Resposta sensata: durma num hotel de aeroporto. Dependendo qual deles e em que país, isto pode ser uma experiência razoável até. Boa, boa, vai ser difícil, mas vamos lá, tem alguns quesitos que você precisa levar em consideração: a primeira delas é que o hotel precisa oferecer um transporte de cortesia pra levar os sonâmbulos até a porta de entrada do terminal e despejá-los com bagagem e tudo o mais próximo possível ao portão de embarque. Leve sempre em conta que seu aeroporto pode ter vários terminais e às vezes ficam tão distantes uns dos outros que mais vale saltar no terminal correto (isto vale pra o aeroporto de Heathrow, por exemplo).
A outra coisa é levar em conta que os hotéis de aeroporto não acolhem pessoas cuja intenção é passar mais de uma noite ( pelo menos não teria muita lógica, até porque estes hotéis estrategicamente localizados próximos ao aeroporto não custam bagatela, não...)

NH: a apenas 7 minutos do aeroporto, sem barulho de avião...
Ainda mais na Suíça. Mas, pelo menos o NH Geneva Airport é bem razoável e o atendimento bem simpático ( você não se sente apenas como um mero caixeiro viajante de passagem). O restaurante é atraente e os quartos amplos, se comparados com o casulo em que já fiquei dentro ( literalmente) do aeroporto de Gatwick onde sequer tinha janela...Foi um pesadelo adormecer - me senti como dentro de um caixão!!!! Ah, o nome deste hotel é o Bloc - a evitar, principalmente  pra quem é claustrofóbico!
Protótipos: ficção ou futuro?

Outro quesito importante pra quem vai dormir perto da pista de decolagem e aterrissagem: há fortes chances de você ouvir barulho de avião. Uma vez, em Munique, passei a noite sonhando que já tinha embarcado, pois o as decolagens não paravam...Óbvio? Nem tanto. Pois, é possível não ouvir turbina alguma e ainda estar a 4-5 minutos de distancia do seu check-in. Estude sempre a situação do hotel...E se possível, peça um quarto mais privilegiado...
E,  pesquise se dá pra fazer algum programa aprazível nas proximidades do hotel. Em Genebra, por exemplo, dá pra pegar um trem na estação do aeroporto (lembre que o traslado é de graça do hotel até o terminal) e passear na cidade, ir ao cinema, jantar, enfim, curtir a cidade. Depois é só fazer o sentido inverso, lembrando sempre que na Suíça o povo adormece por volta das 10...
Ou, já ouviu falar do Palexpo? Pois é, lá acontece sempre alguma coisa. No caso, fui parar no Salão do Automóvel. Tá, pra quem gosta de carro, é um evento imperdível e se encaixa como uma luva no caso de você ter vindo pernoitar num hotel de aeroporto, pois você vai andando do aeroporto pro local onde acontece um dos eventos mais significativo da cidade. Há 87 anos, diga-se de passagem.
E, é lá que você vai passear por horas, apreciando as últimas novidades ( e loucuras) das companhias de automóveis, que se empenham a cada ano em inovar ( mesmo que algumas novidades parecem maluquices) os belíssimos espécimes de quatro rodas. Ou de três...








Mesmo pra quem não entende nada de automóvel acaba se entusiasmando com tantos modelitos reluzentes, mega coloridos, marcas e mais marcas de todos os tipos - de esportivos ao luxo extremo, clássicos... Os saudosistas vão se derreter com os Jaguar antigos, as Ferraris da década de 60, o mini cooper  de antão que mais parece um brinquedo, o Porsche de linhas discretas que rodava nos anos 70... Enfim, tudo contrasta com carros que sequer precisam de combustível - os futuristas elétricos - ou de motorista - viram drone quando você está preso num engarrafamento. Já pensou? Se aborreceu no congestionamento? Aperta um botão que o seu fon-fon levanta vôo e você , lá de cima, só precisa dar um tchauzinho pra quem ficou dando uma de bobo esperando desatar o nó...

Pra fugir dos engarrafamentos: levante vôo num carro-drone, que tal??

sábado, 25 de março de 2017

Chateau Eza, Èze, França

Vista panorâmica de Eza, um vilarejo aninhado no alto de uma colina. Chàteau Eza fica no topo.
Eza se debruça sobre o horizonte e o mar

Sabe aquele vilarejo que você vê lá de baixo, empoleirado no alto de uma colina? Daqueles que parecem ilustração de um conto de fadas? Daqueles que quando você olha de longe acha que é de mentirinha, uma maquete, e quando chega bem perto tem certeza de que entrou de corpo e alma dentro de um cenário lúdico...eu fico encantada com estes pequenos achados, autênticos nichos medievais, onde o tempo passou batido ou nem parou pra passar, e tudo cheira a antiguinho.
E´ isso aí em Èze. Ou Eza, como também é conhecido.

A vista é de tirar o fôlego: toda a baía da Côte d´Azur aos seus pés enquanto você degusta um daqueles pratos mediterrâneos à base de peixe, camarão e lagosta, regado a um bom vinho regional. Por incrível que pareça, o vilarejo ( onde não entra carro), está a apenas 8 quilômetros de distância de Mônaco e 12 de Nice.

Vista de uma das suítes do Château Eza





Ou seja, vale uma escapada para almoçar, perambular sem rumo pelas estreitas ruelas medievais, garimpando lembrancinhas da Provence pelo caminho ( leia-se sabonetes, bonecos de pano, toalhas de mesa com lindas estampas...) e apreciar a paisagem. Entretanto, quem quiser realmente aproveitar a ocasião para celebrar alguma data, anote: apesar do seu tamanho, Èze oferece hospedagem de alto luxo com estabelecimentos de primeira categoria. 
Dá para comemorar em grande estilo no Château Eza,  também conhecido como o Castelo do Príncipe da Suécia que era o antigo dono deste hotel-restaurante, cuja construção data do século XV e tem 10 suntuosas suítes que se debruçam sobre o mar cristalino a mais de 1000 metros de altura. O serviço é “real” - e as diárias, diga-se de passagem, também- mas uma estadia lá vale cada tostão. Detalhe: as suas bagagens são trazidas por um burrico. Pudera: como você deve ter imaginado, lá não tem carro. O estacionamento fica no pé da montanha e de lá é preciso galgar escadarias, ladeiras, pequenos becos, ruelas sem saída, passando por um montão de casinhas, prédios residenciais, restaurantes, lojinhas...até chegar no topo.



Três tipos de crème brûlée, que é pra você descer rolando...

 Mas, mesmo sem fôlego, tem-se duas recompensas: a vista deslumbrante e a comida fabulosa servida no restaurante do Château Eza. Lembrete: reservas feitas com bastante antecedência, principalmente se a sua intenção é agendar pra junho ou julho,  e implore pra sentar numa mesa do terraço, imperdível, porque você vai se deleitar com tudo de uma vez só: a gastronomia e o cenário.


Imponente de todos os ângulos, Èze é um destino em si.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Ponta dos Ganchos Exclusive Resort, Governador Celso Ramos, Florianópolis


Pescador na rotina do dia-a-dia e suas redes

O próprio nome Ponta dos Ganchos derrete na boca assim como as meras 24 horas escorregam dia adentro, insuficientes para que se possa desfrutar de tudo que este resort tem a oferecer. Bem escondidinho num vilarejo de pescadores chamado Ganchos, a pouco mais de 70 quilômetros da capital Florianópolis,  ostenta o rótulo de Virtuoso, uma grife que alia o luxo supremo com um serviço irrepreensível. Ou seja, o resort é um destino em si. 

Além de ser uma experiencia pra lá de relaxante, você é mimado desde o instante em que pisa naquele cenário lúdico, ornamentado por luxuosos bangalôs onde você vai ficar embevecido com...adivinhe, se puder...depois eu conto, tintim por tintim.





Como faço todos os anos, me escondo em certas datas. E pra isso preciso achar um esconderijo perfeito. Especial. Único. E nos Ganchos, fomos realmente tratados como celebridades. Um nicho de perfeições. 


Prainha particular


Este esconderijo tem tudo: a nossa suíte tinha uma vista que se debruçava sobre o mar, onde dava pra observar o dia-a-dia dos pescadores e suas redes coloridas. Estávamos acomodados em aproximadamente 80 metros quadrados, onde desfrutamos de uma sauna particular, uma jacuzzi, dois chuveiros, dois banheiros, uma cama mega king size, uma piscina de fundo infinito ( para aquecê-la,  basta apertar um botão), um terraço com  espreguiçadeiras e amenidades l´Occitanne por todos os lados. Além disso, tínhamos roupões felpudos, dezenas de toalhas, uma máquina Nespresso, um mini bar aberto para bebidas sem álcool e petiscos, uma lareira ((lembrando que em Santa Catarina as temperaturas podem se tornar alpinas) estrategicamente instalada diante de uma mega televisão de tela plana...



Sem contar com a garrafa de Imperial Brut que deixaram num balde de gelo como cortesia.
A comida é maravilhosa, e sempre tem um chef famoso que se responsabiliza pelo cardápio , que muda conforme as estações. Ou seja, come-se muito bem, com variedade e opções criativas. Nas datas especiais, como Páscoa, eles preparam surpresas gastronômicas e eventos como música ao vivo.
Passear em volta do resort, isso era também um programa, porque você pode simplesmente caminhar ou então solicitar um carrinho de golfe pra vir buscar você na sua suíte. Digamos que você não é preguiçoso, mas caiu o maior toró – temporal de verão! – que pegou todo mundo de surpresa. E aí, você apela pro carrinho de golfe.




Pode também estar na praia particular gostosinha que fica a poucos passos do seu bangalô, vai que começa a chover ( acontece mesmo, principalmente depois do almoço...) e aí você não quer se molhar.
Spa entre a natureza


Você concluiu bem: mesmo se chover, o Ponta dos Ganchos não é um hotel em que o tédio te pegue desprevenido. Também não mata ficar ‘preso” na suíte. Esqueci de mencionar que tem um Spa Dior para revigorar espírito e corpo a qualquer momento. Massagens, tratamentos...Ai, chega uma hora em que você até se cansa de se sentir como uma celebridade! 




segunda-feira, 20 de março de 2017

Hotel Arathena, San Pantaleo, Sardenha, Italia

 
O interior da Sardenha revela paisagens totalmente diversas aos do litoral, e é bem menos explorado


 Para conhecer a verdadeira alma da Sardenha, alugamos um carro e percorremos as províncias de Nuoro, Alghero, Oristano e Sassari,  seguindo um itinerário calcado no agriturismo, uma modalidade de hospedagem que propicia  o contato direto com o povo da terra, suas raízes e tradições. Na Itália,  esta fórmula tem crescido significadamente, pois é uma forma dos proprietários rurais  acrescentarem um dinheiro extra aos seus rendimentos. Sendo assim,  disponibilizam alguns quartos (ou até construíram  chalés em sua propriedade), servem o café da manhã  e alguns incluem até o  jantar nas diárias. A idéia original era acomodar  turistas de passagem. Hoje, já mudou bastante, tem gente que fica dias a fio curtindo o ambiente familiar e a vida da fazenda, que continua seu trabalho rotineiro. 
cena de estrada : é preciso paciência


 Através deste sistema, os agricultores mantém seus negócios e ao mesmo tempo você tem a oportunidade de sentir a verdadeira hospitalidade sarda. Personagens e figuras locais fazem parte da rotina de uma viagem que revela dia após dia muitas características e facetas da cultura e da história destes habitantes, em sua maioria desconhecidas.   

Um carro maleável é o meio de transporte ideal para percorrer a ilha, servida apenas por uma rodovia principal, a D131, e múltiplas estradinhas tortuosas e entrelaçadas, cujas pistas costumam ser esguias. Existe um mar de itinerários serpenteando entre montanhas e em meio a vales verdes, e esporadicamente à beira do Mediterrâneo. São centenas de curvas ornamentadas por falésias, lagos, precipícios, cenas da vida rural e outras paisagens espetaculares, como o labirinto de formações rochosas do Valle della Luna, próximas a Aggius.  Este vilarejo tradicional, situado na Gallura, tem casarios antigos de pedra, cuidadosamente restaurados. 

O agriturismo, que significa se hospedar em “mini-hoteis” , ou pequenas fazendas, foi uma forma dos proprietários rurais acrescentarem um dinheiro extra aos seus rendimentos. Sendo assim, disponibilizam alguns quartos ou chalés em sua propriedade – que continua funcionando produtivamente -  por diárias módicas ( em média, paga-se 70 a 80 euros por pernoite, alguns incluindo o  jantar e sempre o café da manhã) e acomodam turistas que, em geral, só pernoitam. Através deste sistema, os agricultores mantém seus negócios e ao mesmo tempo propiciam aos hóspedes a verdadeira hospitalidade sarda. Personagens e figuras locais fazem parte da rotina de uma viagem que revela dia após dia muitas características e facetas da cultura e da história destes habitantes, em sua maioria desconhecidas.   






Me lembrei muito desta pousada Arathena, quase cor de rosa, construída meio em labirinto, escadas pra tudo quando é lado, mas quando chegamos na nossa suíte - que surpresa! era grande, arejada, acolhedora. Se hospedar em agriturismo é meio loteria, revela surpresas, boas e decepcionantes, mas isso faz parte. O recomendável é montar seu roteiro baseado também nas categorias de hospedagem que você está querendo. Tem pousada de todo tipo, daquela bem basiquinha até a mega estrelada. 
O charme incrível do vilarejo de San Pantaleo



A cada dia, a paisagem ao longo do caminho, além de exuberante, é mutante. Basta atravessar algumas montanhas e vales em direção ao oeste e chega-se ao Golfo dell´Asinara. Castelsardo, na província de Sassari, é uma cidade que data de 1102 e  que se espalha pela encosta de uma formação vulcanica. Lá no topo se ergue um castello medieval, de onde se tem uma vista indevassável sobre o mar. No interior das muralhas, as atrações são as vielas estreitas e butiques de artesanato local. 










A costa oeste desvenda praias extensas de areia branca, como Valledoria, onde kitesurfistas aproveitam o vento forte para fazer piruetas numa lagoa junto ao mar. 

Ruelas estreitas ocultam trattorias perfeitas

Mas, em todo o interior da Sardenha, onde melhor se come é mesmo nas pequenas trattorias , longe das praças principais e de preferência com a presença do dono.  Para saber se acertou na escolha, certifique-se que o número de clientes locais ultrapassa o dos “forasteiros”. O recinto sempre tem um ar de família, o preço é baixo e a comida genuinamente suculenta. Também é preciso levar em conta os horários das refeições. O almoço vai de uma às 3, e enquanto isso o comércio fecha as portas. Não se encontra nem mesmo uma gelatteria aberta neste intervalo. O jantar vai de 8 às 10, no máximo. Lembre-se que nesta parte da ilha não há quase vida noturna...e na manhã seguinte, é preciso acordar cedo para prosseguir viagem, aproveitar o dia e descobrir praias banhadas pelo translúcido Mediterrâneo. Um convite ao mergulho, relaxamento e banho de sol.


 
As spiaggias (praias) próximas a Putzu Idu, um minúsculo balneário composto de algumas modestas casinhas, do Capo Mannu e do Golfo de Oristano, como a de Mari Ermi  e Lu Bardoni, são mesmo  de areia branca ! E desertas, ainda por cima, mesmo na alta estação. O que é um milagre, considerando que a Sardenha atrai uma legião de turistas só por causa de suas praias.  
Praia de Mari Ermi, deserta e mágica

Areia fria, fofa e complicada de se caminhar encima


Um detalhe interessante, é que na realidade estas praias não são de areia fina como as brasileiras, mas sim forradas com microscópicas pedrinhas brancas que afundam com o peso do corpo. Por baixo, há umidade. O contato chega a ser agradável, pois elas não grudam na pele e não esquentam sob o sol de 35 graus. Mas, torna impossível qualquer caminhada, pois a sensação é como pisar encima de cereal. A água do mar, entretanto, é transparente e tranquila quando não venta, mas é fria.

Fantásticas formações rochosas no Vale da Lua

Paisagem campestre 

Auguri! ( Salve!) Esta saudação estará sempre presente no vocabulário do povo do interior da Sardenha. Todo mundo é muito gentil e prestativo, e não são poucos que chegam a sair do seu caminho para orientar e dar informações. Considerando que o dialeto local é bastante ininteligível (mesmo para quem tem boa noção de italiano) as pessoas fazem um esforço para se comunicar em inglês e em último caso, usam até mímica.  Mas uma coisa é certa: um sorriso sardo estará invariavelmente estampado.  

Na rede, al fresco, Poconé, Mato Grosso


Cara de amigo ou não? Melhor não colocar nada ao alcance de sua mão...
Olhar xpto... 

Animais silvestres, como os coatis, jacarés, veados e tamanduás não costumam surgir na sua frente com facilidade. Muito menos numa rodovia. Porém, ao longo dos 196 quilômetros da Transpantaneira, uma larga estrada de terra em linha reta, que começa em Poconé e termina às margens do rio Cuiabá, em Porto Jofre, no Mato Grosso, é possível se deparar com qualquer um destes bichos – e muitos outros -  atravessando a pista de um lado para o outro.


Entrada da Transpantaneira: uma surpresa a cada curva

 Além de observar estes cobiçados espécimes da fauna brasileira, na área da Transpantaneira é também possível praticar atividades ecoturisticas de baixo impacto ambiental, como longos passeios a cavalo, pesca esportiva, passeios de bicicleta off-road, canoagem e, claro, o tradicional bird-watching. E como se não bastasse, outro indescritível espetáculo da natureza é o sol poente que, no formato de uma enorme bola laranja, ilustra mais um cartão postal deste Patrimônio da Humanidade.

Mas, é fundamental se acostumar com a rotina do Pantanal, que começa antes das 6 horas da manhã, pois bicho não tem essa coisa de dormir até tarde. O objetivo é contemplar o máximo de animais quando estão buscando o que comer e ver como se comportam. E é apenas nestas poucas horas matinais que conseguimos captá-los fora de suas tocas e ninhos. Depois o sol é tão forte que todos se recolhem novamente ao seu habitat, enquanto vocês, turistas (convencionais) felizardos, merecem se estirar na beira da piscina, com direito à sombra e água fresca.

Fofos, este micos. Mas, evite se aproximar, pois podem se tornar agressivos.

 Ou, melhor ainda, saboreando uma deliciosa caipirinha. À tardinha, recomeça a programação. Os mais esportivos podem optar por longas pedaladas pela estrada, ou fazer um passeio de canoa canadense em determinados trechos do rio, onde se abrigam muitas espécies de animais e aves sob os aguapés.
Até agora, está tudo dentro dos parâmetros do turista padrão, que aproveita a natureza ao seu redor sem arriscar nada e se hospeda na pousada como gente grande. Mas, quem não arrisca não petisca o melhor do Pantanal.



Vamos falar então das cavalgadas, que levam os turistas através de extensos descampados, que ficam alagados na época da cheia - tome nota, a partir de julho, já é época da seca.  Sem problemas, pois o cavalo da raça pantaneira é totalmente adaptado ao meio ambiente. Passear por algumas horas é agradável, no entanto estas aventuras podem ser estendidas por um ou dois dias, dependendo do roteiro escolhido. Resolvi arriscar uma noite al fresco, com a promessa de que seria um programa imperdível, único e inesquecível. Deveras.


O cavalo pantaneiro, tranquilo e dócil, acostumado com o terreno nem sempre transitável.

Mas, dormir no meio da natureza pode apetecer apenas às pessoas que não se incomodam com, digamos, a possibilidade de se deparar com um animal silvestre. Se for um coati, ainda passa. Um veadinho, mais bonitinho ainda. Um tamanduá é simpático. Uma onça já vai mudar o cenário, mas, convenhamos, é muuuuuuuuuito raro isto acontecer. Tem peão que admite nunca ter visto uma em décadas de peregrinações mata adentro. Então, isto não me deixou nervosa. Uma cobra atravessar o caminho, isso sim, dá calafrios.


Noite adentro, então, seria um pesadelo. Ainda mais que você dorme em redes. E redes até nada sofisticadas, tanto que na ocasião uma delas rasgou e o infortunado dorminhoco teve que se arranjar de improviso - acabou deitando encima de uma mesa comprida, alimentando a fogueira de hora em hora, afim de evitar que qualquer coisa se aproximasse do acampamento.


Juntando a tropa de manhãzinha

O cenário selvagem vale este programa. Casais de araras sobrevoando os descampados no final da tarde, os sobressaltos eventuais - você nunca sabe qual é o bicho que vai aparecer na sua frente... Macacos me mordam, mas é um sem-fim de bugios ( nem sempre com cara de muitos amigos...), a mata emite uns sons assustadores que nem sempre são identificáveis aos ouvidos de urbanoídes... O climax da chegada do grupo durante o lusco-fusco no acampamento improvisado, apear do cavalo após cinco horas na sela - isso  traz uma sensação indescritível de realização ( e alívio). E todo o espírito aventureiro sobressai, você ajuda a montar as redes no redário, abastecer a fogueira, depois é só sentar em volta do fogo e esperar que saia o churrasco. Isso mesmo, churrasco, cerveja gelada, quem diria!  Que você, faminto, vai degustar como se estivesse no melhor restaurante do mundo. E não é?

Bate papo de comadres e compadres