quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Mandarin Oriental, Paris, França


Pôr-do-sol parisiense não é brincadeira


Numa ensolarada manhã de junho de 1819, Benoit Véro cerra a porta de seu açougue, que fica na esquina da rua Montesquieu, e atravessa a rua para realizar o grande investimento de sua vida: comprar os dois imóveis situados  bem em frente ao seu estabelecimento. A sua idéia, e a do seu associado e homem de negócios François Dodat, é construir um empreendimento imobiliário diferente, unindo os prédios por um elaborado telhado de vidro, formando assim uma passagem coberta entre as ruas Jean Jacques Rousseau e Croix-des-Petits-Champs.


Precursores dos shopping centers, os passages e galerias de Paris  vêm sendo redescobertos por quem quer fugir do alvoroço das ruas e dos grandes magazines.


Descobertas incríveis nas galerias centenárias

 Sete anos mais tarde, sob o reinado de Carlos X, inaugurava-se na capital uma das mais belas criações arquitetônicas do gênero, a Galerie Véro-Dodat. Bem iluminado por luz natural de dia e agraciado com lamparinas à noite, protegido do frio, da chuva e do sol, o local se torna ideal para a instalação de pequenas butiques, que enfileiradas de um lado e de outro, fazem florescer um comércio eclético e sofisticado nos seus 80 metros de extensão. Batizada como galerie porque soava mais chique, a Véro-Dodat é considerada até hoje como uma das mais elegantes de Paris, devido à sua decoração muito elaborada.

 Discreta, porém estrategicamente localizada próxima ao Palais Royal, hoje continua abrigando lojas de antiquários, exibindo mobília centenária e outras vitrines raras, como restauradores de bonecas antigas. Curiosamente, (sinal dos tempos!) estes comerciantes tradicionais convivem em harmonia com os segmentos modernos que encontraram verdadeiros nichos nestes redutos históricos.

 Mas, mesmo antes de surgir a Galerie Véro-Dodat como marco em 1826, algumas construções pioneiras, como o Passages des Panoramas, , marcam o início de inúmeros empreendimentos de estruturas transparentes e decoração elaborada. O auge se dá principalmente entre 1823 a 1828 e numa segunda fase, de 1839 a 1847, quando insuflados por uma onda de especulação sem precedentes, pipocam passages por toda a Rive Droite, concentrados nas grandes avenidas e ruas movimentadas frequentadas pelas multidões e em bairros emergentes como a Madeleine, onde se encontravam os terminais das diligências.


 Além disso, também são construídos passages contíguos às salas de espetáculos, atraindo o público que se deliciava em perambular de um lado ao outro para ver e ser visto na saída do teatro ou da ópera. Basta contar que existiam mais de 150 galerias e passages em 1870, mas embora este fenômeno só proliferasse em Paris nesta época tardia,  a idéia de passagens cobertas já era antiga, e sempre existiram em formas variadas dependendo das civilizações. Um dos moldes mais conhecidos universalmente é o souk árabe.

Muito mais do que um atalho entre duas ruas reservado a pedestres, os passages e as galerias se transformam em verdadeiros refúgios para os consumidores parisienses que, desde o início, se regozijavam com a oportunidade de poder fazer compras sossegados de loja em loja, sentar-se num café para ler o jornal, abrigados do barulho dos veículos destrambelhados, das intempéries e, detalhe,  sem ter que sujar os sapatos de lama pelas ruas ainda sem calçadas da Paris de meados do século XIX. E mais: à noite, eram os únicos lugares públicos iluminados por lamparinas a gás.

Palais Royal 

 Entretanto, quando surgiram os amplos magazines e os shopping centers em edifícios modernos,  os estreitos passages  com suas pequenas butiques caíram em desuso. Somente no final das últimas décadas é que se reacende o interesse por estes tradicionais redutos, locais de inspiração onde hoje, como antigamente, dá para fugir do caos automobilístico e do fluxo turístico de massa. 
Verdadeiras caças a tesouros podem ser empreendidas nestes oásis de tranqüilidade, onde preciosidades se escondem em seus recintos, tanto para leigos como colecionadores. Sebos e livrarias especializadas, outrora também salões de leitura, lojas de fantasias, objetos antigos, peças raras e um comércio de luxo selecionado são os figurantes destes cenários arquitetônicos, hoje convertidos em templos culturais e históricos. E gastronômicos, é evidente, pois não faltam cafés, bares, delicatessen, e restaurantes gourmês, que fisgam o passante pelo olfato. Além disso, há salões de beleza, brechós e redutos de designers, onde grifes famosas compartilham democraticamente os espaços com os dégriffés .

Mandarin : Rue Faubourg St. Honoré, um endereço clássico e fachada discreta

 Existem até mesmo hotéis, recatados porém cheios de charme rétró , como o Chopin, um dois-estrelas encravado no final do Passage Jouffroy e vizinho de porta do Musée Grévin, museu de cera instalado bem no começo da galeria. Mas, pessoalmente, recomendo o sofisticado Mandarin Oriental, que fica a walking distance de muitos destes passages. Você está no Faubourg St. Honoré, em si um endereço histórico, onde se alinham as melhores griffes. O hotel em si é muito discreto, é fácil passar na calçada e nem reparar a sua entrada. Até o letreiro é low profile.  O glamour fica lá dentro, em seu jardim aconchegante, e no ambiente de bom gosto, ali os hóspedes estão imersos em um verdadeiro oásis de tranquilidade e luxo até nos pequenos detalhes. Marca registrada dos Mandarins.
Conforto e serviço impecável são marcas registradas 



Outro reduto interessante é o Passage Verdeau, nicho de aparelhos fotográficos antigos e imagens originais para os aficionados da arte. Por 3 mil euros, quem quisesse poderia se apropriar de uma autêntica câmera tricoma W. Bermphol Berlin exposta na vitrine da loja Photo Verdeau, que ao longo dos duzentos anos de sua existência sempre pertenceu a fotógrafos. Em outro local, nos Passages des Panoramas,  que desemboca no Boulevard Montmartre,  o espaço já é conhecido pelos amantes da filatelia e também pela abundância de lojinhas onde são vendidos cartões postais antigos. Raridades como o visual da Avenida Paulista no início do século XX ou até imagens rurais do interior do Brasil e lindas vistas panorâmicas podem ser flagradas  - e compradas por cerca de 40 euros cada – na loja do sr. Patrick Prins, que apesar de não precisar exatamente quantos cartões possui na sua loja, garante que são mais de 300 mil. “ As pessoas vêm aqui por curiosidade, mas muitas querem ver se conseguem encontrar alguns familiares nos cartões postais de antigamente,” revela ele, que manipula diariamente caixas e mais caixas de postais oriundos do mundo inteiro, escritos ou virgens, e devotamente catalogados por ele e o filho. Ao atravessar a porta estreita deste pequeno universo, entra-se numa máquina do tempo, de história e de...saudosas lembranças do passado.


cartões postais antigos trazem à tona muitas lembranças
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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Cabanas Narasgandup, Isla Naranjo Chico, San Blas, Panamá



Um motu cercado de águas transparentes




Se você começou a ler esta matéria vendo essas fotos, vai achar que estamos no Taití. E´, parece mesmo. Mas não é. Você está a apenas 8 horas de vôo – direto, ainda por cima -  do Brasil. Porque  esta paisagem cinematográfica é Panamá. E pra chegar até lá, embarcamos num bimotor  às 6 da manhã rumo a Porvenir, uma das 365 ilhas que fazem parte do arquipélago de San Blas, do lado caribenho do Panamá. Assinalando que apenas 50 destas ilhas são habitadas e só 5 têm pista de pouso.


Algumas nuvens e 25 minutos mais tarde, pousávamos na pistinha do aeroporto, que consiste basicamente numa única oca onde alguns nativos se apressam a retirar as malas do bagageiro e deixá-las no gramado.

O piloto nem desliga os motores, embarca as pessoas que aguardavam em fila indiana ao lado do avião, faz uma manobra e decola como um passarinho. Cada um dos doze passageiros se apossou de seus pertences e seguiram em direção ao cais de madeira, embarcando em veleiros ou canoas para diferentes destinos.


A Comarca de San Blas não é um lugar propício ao turismo de massa. Apenas 5 ilhas possuem uma tira de pouso para quem voa da Cidade do Panamá. Não há como se locomover de uma ilha para a outra a não ser por mar. Depois não existe nenhum hotel “decente” pois as ilhas pertencem aos Kunas e eles não querem deixar os grandes empreendimentos invadirem as suas praias. 

A rusticidade das acomodações não espanta quem aprecia a originalidade

Salvo algumas cabanas, rústicas até dizer chega, não há como se hospedar em terra firme. Cuidado: prepare-se para acomodações espartanas, sem o menor luxo e zero de amenidade.  O chão é de areia. Mas, quem está procurando roupões felpudos quando tem um mar destes na soleira, ninguém pra atrapalhar o descanso e ainda pode aproveitar a mansidão da água par nadar, praticar SUP e até mergulhar ...





São contadas nos dedos, no máximo umas quatro deste tipo de pousada, cabanas com telhado de coqueiro seco, como os das Cabanas Narasgandup. Banheiro privativo nem pensar e todos os hóspedes comem numa mesa. O inusitado vence o sofisticado, o  convívio é na santa paz. A comida pode não ser fantástica, mas o peixe é fresco e os Kunas, que providenciam o serviço, fazem as coisas dentro do possível.



Mas, por outro lado, San Blas é um favorito dos velejadores  calejados que já rodaram o mundo e se apaixonaram pela região e seus paradisíacos motus, embora todos os ancoradouros estejam expostos ao vento e tem rochas, pedras e corais à proximidade.  Por isso é importante saber escolher com cuidado o local para pernoitar. Não que isso seja difícil, pois raramente se viu um arquipélago tão bonito.  


Kuna Yala é a terra dos Kunas. Estes índios podem ser os últimos dos puros carib que habitavam o caribe antes da chegada dos Espanhóis. Mas San Blas  parece ter mudado pouco desde os tempos  antes da Conquista Espanhola, um resultado da tenacidade do povo Kuna. 


E se  o mar translúcido lembra o do Taiti, em contrapartida o povo é muito diferente das belíssimas meninas retratadas por Gauguin.


Cada mulher tem um traço preto delineado da testa até a ponta do nariz e muitas vezes suas bochechas são vermelhas, por causa da aplicação exagerada de rouge. Além disso,  usam um lenço  vermelho e amarelo na cabeça, com o qual elas  escondem seus rostos quando ficam envergonhadas.  Nas narinas, um anel de ouro e colares de ouro pendurados. Pulseiras feitas com miçangas, envolvendo braços, tornozelos e batatas das pernas. E´ para mantê-las finas – um sinal de beleza. Cada cultura com seu gosto...

 Fotografar os Kunas não é tão obvio assim. Principalmente quando se trata das mulheres, que são as figuras mais pitorescas do lugar. Elas muitas vezes cobrem seus rostos e podem até fechar o tempo. Ou fingir que vão se zangar, para depois baixar a guarda mediante uma módica “taxa”  de U$ 1 para se deixar captar pelas lentes. Elas usam um “sapuret” , um pedaço de pano com motivos coloridos amarrado em volta da cintura e a “mola” uma blusa ornamentada tanto na frente como na parte das costas e na qual costuraram apliques bem coloridos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Régent Petite France & Spa, Strasbourg, França



O moderno se mescla com o antigo : charme garantido


Conhecida como a Pequena Veneza, a capital da Alsácia, não chega a ter tantos canais e nem leva turistas para passear em gôndolas, mas exalta charme em todos os cantos. O melhor é explorar tudo a pé, e admirar os detalhes arquitetônicos das casas chamadas " à colombages", que descreve um estilo de acabamentos externos edificados em madeira, uma técnica amplamente utilizada desde a Idade Média até o século 19.

Passeios de barco ao longo dos canais é um dos programas favoritos

A catedral é visita obrigatória e quem tiver disposição pode subir ao topo
A paradinha estratégica na cidade é válida, a caminho de outros destinos. Ela é gostosinha de andar e fora dos meses de verão ainda vazia. Claro que nos finais de semana os lugares icônicos como a Place Kleber e os arredores da Catedral estarão formigando de turistas.
Escolha um hotel pertinho do centro, que é pra você poder largar o carro no estacionamento e desfrutar de Strasbourg a pé. Bater perna mesmo. O dia todo. Ou então passear de barco, nos canais, o que diverte e assim você vê a cidade sob outro ângulo.


Muito bem localizado, o Petite France fica colado ao centro histórico

Não faltam hotéis de luxo, mas até os estabelecimentos mais discretos esbanjam charme. Strasbourg não era nosso destino final, mas sim o marco inicial de uma viagem de pénichette pelos canais da Alsácia. Marco, aliás, delicioso, pois a cidade é um encanto. Principalmente se você se hospeda no Régent Petite France & Spa, clássico endereço e um hotel mega bem situado a alguns passos do centro histórico. E´ só sair pra rua, virar a direita e atravessar uma ponte. Pronto, você entrou na máquina do tempo.

As ruelas estreitas são emolduradas por estas charmosas relíquias ultra bem conservadas.  A cada esquina, tem um lugarzinho charmoso pra tomar uma cerveja, ou sentar na calçada e ficar olhando o mundo passar.
Imperdível, para quem tem disposição e físico, é galgar os 370 degraus da esplendida catedral Notre Dame de Strasbourg para admirar a vista lá do topo.

Vale o esforço: Strasbourg vista de cima
Cansa um pouco, quem tem vertigem deve evitar esse programinha - mesmo que queira queimar calorias.  O cenário é para acabar de  tirar o fôlego. E, depois, voce está a poucos minutos da borbulhante Place Kleber,  de várias lojas e dos atrativos restaurantes e cafés.  Tudo a pé, e mesmo que de repente voce se perca no labirinto de pequenas ruas, acaba sempre encontrando o caminho de volta ao hotel.

Ao ar livre, vários cafés e restaurantes atraem os  turistas e locais

Tem muitas lojas pra fazer compras, e aos sábados sempre se esbarra numa feira ao ar livre, onde dá pra comprar as especialidades gastronomicas locais, como  queijos, salsichões e outros embutidos. Também tem feirinhas de antiguidades, brechós e butiques que são um chamariz.

ervas e temperos vendidos em feiras livres aos sábados

O clima nas ruas de pedestres é sempre animado, os restaurantes lotados e a comida muito bem preparada. Sem contar que a cerveja é nota 10.

Place Kleber, point de encontro

domingo, 21 de agosto de 2016

Solar Mirador, Praia do Rosa, Florianópolis, Santa Catarina



                                                Baleia fazendo piruetas diante dos nossos olhos

O Rosa – como é carinhosamente chamada a Praia do Rosa - está circundada por várias lagoas salgadas e doces, como a bucólica Lagoa do Meio e a do Piri, e deve o seu nome à família que vivia lá há dezenas de anos atrás. Localizada a 70 quilômetros de Florianópolis, em Santa Catarina, este antigo reduto de casinhas de pescadores e moinhos de mandioca atrai centenas de pessoas por dia, em sua maioria surfistas em busca das melhores ondas do litoral sul e com condições ideais durante o ano inteiro.

Surfe, chimarrão e praia vazia
Em alta temporada, o lugar tem um fluxo enorme de turistas, mas mesmo assim, acordando cedo, é possível encontrar longas faixas de areia branca quase desertas. Principalmente se a opção for ir ao Canto Norte, onde os surfistas vão chegando em doses homeopáticas.

 O bom astral é tanto que é de praxe todo mundo se cumprimentar, ou mesmo compartilhar a sua cuia de chimarrão – hábito bastante comum na areia, já que os vizinhos gaúchos são frequentadores assíduos do lugar.


Nos meses de inverno, toda a orla vira palco para as estripulias das baleias francas, que passam quase três meses habitando este trecho do litoral sul, onde dão cria e as amamentam até ficarem fortes o suficiente para zarparem rumo a águas (ainda mais) frias. O impressionante é a convivência pacífica entre surfistas, banhistas e admiradores, pois estes monumentais mamíferos chegam tão perto da praia que dá para observá-los a olhos nus. Quando fomos, ainda era possível chegar bem pertinho deles, que não se intimidam com a aproximação de humanos.



Ao longo dos últimos anos, abriram-se as portas de charmosas pousadas para abrigar um fluxo cada vez mais crescente de visitantes, que escolhem a Praia do Rosa para passarem férias ou feriados prolongados. Hoje, há excelentes opções de hospedagem para agradar a todos os gostos, algumas de destaque como o Solar Mirador, cuja vista inebriante sobre toda a faixa de praia e a Lagoa do Meio já faz jus ao nome.



 A pousada, membro das cadeias Conde Nast Johansen e Circuito Elegante, conta com apenas 11 suites e um bangalô “ lua de mel”, todos individuais com varanda e alguns com deck e jacuzzi, que inspiram ao descanso e ao namoro. Por estarem de frente para o mar, o difícil mesmo é desgrudar os olhos do panorama incrível que desponta no horizonte desde os primeiros raios de sol até o anoitecer. O serviço é irrepreensível, deixando cada hóspede à vontade e sentindo-se em casa.
O varandão se debruça sobre uma paisagem cinematográfica
Num primeiro impulso, assim que acorda, você quer mesmo é ficar debruçado no terraço da pousada, admirando a vista e, de longe, em tamanho liliputiano, os surfistas que domam as ondas perfeitas do Rosa. Mas aí, devido às calorias armazenadas durante o farto café da manhã, a razão leva vantagem sobre o coração e você acaba criando coragem para descer uma centena de degraus até a lagoa para ser levado num simpático bote até a praia.



 Uma vez lá, já não há mais desculpa para deixar de explorar toda a extensão do Canto Sul – onde está o burburinho – ao Canto Norte – onde a praia fica sendo praticamente sua.  Os mais aventureiros podem dar uma esticada até a lagoa de Ibiraquera, subindo por uma trilha através de pastos e descampados, alcançando o topo de uma colina de onde se desvenda um panorama de 360º.  E´ de ficar boquiaberto. O passeio culmina com um almoço bem típico em um dos pequenos restaurantes na beira da lagoa – que pode ser atravessada a pé na maré baixa e de canoa na alta.



Invariavelmente, é uma corrida para se chegar a tempo de estar bem posicionado para admirar o pôr-do-sol, seja do deck de sua varanda particular ou deitado numa espreguiçadeira tomando um drinque na beira da piscina, enquanto a luz vai aos poucos se esvaindo, deixando serpentinas rosadas riscando o céu.

 Em noites de lua cheia, prepare-se para outro espetáculo grátis : um fragmento de bola luminosa desponta de repente no horizonte, como uma laranja pálida, e aos pouquinhos vai emergindo de dentro d´água até se libertar completamente e invadir o céu. O solar Mirador, convenhamos, não foi batizado com esse nome à toa.


A vista de cima do morro é espetacular

Felizmente, a assiduidade dos aficionados do  esporte em nada atrapalha quem está à procura de um lugar sossegado para descansar, tomar sol e curtir longas caminhadas ao longo de toda a extensão da praia.  Tanto estes esportistas quanto os moradores, em sua maioria pessoas que fugiram do tumulto das cidades grandes e encontraram no Rosa um oásis de paz e beleza natural , têm verdadeira ojeriza à desordem causada pelo turismo de massa e buscam de todas as maneiras preservar a sua praia. 
Trilhas arenosas levam de uma praia à outra

 E quem não surfa ou prefere caminhar, ao seu redor há trilhas quilométricas que serpenteiam nos morros e nas encostas,  possibilitando chegar a mirantes de onde se desvendam as vistas mais espetaculares da região. São uma atração a mais para quem ouviu falar da lenda do Caminho do Rei,  uma  famosa rota traçada  pelo meio da mata, e que se estende de Florianópolis até o sul do estado, na divida com Torres, no Rio Grande do Sul. 

O caminho abrange as encostas de todas as praias, como Pinheira, Garopaba, Ferrugem, Ouvidor, Vermelha, e passando,  é claro, pelo Rosa.  Embora este caminho tenha caído em desuso, houve uma fase de intenso movimento comercial em meados do século XIX. 


 Antigamente, os portugueses com  escravos carregavam mercadorias, baús abarrotados de moedas  e outras riquezas em ouro e prata nos lombos de mulas. Subiam e desciam pelas trilhas, as quais desmatavam com coragem e disposição.  Segundo reza a lenda, muitas destas arcas foram enterradas pelo caminho, e o que se sabe é que algumas pedras levam as marcas que sinalizam a presença de um tesouro. Dizem, também, que alguns foram encontrados por nativos da região, mas este segredo ninguém desvenda...   


Alberg Hospiz Hotel, Sankt Christoph, Aústria

Exímios esquiadores curtem a neve fofa ...


O inverno europeu está ainda bem longe, mas é agora que é recomendável fazer reservas pra ir esquiar, Principalmente se as pistas que você está de olho se encontram no Arlberg,  uma região austríaca mega procurada por exímios esportistas e adeptos dos esportes de inverno. Vale tomar nota que as estações na Áustria costumam abrir logo na segunda semana de dezembro. Antes do Natal, s tarifas são mais em conta...

Igrejinha com características típicas

A razão pela qual o Arlberg é reputado se deve aos quilômetros de pistas e os circuitos interligados entre estações, como Zürs, St. Anton, Lech e St.Christoph, que propicia experiências deliciosas e jamais se cai na mesmice ou monotonia. Por estarem  uma juntinha da outra, considere que você consegue esquiar em todas elas sem ter que tirar a roupa de esqui. No máximo, pra quem perde o fôlego, basta pegar um ônibus local que leva e traz os esquiadores de uma estação à outra.

Em outras palavras, se você se hospeda em St.Christoph, no Alberg Hospiz, que é um dos quatro hotéis da estação -  que na realidade se compõe de apenas quatro hotéis e meia dúzia de pequenos chalés e dois ou três comércios - dá pra descer esquiando até o vilarejo de St. Anton onde existe movimento, restaurantes, várias opções de alojamento, butiques, spas e muito mais. O programa ideal é se organizar pra passar a manhã - o bondinho, a apenas 100 metros do hotel - abre as  8:30 - deslizando pela redondeza de St.Christoph, que oferece inúmeros itinerários pra você nem ter que repetir pista alguma, e lá pelo meio dia seguir as setas que indicam St. Anton.

A maneira austríaca de arrumar as camas
Hospiz  : quarto com vista
Happy hour se passa na neve, ao ar livre, a caminho de volta no fim do dia

Como são centenas de pistas, dá pra optar por caminhos mais light, e outros intermediários. As pistas pretas são brandas se comparadas com outros países. E se distinguem por terem muitos bumps (calombos)  De qualquer forma, ninguém precisa ser craque pra esquiar ali, pois há níveis de dificuldade pra todas as aptidões.

O Hospiz é daqueles típicos hotéis de luxo à la Austríaca, que tem um alto padrão de hospitalidade. Geralmente, estes estabelecimentos pertencem a uma família local, e são administrados por seus membros. Ou seja, é comum o proprietário circular pelos ambientes como bar, lobby e restaurantes (só no recinto do hotel tem 3)  e cumprimentar hóspede por hóspede, se apresentando e também indagando se a pessoa está satisfeita, se precisa de mais alguma coisa...


No quesito acomodação, as suítes não são muito amplas, embora o banheiro seja gigantesco. Pessoalmente, alguns metros quadrados a mais seriam bemvindos, pois roupa de esqui ocupa muito espaço e acaba que você joga tudo encima da única poltrona.

O ritmo de quem esquia ( e não está mais na faixa dos 30 ) é bastante óbvio: a energia tem que ser armazenada pro esporte. Assim, nada de dormir tarde porque lá pelas 8 da madrugada já tem que levantar, se vestir com toda aquela parafernália e descer pra tomar café da manhã. Coma tudo que tem direito ( o bufê é genial, tem de tudo o que se pode imaginar em termos de iguarias e especialidades austriacas) e depois sai direto com os esquis no ombro pela porta térrea do hotel, onde se guarda o equipamento, e que já dá na rua, praticamente em frente à cadeirinha que leva você às alturas. Não chega a ser uma altitude assustadora, mas estamos falando de 2500-2800 metros. A grande vantagem é que as pistas são loooooongas, nada de pegar cadeirinha a cada cinco minutos.


Caminho fácil pra chegar a St. Anton : atravessando vales e montanhas