sábado, 29 de abril de 2017

Mandarin Oriental Knightsbridge , Londres, Inglaterra





Os  narrow boats de Londres: casas flutuantes nos canais ingleses.


Há um tempinho atrás, enquanto passeava pelo bairro de Little Venice, um dos cenários londrinos mais pitorescos e conceituados da cidade, me chamou a atenção o grande número de pequenas balsas ancoradas nas duas margens do estreito canal do Regent’s Park. Curiosa, fui bisbilhotar de perto esta extensa marina, caminhando ao longo do canal. Mas o que eu queria mesmo era saber o que se escondia atrás das portas coloridas fechadas ou semi-abertas destas embarcações de estilo padronizado, cujas proporções nada tinham de convencional: eram tão estreitas que eu cheguei a duvidar que alguém pudesse se mexer lá dentro sem dar um nó nas pernas ou, literalmente, enfiar os pés pelas mãos. 


Outro detalhe curioso eram as suas proas, tetos e popas: de tão ornamentados, seria difícil navegar sem que tudo despencasse dentro das águas turvas do canal. Na realidade, a quantidade de adornos, enfeites soltos, jardineiras presas ao casco e ancoras para lá de enferrujadas, indicavam que a maioria daqueles barcos não tinha intenção de zarpar.  Eu havia acabado de descobrir o modo diferente – e bem britânico – de fazer daquilo que era denominado narrow boat,  um lar. 



Traduzindo ao pé da letra, narrow boat significa barco estreito. Com características muito semelhantes às daquelas balsas que eram utilizadas durante séculos para o transporte de mercadorias, a embarcação tem um calado muito baixo e só serve para a navegação fluvial. A sua largura é de no máximo 1.82 metros, embora o comprimento varie entre 10 e 17 metros. Hoje, este tipo de barco cheio de carga já não trafega nos canais ingleses com esta função, mas a tendência fez com que poucos virassem sucatas: ao longo dos anos foram sendo adquiridos a fim de serem transformados em confortáveis moradias flutuantes por pessoas que enjoaram de morar em casas convencionais.

Além disso, também não faltam na Inglaterra estaleiros que se especializaram em construir narrow boats sob encomenda, novinhos em folha, e com todo um requinte de design de interior. No entanto, por mais transformações e transfigurações internas que se faça, apenas a sua largura jamais poderá ser modificada. A razão é simples: dentro da imensa teia de canais, que soma mais de 300 milhas navegáveis em todo o Reino Unido, há inúmeros túneis cuja largura não ultrapassa os 2 metros.   Os cascos, de madeira, são sempre pintados com cores alegres e as portinholas ganham motivos campestres ou até mesmo medievais.  Por quê? Ninguém sabe explicar.



E’ verdade: não faltam sequer cortinas de renda nas janelas, dezenas de vasos de flores no teto, decoração rústica no convés e adornos pouco ortodoxos nas proas ou no teto das embarcações. Isso sem falar na decoração interna. Se por um lado seus ocupantes optaram por viver de modo diferente da maioria dos seres terrestres, ao mesmo tempo eles não tiveram a mínima intenção de abrir mão dos confortos e da tecnologia usufruída por aqueles que habitam em lugares, digamos, convencionais. Encontra-se de tudo a bordo: do computador à maquina de lavar roupa e louça, do telefone celular à televisão e à tábua de passar, fora a água quente e todos os eletrodomésticos que fazem parte das comodidades indispensáveis para o bom funcionamento de um lar flutuante sobre águas – seja ele “fixo” ou móvel .
 Castelos e rosas são ornamentos pintados nas portas de quase todos os narrow boats e obedecem a uma tradição que remonta desde os tempos em que estas embarcações serviam como meio de transporte fluvial para todas as mercadorias. 
Encontra-se de tudo quando a gente olha os detalhes da decoração, dos enfeites...



Driblar as medidas estreitas é que se torna um verdadeiro desafio. Mas esse pessoal faz proezas: conseguem acomodar cama de casal, banheira e lareira num espaço tão exíguo que só entrando num barco destes para acreditar. E aplaudir. Além do mais, “esticam” seus parcos metros no território fora d’água, ou seja, invadem o estreito cais do Regent’s Canal com vasos de flores, plantas ornamentais e até mesas com cadeiras. Até pátio tem, acolhedor, que é para fazer uma social.  Afinal, mesmo dando preferência para locais mais sossegados do que Little Venice, ninguém é ermitão. Talvez só a Madonna, que mora numa mansão neste bairro chique,  ou o dono da Virgin, Richard Branson, que, dizem por aí,tem até um barco ancorado por ali.


O majestoso lobby do Mandarin Oriental Londres
Hyde Park King Suíte: maior que um narrow boat!


 E já que não dá pra se hospedar num destes com estas dimensões, vale experimentar um hotel majestoso, cujas suítes oferecem pelo menos 4 vezes mais espaço do que nosso charmoso narrow boat. A localização estratégica do Mandarin Oriental, localizado em Knightsbridge  a menos de 5 quilômetros de Little Venice, permite que você se locomova pelos pontos mais requintados e badalados da cidade - por todos os outros meios de transporte possíveis. Em tempo: até mesmo a bordo de um narrow boat-bus, que sai do terminal do zoológico e percorre os canais de Little Venice e Camden Town. 


Um narrow boat navegando.



                           












quarta-feira, 26 de abril de 2017

Hotel JL76, Amsterdam, Holanda



Os passeios de segway atravessam a cidade em poucas horas, faça chuva ou sol 



Em Roma,  como reza o ditado, faça como os romanos. E em Amsterdam, também.  Só que lá, o negócio é pedalar, driblando aquele enxame de bicicletas e pedestres, carros e bondes, circulando pelos canais estreitos e ruas movimentadas. Posso garantir que não é lá uma sensação muito reconfortante, pois os holandeses têm uma destreza atávica, que certamente não se estende aos antepassados de qualquer mortal. Nós somos ciclistas de final de semana ou de beira de praia. Por mais que eu tenha me esforçado a utilizar a magrela como meio de locomoção, eu jamais me senti relaxada ou "passeando no bosque". Sempre fico tensa, nunca sei pra que lado olhar e ainda tenho preguiça de trancar a bicicleta quando estaciono. 


Próximo ao Rikjsmuseum

 Pudera: lá, o povo pedala ao invés de dirigir carro, então não é como se estivessem fazendo exercício. Faz toda a diferença. E você vê nitidamente quando são turistas manejando a bicicleta, sempre se arriscando no fluxo e com isso arriscando o resto da humanidade ainda mais. 


Lobby do JL76 : cozy e íntimista
Mas, nada está perdido, você ainda pode curtir a cidade de outro jeito. Principalmente agora, primavera e tulipas mil...Durante uma de minhas últimas visitas à cidade, me hospedei próximo ao Museumplein, ( leia-se Van Gogh, Stedelijk e Rikjsmuseum ao alcance dos pés) num daqueles hotéis pequeninos com jeito de casa. O  JL76 ( sim, esse nome tipo sigla, que se refere ao nome da rua e o número do prédio!) é bem confortável, com as melhores suítes voltadas para um pátio e livres de qualquer ruído das ruas próximas. O lobby é aconchegante, com mobília colorida e alegremente decorado. O serviço atencioso é um ponto a mais. 


Já ouviu falar numa engenhoca chamada  Segway? Provavelmente já, ou pelo menos viu gente utilizando uma, seja num shopping center  ou aeroportos ( agentes de segurança costumam perambular com isso )  mundo afora.
E´ um meio de transporte individual e bem bolado, divertido e fácil de manejar. A única exigência é usar capacete, mas pelo andar da carruagem, tudo hoje em dia exige capacete...
E é uma super proteção, acredite. Já ouviu dizer que o Bush levou um tombo desta geringonça há décadas atrás? pois é, eu também, pois estava com uma máquina fotográfica na mão e outra no guidão. Não é pra me imitar. Até mesmo um iphone pode causar uma queda indesejável...



Rente aos canais, com precaução

Esta engenhoca, uma fusão entre um scooter e uma patinete, é apropriada para qualquer pessoa de 7 a 77 anos de idade. Impulsionado eletricamente e computadorizado, é, no mínimo, uma revolução no conceito de locomoção, pois imita o equilíbrio do corpo humano e obedece às suas nuanças, por mais sutis que sejam. Com uma simples inclinação, o condutor se movimenta para frente (e para trás também), e faz curvas para a esquerda e direita puxando, empurrando ou virando o guidão com um leve toque das mãos, para onde desejar. E, para frear, basta inclinar levemente o corpo para trás. No fundo, é como andar, só que o Segway tem rodas ao invés de pernas, motor ao invés de músculos e microprocessadores ao invés de cérebro. Fácil, né?  Então experimente fazer um passeio de duas horas pelos circuitos turísticos de Amsterdam de uma maneira bastante inusitada. 




Há várias empresas que oferecem passeios de segway, e os grupos são limitados. Sempre acompanha um guia que, antes de começar o itinerário, faz um treino -relâmpago para que qualquer um se familiarize com o equipamento. Não é preciso experiência prévia e nem é um programa muito oneroso. E a diversão é garantida.
Contudo, leve em conta de que durante os finais de semana as ruas de pedestres não comportam tantos meios de transporte e é recomendável escolher um horário matutino pra se locomover com mais agilidade pela cidade. 
Os segways não são restritos às bike lanes, e nem às calçadas, então transitam muitas vezes pelas ruas. Todo cuidado é pouco.

sábado, 22 de abril de 2017

Masseria San Domenico, Savelletri, Puglia, Itália


Não existe melhor meio de transporte do que a bicicleta para explorar uma região.  

Às oito e meia de uma ensolarada manhã de setembro, um grupo de 20 pessoas, todos vestindo a típica indumentária de ciclista, circulava no lobby do hotel Palace, em Bari, capital da Puglia, no sul da Itália. Algumas conversavam animadamente enquanto outros checavam se os seus pertences estavam no meio da montanha de malas e bagagens empilhadas próximo à entrada principal. Pouco antes das nove, Thilo, um dos guias da Butterfield & Robinson, empresa organizadora da viagem, convocou todo mundo para entrar no ônibus estacionado defronte ao hotel. “Não se esqueçam de levar com vocês os objetos de uso pessoal que irão precisar durante o dia!”, alertou o simpático rapaz, referindo-se às máquinas fotográficas, filmadoras, documentos, dinheiro  e mochilas. 




Quem estivesse observando aquele bando de turistas estrangeiros, a maioria além dos quarenta, poderia pensar que se tratava de mais um punhado de coroas imbuídos de muito espírito de aventura, prontos para iniciar uma viagem de bicicleta através das legendárias oliveiras que florescem nesta região emoldurada pelo Adriático. Em parte, estavam, sim, prontos para explorar este belíssimo itinerário usando a bicicleta como meio de transporte.  Mas por outro lado, havia uma grande diferença entre eles e o típico esportista que leva a suas barras de cereais na mochila, se hospeda em albergue e viaja sem conforto: apesar de estarem trajados para pedalar, este grupo ia pedalar como plebeus, mas se hospedando como reis. 
Chegando de bike no recinto da Masseria San Domenico

O turismo esportivo “estrelado” é para quem quer conhecer uma região e aliar o exercício saudável ao conforto de suntuosas acomodações e aplacar a fome e a sede degustando o que há de melhor em especialidades regionais, tudo regado a champagne e às melhores safras de vinhos. Tem mais: o que poucos acreditam é que (embora possa soar estranho) qualquer pessoa com um mínimo de preparo físico está apta a participar de uma viagem de bicicleta. 
Masseria San Domenico

O outono é uma excelente opção para ir à Puglia. A região já não está mais tão lotada de turistas nesta época e a temperatura baixou dos tórridos 32 graus para amenos 26 durante o dia e dá até para curtir um friozinho de 17 à noite. Embora menos famosa do que a Toscana, a Puglia é muito conhecida devido às masserias , aquelas típicas fazendas fortificadas que há séculos vêm prensando seu azeite, e possuíam sua própria  horta e pomar como meio de alimentar as suas famílias e protegê-las durante períodos prolongados dos invasores que desembarcavam de vários pontos do Mediterrâneo. Além disso, no solo da Puglia existem nada menos do que 40 milhões de oliveiras milenares, responsáveis por 40% da produção total do azeite em todo o país. Hoje em dia, inúmeras masserias foram reformadas para se transformarem em hotéis de luxo ou restaurantes gastronômicos. Algumas delas, aliás, serviriam de pouso para aquele bando de turistas estrangeiros que (lembra?) perambulavam pelo lobby do hotel em Bari, ponto de partida para uma viagem de bicicleta durante a qual iriam percorrer cerca de 360 quilômetros em 7 dias, explorando desde vilarejos adormecidos até sitos arqueológicos e cidades medievais, curtindo as paisagens deslumbrantes que se revelam a cada curva das estradinhas que serpenteam entre as oliveiras.

Alberobello: a cidade dos trullis, típicas casinholas da região, em forma de cône.

Pedalando em meio às oliveiras
Além dos dois guias, que estão sempre pedalando com a gente, há também as vans de apoio para acompanhar o grupo durante todo o tempo. Ou seja, esta não é uma viagem de bicicleta com o objetivo de testar o limite de sua aptidão física ou transformá-lo em super atleta: cada um segue o seu ritmo e se cansar antes do final do itinerário, ou tiver qualquer probleminha, basta fazer um sinal com a mão para o guia, e em poucos minutos surge a van para socorrê-lo. Seja para trocar um pneu furado, consertar a correia que soltou ou até mesmo para “abastecê-lo” com uma cervejinha gelada (que ninguém é de ferro), uma água ou uma barra de cereais (sim, também tem barrinhas de cereais dentro da van, mas isto não é o menu principal!). Em outras palavras: ninguém é deixado para trás e as chances de alguém se perder são mínimas.


 Até porque cada um está de posse de um itinerário impresso no qual constam os mínimos detalhes de cada curva, cada placa e cada pedra pelo caminho. No máximo, acontece de errar uma entrada, não notar uma indicação e passar algumas centenas de metros além do requisito, mas aí em questão de minutos o guia já estará procurando pelo elo perdido.

Produtos das masserias 

Gelato irresistível
Em geral, o dia começa cedo, com o grupo tomando café e recebendo dos guias as instruções para a pedalada. Na Puglia, a primeira parte do itinerário é bastante suave, graças ao terreno plano. Milhares de oliveiras e três dias depois, o cenário muda e surgem as ladeiras e os morros. Algumas vezes, há trechos bem desafiantes.  O que ajuda, é claro, é uma programação onde a atividade física será sempre entremeada por inúmeras pausas para uma visita cultural em algum sítio histórico ou numa prensa secular, um almoço em restaurantes típicos, e de pit-stops ao longo do percurso, seja para tomar um expresso, comer um panini num café de um vilarejo típico, ou pecar com um gelato ( na língua de Dante, aliás, gelato rima com peccato!).
Os trullis estão por toda parte da Puglia

Um dos destaques da viagem à Puglia fica por conta dos hotéis.  Após dois dias pedalando pelas imediações de Lecce e Ostuni, é hora de pernoitar por duas noites numa das mais imponentes masserias de toda a região: a San Domenico, membro da sofisticada rede Leading Hotels of the World, situada à beira do Adriático em Savelletri, onde ainda existem vestígios do século XIV, época em que os Cavaleiros de Malta faziam vigília em uma torre à beira-mar para proteger o domínio da invasão turca. Hoje, do alto desta torre, dá para admirar a magnificência da masseria, que produz azeite e todos os ingredientes para a sua cozinha cuja reputação já ultrapassou os limites da propriedade.  E´maravilhosa a sensação de entrar pedalando- cheio de lama, suado e cansado como um autêntico atleta! - num recinto tão sofisticado  e pegar a sua chave na recepção sabendo que o que o aguarda é uma super suíte com cama principesca, lençóis de algodão egípcio, roupões felpudos, uma piscina de água salgada, um spa com massagens e tratamentos corporais e, para coroar o dia,  um jantar gastronômico regado a champagne e vinhos locais. E ainda um show privado de danças folclóricas, onde todos estão convidados a participar.

Mas embora toda a semana esteja repleta de visitas surpreendentes a sitos arqueológicos, igrejas Bizantinas, masserias históricas, infinitas extensões de oliveiras e típicos vilarejos adormecidos, ainda é o trulli a imagem que fica mais impregnada na memória do turista. Esta casinhola baixinha, meio arredondada, com um telhado de pedra em forma de fatias de pizza, é a marca arquitetônica registrada da Puglia, pois não consta nada igual em nenhuma outra região da Itália. Estas construções são extremamente peculiares, mas curiosamente ninguém sabe apontar ao certo a sua origem ou como proliferaram nesta determinada parte da região, rotulada como o Vale dos Trullis.  E quando se imagina já ter pedalado o número de quilômetros suficientes para ver todos os trullis existentes na Puglia, se chega a Alberobello, eleita a “cidade dos trullis”, hoje Patrimônio Histórico Mundial. Na rua principal desta aconchegante cidadezinha, a gente se depara com centenas deles, construídos lado a lado, todos reformados para abrigar lojinhas com prateleiras repletas de souvenirs, bugigangas, guloseimas típicas e artesanato. Ninguém resiste à tentação de levar para casa uma miniatura de trulli, seja em qualquer tamanho, confeccionada em gesso, madeira, ferro, ouro, prata ou até de plástico.  E´  até mais tentador do que comprar pacotes de orechietti, uma massa em forma de pequeninas orelhas cujo design é tipicamente pugliano.


domingo, 16 de abril de 2017

Kiaroa Eco-Luxury Resort, Península de Maraú, Bahia



 
A natureza exuberante e intocada torna esta região uma das mais preservadas do Brasil.


A razão pela qual a Península de Maraú se mantém tão imune ao turismo de massa é a dificuldade de acesso.  Situada na Baía de Camamú, a região se destaca graças à  beleza de uma Mata Atlântica ainda preservada e pela profusão de mangues e rios. Mas, sobretudo, pela exuberância dos extensos coqueirais que emolduram cerca de 40 quilômetros de praias praticamente desertas.

 A longa faixa de areia branca se inicia em Três Coqueiros, uma praia de ondas fortes que margeia o povoado de Barra Grande, o lugar mais vinculado à civilização. Nesta pequena comunidade, grande parte de seus 500 habitantes vive da pesca ou do artesanato. Porém, além dos nativos, esbarra-se com muitos estrangeiros que, enfeitiçados pela atmosfera paradisíaca do lugar, deixaram para trás a sua terra natal. 

A Lagoa Azul é uma das atrações locais

Compraram casinhas de pescadores e acabaram criando raízes na Península de Maraú. Ou seja, o fato de sequer existir um banco ou um caixa eletrônico na vila não impediu que de uns anos para cá surgissem vários barzinhos e restaurantes aconchegantes, com letreiros coloridos e gastronomia elaborada. 
  

Taipus de Fora:piscinas naturais
Mas é no trecho entre Barra Grande e Saquaíra que se desvendam as praias mais deslumbrantes. Na minúscula vila de Taipus de Fora, cuja praia é louvada como uma das mais belas do litoral brasileiro, o cenário é de tirar o fôlego: na maré baixa, forma-se uma piscina natural de 1 quilômetro de extensão por 500 de largura, bastante rasa e com águas mornas e translúcidas, ideal para a prática de mergulho.

Vários restaurantes pé-na-areia oferecem especialidades regionais
Pedalar na areia na maré baixa é programão


 Neste imenso aquário pode-se vislumbrar uma infinidade de peixes. Na areia, há barracas para se alugar equipamentos e profissionais que ainda oferecem treinamento e batismo para os inexperientes.
 
Kiaora extrapola luxo e privacidade
Embora em menor escala, há outros locais onde o fenômeno desta  piscina natural se reproduz a cada baixa da maré. Um deles é defronte ao Kiaroa, um resort de alto gabarito cuja localização privilegiada em um dos cantos mais bucólicos da península o tornou uma referência de sofisticação e conforto, tanto a nível nacional como internacional. Esbanjar luxo é pouco pra descrever as mega suítes ( as menores têm 72 metros quadrados), algumas com hidromassagem, e bangalôs com até 92 metros quadrados com piscina particular, duchas, jardim e varanda, verdadeiras casinhas românticas...um bom gosto incrível e privacidade total e irrestrita. Sem contar que bem na sua frente, a alguns passos, tem a praia! E a comida é ótima e a piscina gigantesca - que é pra todos - ainda é servida por um bar molhado. Se melhorar, estraga. Ah, sim, ia esquecendo, você pode chegar em grande estilo, a bordo do aviãozinho que pega os hóspedes no aeroporto de Salvador...

Petit gâteau de banana da terra
O resort fica defronte a um trecho idílico

 Numa região ainda relativamente primitiva, onde prevalecem imensas áreas livres sem vestígios de civilização, é agradável ter a opção de isolar-se espontaneamente e usufruir de privacidade total sem abrir mão dos pequenos mimos de cada dia. Mesmo que o luxo maior seja mesmo oriundo da natureza virgem que emoldura a paisagem.     



    A Península de Maraú também pode ser acessada desde Itacaré com veículo 4x4 pela BR.030 , mas é um       longo percurso em estrada de terra muito esburacada. A recompensa vem no queijinho coalho assado na          hora.




quarta-feira, 12 de abril de 2017

Tower Lodge Retreat, Polkobin, Hunter Valley, Australia

Hunter Valley : vinhedos até onde a vista alcança

Localizada a cerca de 90 minutos ao norte de Sydney, a região de Hunter  é o segundo destino mais visitado na Austrália – mas sem dúvida prima como o mais gastronômico, graças à qualidade de seus vinhos e restaurantes. 

Historicamente, Hunter é o berço do vinho australiano, pois nesta região foram plantadas as primeiras mudas em 1823. Ao longo das décadas, o setor  atravessou períodos favoráveis e superou fases ruins, até deslanchar de vez em 1960 para iniciar uma trajetória cujo resultado são as mais de 120 vinícolas que hoje existem no vale. Este boom aumentou o consumo de vinho no país, incrementou o turismo regional e criou a reputação de alguns nomes de produtores como Tyrells (Broke Rd, Polkobin), Draytons (555, Oakey Creek, Polkobin) e Lindemans (McDonalds Road,Polkobin), hoje famosos pelas suas safras de shiraz, semillon e chardonnay, que são os tipos de uvas que predominam nesta região.

Passeio de charrete pelos vinhedos é programa 

A agradável viagem de carro vindo de Sydney pela FWY 1 desemboca no coração de Hunter, próximo a Cessnok e Broke, onde se concentra o maior número de vinícolas , os melhores restaurantes e as mais sofisticadas acomodações.  O programa favorito de qualquer turista, seja ele novato ou expert em vinho, é visitar as butiques das vinícolas para degustar os produtos da região, que também inclui uma grande variedade de queijos. 
                                                                    
Paisagens bucólicas, fazendolas e muito espaço são cartões postais da região
Na chamada Lower Hunter se destaca Polkobin, sem dúvida o melhor nicho de vinicultura da região. As sedes das vinícolas ficam a pouca distancia uma das outras e são ligadas por estradinhas que serpenteiam através das paisagens deslumbrantes de Hunter Valley. Prepare-se para admirar um cenário que mescla vários tons de verdes em pastos e bosques e muita vegetação emoldurada por fazendas e haras. Além disso, não é raro avistar de longe um bando de cangurus saltitando pelos descampados. Os australianos não dão a menor bola, mas os estrangeiros param o carro para observá-los, na esperança de vê-los bem de perto. Apesar de terem medo e fugirem imediatamente para dentro da mata quando se sentem ameaçados, às vezes dá tempo de captá-los através das lentes. 
    

Em torno dos vinhedos, dezenas de lodges e hotéis oferecem todo tipo de acomodação, onde não faltam nomes pomposos como “châteaux”, muito embora aliados a uma arquitetura peculiar, ou melhor dizer, futurista. Mas assim como não economizaram em concreto, fartam os turistas com um serviço altamente sofisticado. Um destes ícones da hospedagem “estilo hunter” é o Tower Lodge Retreat . Cada um dos seus 12 quartos tem charme próprio e a decoração difere completamente. Os espaços são tão generosos que as suítes mais se parecem um apartamento. A vista é deslumbrante, pois abraça todos os vinhedos em volta. As diárias incluem café da manhã, chá da tarde e um drinque de boas vindas. Nós tivemos a sorte de aproveitar uma promoção que incluia até meia hora de massagem por pessoa ( imperdível!).




A estrada que leva de Sydney para Hunter Valley

Os australianos têm uma herança européia e são metódicos, portanto reservar restaurante, é uma prioridade máxima. E´  praticamente impossível conseguir uma mesa em qualquer um dos lugares mais cobiçados da região, principalmente nos finais de semana. Portanto, programe-se com (bastante) antecedência se não quiser acabar comendo um sanduíche no MacDonalds (sim, mesmo em Hunter também tem muitos!).

Varandinha privativa de uma suíte do Tower Lodge

E antes de partir, anote que no mês de outubro (quando a primavera está no auge) a região dos Hunter sedia alguns eventos culturais interessantes e certamente muito concorridos. Alguns merecem atenção especial: são os concertos de música ao ar livre, onde palco e platéia têm como pano de fundo  os vinhedos de tradicionais vinícolas cuja reputação está consolidada há mais de 20 anos.