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Um motu cercado de águas transparentes |
Se você começou a ler esta matéria vendo essas fotos, vai achar
que estamos no Taití. E´, parece mesmo. Mas não é.
Você está a apenas 8 horas de vôo – direto, ainda por cima - do Brasil. Porque esta paisagem cinematográfica é Panamá. E pra chegar até lá, embarcamos
num bimotor às 6 da manhã rumo a Porvenir, uma das 365 ilhas que
fazem parte do arquipélago de San Blas, do lado caribenho do Panamá. Assinalando que apenas 50 destas ilhas são habitadas e só 5 têm pista de pouso.
Algumas
nuvens e 25 minutos mais tarde, pousávamos na pistinha do aeroporto, que
consiste basicamente numa única oca onde alguns nativos se apressam a retirar
as malas do bagageiro e deixá-las no gramado.
O piloto nem desliga os motores,
embarca as pessoas que aguardavam em fila indiana ao lado do avião, faz uma
manobra e decola como um passarinho. Cada um dos doze passageiros se apossou de
seus pertences e seguiram em direção ao cais de madeira, embarcando em veleiros
ou canoas para diferentes destinos.
A
Comarca de San Blas não é um lugar propício ao turismo de massa. Apenas 5 ilhas
possuem uma tira de pouso para quem voa da Cidade do Panamá. Não há como se
locomover de uma ilha para a outra a não ser por mar. Depois não existe nenhum
hotel “decente” pois as ilhas pertencem aos Kunas e eles não querem deixar os
grandes empreendimentos invadirem as suas praias.
A rusticidade das acomodações não espanta quem aprecia a originalidade |
Salvo algumas cabanas,
rústicas até dizer chega, não há como se hospedar em terra firme. Cuidado: prepare-se para acomodações espartanas, sem o menor luxo e zero de amenidade. O chão é de areia. Mas, quem está procurando roupões felpudos quando tem um mar destes na soleira, ninguém pra atrapalhar o descanso e ainda pode aproveitar a mansidão da água par nadar, praticar SUP e até mergulhar ...
São contadas nos dedos, no máximo umas quatro deste tipo de pousada, cabanas com telhado de coqueiro seco, como os das Cabanas Narasgandup. Banheiro privativo nem pensar e todos os hóspedes comem numa mesa. O inusitado vence o sofisticado, o convívio é na santa paz. A comida pode não ser fantástica, mas o peixe é fresco e os Kunas, que providenciam o serviço, fazem as coisas dentro do possível.
Mas, por
outro lado, San Blas é um favorito dos velejadores calejados que já rodaram o mundo e se
apaixonaram pela região e seus paradisíacos motus, embora todos os ancoradouros
estejam expostos ao vento e tem rochas, pedras e corais à proximidade. Por isso é importante saber escolher com
cuidado o local para pernoitar. Não que isso seja difícil, pois raramente se viu um arquipélago tão
bonito.
Kuna
Yala é a terra dos Kunas. Estes índios podem ser os últimos dos puros carib que
habitavam o caribe antes da chegada dos Espanhóis. Mas San Blas parece ter mudado pouco desde os tempos antes da Conquista Espanhola, um resultado da
tenacidade do povo Kuna.
E se o mar translúcido lembra o do Taiti, em contrapartida o povo é muito diferente das belíssimas meninas retratadas por Gauguin.
Cada mulher tem um traço preto delineado da testa até a ponta do nariz e muitas vezes suas bochechas são vermelhas, por causa da aplicação exagerada de rouge. Além disso, usam um lenço vermelho e amarelo na cabeça, com o qual elas escondem seus rostos quando ficam envergonhadas. Nas narinas, um anel de ouro e colares de ouro pendurados. Pulseiras feitas com miçangas, envolvendo braços, tornozelos e batatas das pernas. E´ para mantê-las finas – um sinal de beleza. Cada cultura com seu gosto...
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