terça-feira, 23 de agosto de 2016

Cabanas Narasgandup, Isla Naranjo Chico, San Blas, Panamá



Um motu cercado de águas transparentes




Se você começou a ler esta matéria vendo essas fotos, vai achar que estamos no Taití. E´, parece mesmo. Mas não é. Você está a apenas 8 horas de vôo – direto, ainda por cima -  do Brasil. Porque  esta paisagem cinematográfica é Panamá. E pra chegar até lá, embarcamos num bimotor  às 6 da manhã rumo a Porvenir, uma das 365 ilhas que fazem parte do arquipélago de San Blas, do lado caribenho do Panamá. Assinalando que apenas 50 destas ilhas são habitadas e só 5 têm pista de pouso.


Algumas nuvens e 25 minutos mais tarde, pousávamos na pistinha do aeroporto, que consiste basicamente numa única oca onde alguns nativos se apressam a retirar as malas do bagageiro e deixá-las no gramado.

O piloto nem desliga os motores, embarca as pessoas que aguardavam em fila indiana ao lado do avião, faz uma manobra e decola como um passarinho. Cada um dos doze passageiros se apossou de seus pertences e seguiram em direção ao cais de madeira, embarcando em veleiros ou canoas para diferentes destinos.


A Comarca de San Blas não é um lugar propício ao turismo de massa. Apenas 5 ilhas possuem uma tira de pouso para quem voa da Cidade do Panamá. Não há como se locomover de uma ilha para a outra a não ser por mar. Depois não existe nenhum hotel “decente” pois as ilhas pertencem aos Kunas e eles não querem deixar os grandes empreendimentos invadirem as suas praias. 

A rusticidade das acomodações não espanta quem aprecia a originalidade

Salvo algumas cabanas, rústicas até dizer chega, não há como se hospedar em terra firme. Cuidado: prepare-se para acomodações espartanas, sem o menor luxo e zero de amenidade.  O chão é de areia. Mas, quem está procurando roupões felpudos quando tem um mar destes na soleira, ninguém pra atrapalhar o descanso e ainda pode aproveitar a mansidão da água par nadar, praticar SUP e até mergulhar ...





São contadas nos dedos, no máximo umas quatro deste tipo de pousada, cabanas com telhado de coqueiro seco, como os das Cabanas Narasgandup. Banheiro privativo nem pensar e todos os hóspedes comem numa mesa. O inusitado vence o sofisticado, o  convívio é na santa paz. A comida pode não ser fantástica, mas o peixe é fresco e os Kunas, que providenciam o serviço, fazem as coisas dentro do possível.



Mas, por outro lado, San Blas é um favorito dos velejadores  calejados que já rodaram o mundo e se apaixonaram pela região e seus paradisíacos motus, embora todos os ancoradouros estejam expostos ao vento e tem rochas, pedras e corais à proximidade.  Por isso é importante saber escolher com cuidado o local para pernoitar. Não que isso seja difícil, pois raramente se viu um arquipélago tão bonito.  


Kuna Yala é a terra dos Kunas. Estes índios podem ser os últimos dos puros carib que habitavam o caribe antes da chegada dos Espanhóis. Mas San Blas  parece ter mudado pouco desde os tempos  antes da Conquista Espanhola, um resultado da tenacidade do povo Kuna. 


E se  o mar translúcido lembra o do Taiti, em contrapartida o povo é muito diferente das belíssimas meninas retratadas por Gauguin.


Cada mulher tem um traço preto delineado da testa até a ponta do nariz e muitas vezes suas bochechas são vermelhas, por causa da aplicação exagerada de rouge. Além disso,  usam um lenço  vermelho e amarelo na cabeça, com o qual elas  escondem seus rostos quando ficam envergonhadas.  Nas narinas, um anel de ouro e colares de ouro pendurados. Pulseiras feitas com miçangas, envolvendo braços, tornozelos e batatas das pernas. E´ para mantê-las finas – um sinal de beleza. Cada cultura com seu gosto...

 Fotografar os Kunas não é tão obvio assim. Principalmente quando se trata das mulheres, que são as figuras mais pitorescas do lugar. Elas muitas vezes cobrem seus rostos e podem até fechar o tempo. Ou fingir que vão se zangar, para depois baixar a guarda mediante uma módica “taxa”  de U$ 1 para se deixar captar pelas lentes. Elas usam um “sapuret” , um pedaço de pano com motivos coloridos amarrado em volta da cintura e a “mola” uma blusa ornamentada tanto na frente como na parte das costas e na qual costuraram apliques bem coloridos.

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