Fora da alta temporada, quando os veranistas retornam para o continente,
a doce e selvagem Ilha do Mel é um refúgio ideal, com dezenas de praias
desertas e uma paisagem de tirar o fôlego. Esta Estação de Preservação
Ecológica, situada no estado do Paraná a cerca de 120 quilômetros de
Curitiba, é uma ilha de 27km quadrados em forma de baleia, que foi “descoberta”
por surfistas e hippies na década de 70, mas só se revelou como um cobiçado destino
turístico bem mais tarde.
balsa que faz o traslado de turistas de um ponto para outro. |
Talvez por ter o acesso dificultado, mas principalmente por ser tombado pelo Patrimônio Histórico, conseguiu manter suas características singelas além do conceito despretensioso de sua infraestrutura, herdado dos primeiros pioneiros – até hoje assíduos frequentadores da ilha. Por outro lado, não teve como ser alvo da ganância de investidores e forasteiros, sempre ávidos por edificar hip resorts e mansões de alto gabarito à beira de praias paradisíacas.
Talvez por ter o acesso dificultado, mas
principalmente por ser tombado pelo Patrimônio Histórico, conseguiu manter suas
características singelas além do conceito despretensioso de sua infraestrutura,
herdado dos primeiros pioneiros – até hoje assíduos frequentadores da ilha. Por outro lado, não teve como ser alvo da
ganância de investidores e forasteiros, sempre ávidos por edificar hip resorts e mansões de alto gabarito à
beira de praias paradisíacas.
Praia Grande, uma canoa de pescador |
Vista do nosso quarto na pousada Grajagan: uma praia perfeita para surfistas |
Depois de procurar bastante, cheguei no site do Grajagan Surf Resort. A localização não podia ser mais adequada: bem de frente para o mar, perfeito para os surfistas. Procure reservar uma das melhores acomodações, como o chalé, que tem dois pavimentos, ou uma suíte especial jardim.
As suítes de frente para o mar são pequenas, mas com a vantagem de se debruçarem sobre a praia e o mar. O resort, embora tenha algumas falhas na decoração, é sem dúvida o melhor lugar para se hospedar na ilha. Mesmo que você não surfe, é de lá que você engrena para fazer longas caminhadas. E tome de andar a pé, porque carro não tem mesmo.
Só
carroças puxadas por...gente. Nem supermercado como a gente conhece abriu por lá. Por lei, é proibida qualquer tração motorizada ou
até mesmo animal. Pudera: (você
adivinhou?) não tem rua, só estreitas alamedas de areia. E trilhas que
serpenteiam pelos morros, únicos acessos terrestres entre as vilas, praias,
mirantes e pontos de interesse.
O ambiente descontraído do restaurante da pousada |
Quando os turistas descem da balsa que faz o
traslado Pontal do Sul- Ilha do Mel, carregadores os aguardam na beira do trapiche
(píer) de Brasília ou de Encantadas, e, com suas carrocinhas padronizadas, se oferecem para levar suas bagagens para as
respectivas pousadas – a pé, ziguezagueando por um labirinto de caminhos
tortuosos.
A ilha pode não ser um paraíso para gourmês, mas certamente por lá é que se come pastéis da melhor qualidade e excelentes pizzas preparadas no forno a lenha. Em Brasília, a birosca da Lenir, de frente para o mar, oferece suculentos e enormes pastéis fritos na hora, com recheio de carne ou queijo. Na pousada Grajagan, a pizza vem com massa crocante e fininha e é muito bem servida. Onde há mais opções é na vila do Farol, onde botecos e restaurantes servem refeições, comida a quilo e pratos feitos. Tudo a preço de surfista.
Os itinerários são variados e se entrelaçam, às vezes beiram o mar,
outras vezes se embrenham na mata como artérias. Há momentos em que a gente
perde a noção da direção. Tanto é que há placas por todo lado, pregadas em
lugares estratégicos, postes e árvores, sinalizando e rotulando os destinos,
por exemplo, como “praia Grande”, “trilha do meio”, “trilha do belo”, e ainda
por cima informando a duração da caminhada e a distancia em quilômetros a ser
percorrida. Certamente, é para evitar que os mais desnorteados percam o rumo!
A Gruta dos Encantados é um passeio obrigatório de quem está na ilha, a gruta fica no final da praia doa Bóia, uma extensa faixa de areia defronte a um mar bastante agitado. Conta a lenda que ali viviam lindas sereias trazidas pela maré alta e que atraiam os pescadores para aquele local. Quando as águas não estão invadindo a gruta, dá para penetrar algumas dezenas de metros adentro.
Praia do Miguel : um deleite para caminhantes |
Há três vilas na ilha, sendo que duas delas recebem a maioria dos
visitantes: a do Farol, em Brasília, e a das Encantadas, onde aportam as
embarcações com turistas recém-chegados de Pontal do Sul, última cidade do
continente e de onde se pega a balsa ( ou um barco-táxi) para fazer a travessia de cerca de meia hora
até a Ilha do Mel.
típica rua da Ilha do Mel |
Que, dizem por aí, deve seu nome ao mel silvestre , cultivado
no século 18 e que durante décadas representava o sustento de apicultores
locais e uma força na economia da ilha. Mas, também corre a estória de que deriva
da palavra farinha, produzida da mandioca por famílias alemãs que moravam lá –
farinha, em alemão, pronuncia-se mehl. Outra versão é de que um certo
Almirante Mehl viveu ali há muito tempo atrás. Isso pouco importa. O importante
é que a ilha virou um reduto para o surfe e a pesca esportiva. E principalmente
para quem pretende tirar férias sem esbarrar em muita civilização. De
preferência de março a novembro.
Farol das Conchas |
Desde o século 19, o Farol das Conchas previne os navegantes que circundam a
região. Construído em ferro fundido, este ícone da Ilha do Mel desponta de
quase todos os ângulos, assim como desvenda lá de cima uma vista sobre toda a
ilha. Mas isso só para quem se habilitar a galgar os 140 degraus até o alto do
farol, para ser recompensado com essa visão panorâmica.
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