quinta-feira, 30 de junho de 2016

Vila Kalango, Jericoacoara, Ceará





  
Simples e bela: Jeri, um oásis entre dunas
  
O ano era 1991 quando um conhecido mencionou pela primeira vez o nome de Jericoacoara. Falava sobre um lugar remoto e muito especial, no litoral do Ceará,  que havia sido descoberto por hippies e meia dúzia de turistas intrépidos.  Mas até mesmo o nome, que na linguagem dos índios Tremembé significa " lugar de descanso para jacarés", era difícil de pronunciar e captar, quanto mais memorizar.



Porém, as poucas pessoas que já tinham estado lá garantiam que o lugar era nada menos do que fascinante, um oásis de tranquilidade debruçado sobre o mar e dunas altas,  emoldurando um pacato vilarejo de pescadores. Ansiosa por descobrir um destino fora da rota turística, comecei a procurar por alguma informação mais precisa sobre Jeri - como era assim chamado e cujo apelido perdura até hoje. Porém, todas as tentativas acabaram em frustração: nem mesmo os guias mais descolados tinham qualquer dica, e além de definições toscas  sugadas em folhetos de algum agente de viagem local, que prometiam "as melhores férias de sua vida nas praias mais preservadas do Brasil", não encontrei nada. 

Beleza selvagem em cada canto

Ao comentar com alguns amigos para onde iria, todos brincavam - "Jeri...o quê!?" e o resto, já dá para imaginar - qua,qua,qua!!! -  e a palavra se transformava rapidamente em zombaria. Ainda assim, quis pagar para ver e planejei uma ida a Jeri, levando a tiracolo marido e dois filhos pequenos.


Foram 305 quilômetros de estrada do aeroporto de Fortaleza até Jijoca, de onde enfrentamos um primeiro desafio: não existia ( e não existe até hoje) uma via de acesso asfaltada que levasse a Jeri;  Havia, sim, uma estrada de areia, sinuosa e sem sinalização, traçada entre dunas, que percorria os 23 quilômetros que a separavam desta cidadezinha. A opção era fazer este trajeto a bordo da marinete, uma espécie de ônibus sem portas nem janelas e bancos de madeira, único meio de transporte seguro para quem queria chegar ao destino sem atolar no areal. Por outro lado, a perspectiva de uma aventura que iria durar cerca de duas horas deixaram as crianças super animadas.

O pôr-do-sol é sempre concorrido pois os turistas sobem a duna para apreciar o final de tarde.

E a recompensa chegou na última curva, desvendando o cenário mágico de Jericoacoara: beirando o mar plácido, dezenas de casinhas rústicas encravadas no meio de um coqueiral, uma praia deserta e o sol rapidamente se transformando numa bola de fogo despencando atrás da linha do horizonte.   Em compensação, a nossa pousada estava muito aquém da magia:  um quarto mínimo, cama de alvenaria, sem luz elétrica ou água quente,   e um cano ao invés de um chuveiro. Amenidades, zero. As crianças rapidamente apelidaram o lugar de "Hilton Jeri", mas, ao mesmo tempo, pularam de alegria quando descobriram que iriam dormir nas duas redes penduradas encima do nosso colchão.

Redes: indispensáveis na cultura cearense
 Acessório indispensável na decoração nordestina, a rede está presente em dez entre dez residências no Ceará - da mais simples à mais luxuosa - e é uma indumentária tão típica e estimada que substitui facilmente a própria cama. Os ocupantes da casa, ricos ou pobres, não perdem uma oportunidade de descansar ou até mesmo pernoitar em suas redes. Pode conferir: uma vez que se dorme numa, dá para entender bem o porque.

Muito embora faltasse estética na acomodação, sobrava beleza neste vilarejo primitivo, com suas alamedas de areia, onde a população ainda utilizava lampiões a gás para iluminar as suas casas. Os restaurantes, modestos estabelecimentos familiares, serviam o famoso pf, com direito a todos os ingredientes locais: peixe fresco, lagostas e camarões, recém fisgados pelas redes. Servidos com arroz, feijão e farinha d´água, saciavam a fome por um preço, digamos, irrisório.




Na manhã seguinte, passeio obrigatório até a Pedra Furada,  formação rochosa que é o cartão postal mais ilustrativo da região, até hoje. E como não existia nenhuma maneira de se chegar até as praias afastadas, o jeito foi recorrer ao meio de transporte mais genuíno do Ceará: os jegues. E, todos os finais de tarde, subíamos a duna de 30 metros para assistir ao mais incrível pôr do sol. Após uns dias absorvendo a atmosfera fleumática de Jeri, contagiados pelo ambiente descontraído, já conseguíamos pronunciar seu nome. E voltamos para casa com a sensação de termos sido pioneiros.

Tudo isso foi há 21 anos atrás. Mas, até hoje,  Jeri continua um charme. E, felizmente,  apesar da fama crescente mundo afora, o lugar não sucumbiu ao turismo de massa e continua preservado. E, por mais inacreditável que pareça, todas as boas coisas passaram por melhorias. Por exemplo, a própria vila: virou reserva ambiental e graças a isso afastou maiores especulações imobiliárias que poderiam rapidamente desfigurar o perfil de Jeri. E embora a maioria das casas de pescadores mudou de mãos,  não deram lugar a aberrações arquitetônicas. Entremeada por ruas de areia, proliferaram pousadinhas charmosas e restaurantes gourmês, onde saboreia-se receitas sofisticadas oriundas da culinária francesa, tailandesa, italiana e iguarias regionais a preços que se comparam aos das cidades grandes. Surgiu também um comércio eclético que oferece desde artesanato regional a jóias caríssimas, artigos de luxo, butiques famosas  e grifes internacionalmente renomadas. O ambiente é uma torre de babel, onde se misturam turistas oriundos de todos os continentes do planeta, e ouve-se de francês a alemão, inglês, hebraico ou russo. Até os cardápios são bilíngües. O dress code  que impera dia e noite -  roupa de banho, canga, short e camiseta , sandália havaiana -  torna naturalmente todos iguais perante o mar. Paira no ar uma harmonia natural, não há sinal de violência e caminha-se sem susto a qualquer hora do dia e da noite.

Paraíso de windsurfe devido ao vento constante, Jeri atrai esportistas do mundo inteiro no inverno - ou "verão" cearense.


Em Jeri, até vendedor de caipirinha vende fiado. Explicação: por volta das 5 horas da tarde, começa uma peregrinação até a duna  para assistir ao – você adivinhou ! -  pôr-do-sol. Tem gente que sobe a pé, outros a cavalo e uns valentões encaram a subida de bicicleta.  Até o vendedor de caipirinha sobe , levando seu farnel com vários sabores de frutas tropicais. Como nem sempre os turistas têm algum dinheiro no bolso, ele abre uma conta em nome do freguês, para receber depois, de volta à vila. Jeri parece um palco a céu aberto, com milhares de figurantes, cada  um curtindo o seu próprio show.
Pousada Vila Kalango e os quartos sobre pilotis com vista espetacular!

O acesso complicado para Jeri também não descomplicou. Ou seja, a estrada de areia naturalmente limita o tráfego  e somente a marinete e veículos 4x4 autorizados continuam com acesso livre. E embora lugares como o " Hilton Jeri" ainda existam ( há opções para todos os bolsos), as pousadas de luxo oferecem cada vez mais comodidades e mordomias para hóspedes que, por sua vez, também se tornaram mais exigentes. Já por duas vezes nos hospedamos no charmosérrimo Vila Kalango, bem na beirinha da praia. A nossa suíte fica sobre pilotis, a uns quatro metros de altura. Show de vista,  rústico porém de extremo bom gosto. Mesmo que a rede seja onipresente em qualquer acomodação, como manda o figurino cearense, hoje se dorme em cama king size, aninhado em lençóis de algodão egípcio,  toma-se banho de chuveiro quente e se assiste a tv a cabo! - sim, você adivinhou, a luz elétrica chegou em Jeri! No final da noite, o vilarejo se transforma num imenso palco para forrós, festas e celebrações, onde se dança até o sol raiar.


O melhor é visitar Jeri de junho a janeiro, época que os locais descrevem como verão, pois não cai um pingo de chuva e faz calor. E´ a estação que mais atrai windsurfistas, principalmente em praias próximas como a do Preá., onde um verdadeiro arco íris de velas pincela com suas cores vivas o azul imaculado do céu.




domingo, 26 de junho de 2016

The Lodge at Kauri Cliffs, Matauri Bay, Nova Zelândia


Cavalli Bay

A maioria dos 4 milhões de Kiwis ( como o povo Neozelandês é carinhosamente chamado) descende de europeus, é acolhedor  e  de uma gentileza a toda prova. Tudo funciona, da máquina administrativa à infraestrutura turística. E, no quesito natureza, há muita magia pois os cenários são de tirar o fôlego.


 O único porém é que este paraíso fica longe:  saindo  do Brasil, você precisa contar com  pelo menos uma conexão e no mínimo 19 horas de vôo... E ainda por cima  é preciso lidar com um fuso horário maquiavélico, de 16 horas a mais...Mas, apesar disso, a viagem compensa. O fato de que há mais ovelhas do que pessoas (a conta é de pelo menos 18 animais para cada habitante) pode não vir ao caso, mas é muito agradável ter sempre a sensação de que sobra espaço para tudo. A Nova Zelândia, que é formada por duas ilhas, conhecidas  apenas como a Ilha Norte e a Ilha Sul, tem  270 mil km quadrados. Ou seja, é só um pouquinho maior do que o estado de São Paulo. 

Ponta do Puheke:praias desertas na região de Bay of Islands

Num país onde se gasta tanta energia em atividades recreativas e esportivas não podia faltar lugar para repor estas calorias queimadas. De modo geral, você encontra desde o típico fast food até  restaurantes  sofisticados. No cardápio, especialidades oriundas da descendência e imigrantes - asiáticas, européias, orientais...Sem contar os indeléveis pubs, herança britânica por excelência. E falando em pot-pourri,  acrescente a hospitalidade canadense, a eficiência e praticidade americana e a bucólica paisagem suíça. Pronto: voce tem um blend perfeito para definir a Nova Zelândia. Já deu até vontade de pegar o primeiro avião para lá, não?


Eu já fui 4 vezes e acho que ainda terá uma quinta. Da última vez eu queria conhecer a famosa Bay of Islands, a 35 minutos de avião da capital Auckland.  Alugamos um carro no minúsculo aeroporto de Kerikeri e seguimos em frente pela única estrada de mão dupla. Para começar, a paisagem é verde, com campos, pastos e intercalada pelas praias de areia branca, a maioria totalmente deserta.  Para melhor aproveitar a região, tínhamos um roteiro que seguiria rumo ao extremo norte até alcançar a península de Aupuri e se deparar com praias intocadas e desertas como as da ponta do Puheke e Rangiputa.   

No quesito hospedagem, o país está consolidando a sua fama por  armazenar uma nata de hotéis estrelados, mais conhecidos como lodges. Muitas delas são inclusive membros de cadeias mundialmente reputadas, como a do Relais & Châteaux, que é a do discreto e chiquérrimo Lodge at Kauri Cliffs, estrategicamente fincado num promontório ao final de um vale, nosso primeiro stop dentro do itinerário. A vista é indevassável sobre praias, o mar, as ilhas Cavalli e o campo de golfe espetacular que se espalha a perder de vita. Aos adeptos do esporte, este é um endereço premiado, a guardar no caderninho. Emoldurados pela floresta, os cottages individuais ficam afastados da sede, e aninham suítes de generosas dimensões.

The Lodge at Kauri Cliffs, fazendo jus à assinatura de um Relais & Châteaux

Quem não joga golfe pode curtir um imenso parque privado para fazer caminhadas e contar carneirinhos.. ( vai contando...)  Mas também pode bater uma bolinha na quadra de tênis ou nadar na piscina que se debruça sobre o oceano. E, vamos combinar,  quem não se aproveita de um spa?

Suíte espaçosa e requintada,com ambiente aconchegante

18 buracos com vista para o oceano


Temos em Kauri Cliffs a essência da arte de viver num contexto rodeado pela natureza, fiel à filosofia e à assinatura dos Relais & Châteaux.

E impossível conseguir reserva com menos de um ano de antecedência


Como fui parar lá?  porque recomendavam o restaurante. Acabamos indo direto do aeroporto e chegamos no hotel na hora do almoço. Nos serviram com carinho e todo o staff era simpático. O ponto alto, gastronomicamente falando,  é na hora do jantar, quando tem muito mais opções no menu, mas a comida estava perfeita e a sobremesa divina. Depois, fui dar uma volta pelo hotel, para conhecer suas acomodações, já que, pra variar, estava lotado.


Na alta temporada, é quase impossível encontrar vaga, a não ser fazendo reservas com pelo menos um ano de antecedência.

 Alugue um carro no minúsculo aeroporto e siga em frente pela única estrada de mão dupla. Para começar, a paisagem é verde, com campos, pastos e intercalada pelas praias de areia branca, a maioria totalmente deserta.  Aproveite o dia para explorar a região, seguindo rumo ao extremo norte até alcançar a península de Aupuri e se deparar com praias intocadas e desertas como as da ponta do Puheke e Rangiputa.   
sobremesa só de chocolates...

sábado, 18 de junho de 2016

Posada de las Flores Punta Chivato Resort, Punta Chivato, México

Punta Chivato, lugarejo de difícil acesso e Patrimônio Mundial

Essa história eu vou contando aos poucos, porque é bem longa e cheia de episódios. Há alguns anos atrás, subi na garupa de uma Harley Davidson Heritage Classic para encarar mil milhas de um trecho longilíneo emoldurado ao oeste pelo oceano Pacífico e ao leste pelo Mar de Cortés. Percorrer a península da Baja California na D1, ou Transpeninsular, é uma experiência única.

Baía calma, ideal para ancoragem e tirar proveito das praias desertas



Ainda mais de moto, com o vento na cara. Traçamos um ziguezague entre dois mares e o deserto, um cenário árido e desolado salpicado por cactos gigantes, típicos pueblos e, claro, praias estupendas.

O melhor deste tipo de viagem é que você não precisa virar escravo do GPS. E, se fugir dele, acaba descobrindo cantinhos que mal constam do mapa. Um deles foi por intuição e pura sorte. A cerca de 200 quilômetros de Loreto, entre  Santa Rosalia e Mulegê,  existe uma baía em forma de ferradura. O mar é de uma mansidão impressionante, e se torna um ancoradouro ideal para pequenos veleiros. 

Beirando a praia de areia branca e fina, há mansões e casas cujo estilo arquitetônico é uma mescla entre o moderno e o colonial mexicano.  Este oásis de tranquilidade  chama-se Punta Chivato  e não corre nenhum risco de perder seus encantos naturais,  pois é tombado pelo Patrimônio Mundial.

A piscina do Posada de las Flores


Embora seja o reduto de veranistas abastados, o acesso  é (felizmente) precário: 16 quilômetros de estrada  de terra e areia o segregam do asfalto, e ainda assim  não é qualquer veículo que consegue se desvencilhar dos trechos mais traiçoeiros.  Mas, vale tentar chegar até lá, pois o esforço é recompensado pelo cenário irresistível: a  água  azul cobalto do mar de Cortés, os contornos da ilha vulcânica de Santa Inês no horizonte, as praias deliciosamente desertas, os pelicanos empoleirados nas pedras - tudo é cativante.  


Jardim de cactus da Posada 
Encontramos a charmosa Posada de las Flores por puro acaso - e faro...Único hotel butique de Punta, pé na areia,  com vistas deslumbrantes da maioria das suítes, uma piscina acolhedora...que acabou sendo só pra gente, pois literalmente nós éramos os únicos hóspedes naquela noite. Fiquei morrendo de dó de só passar uma noite, aliás. Curtimos um ambiente  mega descontraído, jantamos al fresco à luz de velas num terraço projetado para o mar. Romântico demais!


Praia de las Remelas , trecho de areia deserto ao lado da pousada



Na manhã seguinte, antes do sol virar um maçarico, aproveitamos para explorar a pé duas praias contíguas, absurdamente desertas, perfeitas para nadar ou mergulhar.  Ao retomar a Transpeninsular,  um dos trechos mais cênicos da Baja, seguimos por um traçado curvilíneo tão rente ao mar que por pouco não dá vontade de se atirar literalmente na águas plácidas e reluzentes.  Impressiona  a presença constante dos imensos cactos retorcidos que se erguem, soberanos, em meio a uma paisagem que mescla deserto com pequenas enseadas, onde a água mescla cores que oscilam entre o verde esmeralda e azul turquesa. 
Cactus ornamentam cada pedacinho da paisagem 

Varanda com vista de um dos recantos da Posada de las Flores

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Fazenda Catuçaba, São Luis do Paraitinga, São Paulo




paisagem rural de São Luis do Piraitinga, interior paulista

As pessoas que procuram por regiões menos cobiçadas pelo turismo de massa querem unir o inusitado ao agradável e usufruir da mordomia assim como da natureza ao seu redor. A tendencia é chegar para ficar, deixando o carro no estacionamento e as chaves na mesinha de cabeceira da cama king estofada com edredon e travesseiros mil. pousada.



 A idéia é você tirar proveito do isolamento, desfrutando da natureza. Mas, para conseguir fugir dos lugares convencionais, às vezes é preciso astúcia, como para localizar lugarejos encravados em vales paradisíacos. 




Longe do movimento insensato das cidades grandes, encontram-se   – ou melhor dizer, encravam-se – pousadas em regiões e localidades menos badaladas, mas que surpreendem pelo seu alto nível de infra-estrutura. O ambiente aconchegante é um convite para quem quer passar um final de semana romântico. Ou simplesmente fugir da rotina.  
Reformado , o casarão de 1850 preservou a bela aparência de outrora.


A Fazenda Catuçaba, localizada a pouco mais de duas horas do centro de São Paulo, é um destes estabelecimentos que garante aos hóspedes o máximo em privacidade, e também ofertam uma enorme variedade de atividades de lazer , como cavalgadas, banhos de lago ou caminhadas. O casarão colonial, construído em 1850 foi todo reformado mas manteve sua imponência. Acrescido das amenidades modernas, oferece conforto e espaço em todas as suas acomodações. Mais ainda : conjugam isto tudo à mesa saudável, pois ali, de A a Z, só entra na cozinha produtos orgânicos, cultivados na horta meticulosamente organizada.  Os próprios donos costumam estar presentes e acolhem os poucos convivas - são apenas 8 quartos e duas suítes divididos entre três vilas - como se fossem amigos da família. 
Mas não espere nenhuma tecnologia: nem tevê no quarto tem, que é pra apreciar os barulhinhos da natureza, olhar pra fora da janela e admirar os vários tons de verde...



A comida segue um padrão mega saudável, baseada em receitas caseiras. As refeições são preparadas também no fogão a lenha, o que ressalta um verdadeiro sabor de fazenda. E´ também muito prático, pois ninguém precisa se preocupar em sair do hotel, pegar o carro e rodar quilômetros até chegar a qualquer outro restaurante para almoçar ou jantar fora. A cidadezinha mais próxima é São Luis do Paraitinga, mas não oferece opções suficientes para justificar um deslocamento.


Para crianças também o ambiente é muito agradável, pois podem usufruir de passeios a cavalo, ver como funciona uma verdadeira fazenda, bisbilhotar o galinheiro, acompanhar a ordenha,  brincar com animais de estimação e ainda ajudar a colher verduras e legumes na horta. Uma experiencia e tanta pra quem está acostumado a viver na urbanidade sem contato nenhum com bichos.




Um lago particular em meio à natureza com direito a mergulho nas águas frias...

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Suites Caipiras, Vale das Videiras, Brasil

Paisagem do Vale das Videiras


O Vale das Videiras, a 1200 metros de altitude e meros 20 quilometros - mas off-burburinho -  de regiões serranas mais badaladas,  tem atraído cada vez mais adeptos do turismo ecológico - leia-se ciclistas e praticantes do trekking, que descobriram os encantos das trilhas - muitas delas de difícil acesso e maleabilidade - que estão semeadas pela região. E os desafios fazem a alegria dos esportistas. 
Cavalgadas fazem parte dos programas serranos

Há alguns anos atrás, o vale foi brindado com um novo ambiente de lazer , o Galpão Caipira, que oferece um requintado espaço que oferece serviços que vão de massagens a restauração , passando por vendas de produtos orgânicos, objetos de artesanato e muitas iguarias. Serve café da manhã, almoço e aos  finais de semana fica aberto até mais tarde. Organizam caminhadas, passeios de cavalo e principalmente roteiros de mountain bike. As suas rústicas  prateleiras em madeira , aninhadas num décor de extremo bom gosto e aconchego, estão abarrotadas  de produtos made na serra. O galpão faz jus ao nome, pois praticamente tudo que ali se come (ou cheira), desde queijos, pães,  sabonetes, cremes, velas perfumadas  e até flores, têm  o autêntico  carimbo serrano de qualidade.
A feirinha orgânica dos finais de semana
 
A clientela pode escolher entre produtos a base de leite de ovelha com o selo da Quinta da Pena; geléias, ambrosias e conservas do Sitio Humaytá; pães da Chriska; cachaça, açúcar mascavo e rapadura Du Vale; biscoitos de cacau da Rudá e muitos outros rótulos oriundos de Paty de Alferes, Itaipava, Secretário e , claro, do próprio Vale das Videiras.  Tudo de origem rural. Ainda pode achar ovos caipiras, verduras e hortaliças.



De uns anos para cá também floresceu outro tipo de atividade com o intuito de atrair mais visitantes para o Vale das Videiras. Um projeto bem sucedido é a feirinha orgânica, uma espécie de Farmers´Market , que acontece aos sábados e feriados, no coreto da praça principal do centrinho de Videiras. Ao som de um violão, você pode comprar legumes, verduras e hortaliças diretamente do produtor. São barraquinhas singelas que atendem com carinho os habituês e todos os clientes que sobem a serra para desfrutar de mais uma novidade da localidade.  Houve um efeito dominó e as lojinhas ao redor também aproveitaram para incrementar os seus produtos, então hoje é possível fazer bons achados em pequenos comercios como na floricultura, e ainda degustar iguarias nos restaurantes dos arredores.

Suite com todo conforto e ultra bom gosto

Na prática, os turistas que aportam no  Vale das Videiras chegam de moto,  de carro,  de bicicleta,a cavalo ou a pé. O que estava faltando para completar o quadro era um justamente um pouso, principalmente para aqueles que não se davam por satisfeitos em fazer um bate volta ou pedalar apenas no sábado. Os donos do Galpão viram que existia uma demanda daqueles que desejavam  aproveitar um final de semana inteiro no vale. 
Atendendo a pedidos, a diretoria do Galpão Caipira, o epicentro de todo este movimento turístico, abriu o que podemos intitular com todas as letras de um autêntico Bed& Breakfast. A hospedagem foi simplesmente  batizada de Suítes Caipiras.


Dedicada aos "caipiras" de final de semana, que querem curtir um luxo sem extravagância, sem concierge, mas com conforto e privacidade total. Pernoitar em uma das quatro suítes eco-luxuosas é  um porto seguro com aquele sabor  de aconchego do frio da serra. As camas são king, os lençóis brancos de linho e uma legião de  travesseiros . Nenhum detalhe foi omitido, tem ar condicionado, um excelente banheiro e todas as amenidades necessárias. O decor é rústico e de extremo bom gosto. E, quando acordar, é só ir até o Galpão para tomar um delicioso café da manhã.

Uma característica comum nas pousadas serranas sempre foi a presença dos donos. Esqueça a burocracia pois não existe check In convencional e você é atendido como amigo assim que desce do carro. O atendimento é personalizado e todos os hóspedes são tratados pelo nome. Afinal, você está em casa entre amigos.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Hôtel de Gruyères, Gruyères, Suíça

Uma aparição, como um quadro ou um cenário...


Feche os olhos e imagina que você vai entrar numa caixinha de chocolates...Ou pensa em Branca de Neve e como seria o castelo onde ela nasceu...Visualizou? Então você pode abrir os olhos.


Muralha que cerca o castelo de Gruyères
Idilicamente situado no topo de uma montanha, o vilarejo de Gruyères se destaca no horizonte como uma aparição cênica, digna de uma filmagem de um conto de fadas.


 Quem chega pela estrada, vindo de Bulle, corre o risco de ficar sob efeito hipnótico e não conseguir mais apreciar o que está em sua volta. Seria uma pena, porque a região do cantão de Fribourg é linda, coberta de planícies verdes, campos arados, flores coloridas em abundância, onde antigas fermes ( fazendas) ainda se mantêm em atividade para cuidar de seus rebanhos saudáveis e tilintantes.


O famoso queijo é fabricado logo ali...

A torre do castelo sobressai-se de longe, mas ao mesmo tempo se retrai atrás das muralhas à medida que o visitante se aproxima. São poucos quilômetros que faltam e o caminho para chegar ao destino é simples, pois basta obedecer às placas indicativas e seguir a estradinha curta, sinuosa e sem saída que desemboca no portal da cidade. Como ninguém pode circular de carro em Gruyères, os visitantes são obrigados a estacionar em um dos parkings localizados na entrada.
Entra-se em Gruyères como se estivesse atravessando o túnel do tempo, deixando do lado de fora o século XX. Protegida pelas imponentes fortificações, a cidade é composta por apenas uma larga rua principal que desce e sobe, uma parte  asfaltada e outra calçada de pedra. Ladeada em ambos os lados por autênticas construções, hoje transformadas em hotéis, restaurantes com terraços ao ar livre, lojas de souvenirs e, é claro, nas residências dos habitantes locais, acaba sendo o local mais animado e concorrido da cidade.

 Um magnífico chafariz no centro é mais um atributo de charme. Durante os meses de primavera e verão, os tradicionais vasos de gerânios decoram as janelas de quase todas as casas além das flores que são plantadas nos canteiros como obras de arte.

A vista de um dos quartos do Hotel de Gruyères : melhor do que isso, só dois isso!

Gruyères é um retrato fiel do típico cartão postal suíço que atrai anualmente milhares de visitantes. O programa favorito da maioria, que costuma chegar um pouco antes do meio-dia, é ficar percorrendo o vilarejo, subir até o castelo, explorar as dependências abertas ao público e, no final, almoçar uma típica fondue de queijo, especialidade da região. A sobremesa também precisa figurar no pedido, principalmente durante os meses de verão: morangos ou framboesas frescas cobertas com o insubstituível  double crème ( creme de leite fresco, de consistência  grossa).


centrinho de Gruyères
Aliás, é bom lembrar que o famoso queijo gruyères é fabricado à proximidade, numa fábrica localizada ao pé do morro, junto ao Museu do Queijo. As suas portas abrem para o público, que também pode assistir de camarote como é manufaturado um dos produtos mais afamado da Suíça. O que vai surpreender o visitante é notar que bastam três a quatro homens para produzir uma quantidade enorme de queijos com uma eficiência de dar água na boca.

Apesar de existirem vários hotéis e pousadas, quase todos os turistas reservam apenas um dia para conhecer Gruyères. Ao entardecer, a cidade volta a ter o ambiente de uma pacata vila. Para comprovar, basta retornar à noite e ter o prazer de sentir como se comporta  este idílico vilarejo suíço quando as suas ruas estão praticamente desertas. Porisso eu sempre recomendo passar uma noite lá, que é para conseguir, na manhã seguinte, bater pernas num ambiente sem turista algum. Quando me hospedei pela primeira vez no Hôtel de Gruyères, ainda se chamava Hostellerie des Chevaliers. Hoje mudou de nome mas continua com o mesmo charme. Apesar de estar localizado intramuros, fica a apenas 8 minutos de caminhada até a entrada do vilarejo. E, a boa notícia é que a vista dos quartos que dão para o vale é imbatível!!