sexta-feira, 29 de abril de 2016

Lux Hotel, Ilha da Reúnion, Oceano Índico, África

La Réunion: turismo de aventura com sotaque francês. Acima,  um dos famosos ilets escondidos nas montanhas

                                 
Ela consta como um pontinho quase imperceptível em qualquer mapa.  Isso, quando consta. Assim sendo, quando o avião da Air France pousou no aeroporto Roland Garros, em St Denis, capital de la Réunion, tive a sensação imediata de que tinha chegado num dos lugares mais fora do alcance do radar. Começando que la Réunion fica longe de tudo: quem vem das principais capitais europeias precisa encarar pelo menos 14 horas de vôo; se o ponto de partida for a África do Sul, pode contar com um mínimo de 7 horas. Decolando do Brasil, então ... nem se fala!  A sua vizinha mais próxima é a idílica ilha de Mauritius, que também não fica na esquina e cujo nome soa familiar apenas para viajantes antenados.  

vista da ilha quando se faz o sobrevôo de helicóptero

Localizado no sudoeste, e eleito o melhor hotel da ilha, ficamos hospedados no Lux que é um  complexo hoteleiro 5 estrelas acolhedor,  um pé na areia na região conhecida como L ´Hermitage, margeado pelo lagoon de águas mansas. As suas mansões, espalhadas num jardim arborizado que faz fronteira com o mar, é fiel ao estilo de arquitetura créole. São 164 acomodações divididas em três categorias. ´Na verdade, mesmo que dê pra sair do hotel a pé e chegar até o centrinho onde ficam lojinhas e restaurantes, o ideal é alugar um carro pra explorar a ilha. Que merece ser explorada com vagar.

Simpática disposição das acomodações do Lux de frente pro mar

La Réunion ( Patrimônio da Humanidade, diga-se de passagem) pertence à França desde meados do século 17 e cultiva esta identidade com muito orgulho : a maioria dos seus 833 mil habitantes só fala o idioma de Molière, a moeda é o euro, os números de celular têm 10 dígitos e começam com 06, e, é claro, os croissants e as autênticas baguettes encontrados nas padarias são confeccionadas artesanalmente por um boulanger profissional. Tal qual em Paris, digamos. Toda a estrutura da sociedade, as regras de transito e até mesmo as instalações sanitárias seguem os padrões da  "metrópole", como costumam chamar os locais quando se referem à Pátria Mãe. A gastronomia, embora frequentemente rebatizada com ingredientes de diversas origens - oriundas das influências que vão da cultura créole até a chinesa - também é enraizada nas boas receitas herdadas do continente europeu. La Réunion é genuinamente francesa em cada pedacinho de seus 2.500 quilômetros quadrados até o topo de seu pico mais alto, o  Piton des Neiges, que desponta a 3071 metros acima do nível do mar. 
Paisagens dramáticas


Paraíso exótico com uma incrível diversidade nas paisagens, muitas delas exuberantes e de uma beleza dramática, a ilha oferece atrações ecléticas, todas voltadas para atividades ao ar livre. Com mais ou menos adrenalina, à escolha do freguês. Basta mencionar que o carro-chefe dos ícones da Réunion é o Piton de la Fournaise, um dos vulcões mais ativos do planeta. Volta e meia ele se enfurece e arremessa labaredas de fogo a mais de duzentos metros de altura e em seguida derrama sua lava pelas encostas, para o deleite dos turistas sortudos que conseguem vislumbrar de longe este fenômeno da natureza, imprevisível, incontrolável e imponente. A última vez foi em 14 de outubro de 2010 e - pasme! -  no dia 22 do mesmo mês os andarilhos mais audaciosos já podiam se aventurar numa caminhada de 8 horas para ver "de perto" os efeitos da erupção. A paisagem se transforma, todo o ambiente muda de figura, assim como os contornos da própria ilha, onde as proporções sempre oscilaram conforme os caprichos do vulcão.

E´ impressionante a diversidade do cenário e os imponentes picos

Mas o vulcão é apenas um dos atrativos de la Réunion. Na realidade, você está numa ilha que é um imenso parque de diversão, dentro do qual se pode escolher entre dezenas de brincadeirinhas ao ar livre: mountain bike, parapente, pesca em alto mar, mergulho, surfe, e longos trekkings por toda parte. As trilhas mais desafiadoras são aquelas que atravessam cânions beirando falésias a 700 metros de altura, para alcançar os vilarejos, ou ilets, que foram construídos há séculos atrás por escravos foragidos. Eles se espalham dentro dos três "cirques" (caldeiras formadas pela atividade vulcânica) e serviram de refúgio até a abolição da escravatura. Impenetrável sem ser a pé, Mafate é um dos destinos mais cobiçados por andarilhos, que, durante dias a fio visitam várias comunidades e se familiarizam com os habitantes locais e seus costumes ancestrais. Já os ilets de Cilaos e Salazie podem ser alcançados por estradinhas sinuosas que serpenteiam desde o mar até uma altitude acima de 2500 metros. 
Gastronomia francesa

 Até o século passado, as pessoas eram transportadas por carregadores em cadeiras portáteis. Agora, tem asfalto, mas só para constar no seu GPS, são mais de 400 curvas para chegar a Cilaos, que é também ponto de partida para dezenas de itinerários a pé pela região montanhosa cercada de falésias e picos majestosos.

Também muito concorridos são os vôos panorâmicos de helicóptero, que sobrevoam o Parque Nacional; no quesito aventura, tem sacolejantes roteiros off-road, cavalgadas, excursões de quadriciclo e emocionantes passeios com bicicletas de quatro rodas -  marca registrada local, única no gênero e adaptada especialmente para se manter o equilíbrio em trilhas íngremes e terrenos acidentados.  Ou seja, se você achava que La Réunion era um destino ideal apenas para ficar de molho numa praia deserta do Oceano Índico, tomando banho de mar com água a 25º C, e bebericando uma piña colada, então dê uma estudada para o farto leque de atrações e escolha sabiamente onde é que o seu esqueleto vai se encaixar melhor. Muito embora nem tudo exija a disposição de um maratonista ou os nervos de aço de um comander, a maioria é talhada para os adeptos de atividades físicas calibrados com uma dose mínima de coragem. 
 
entrada do hotel LUX
 Mas, leve em conta que, para se refazer e recuperar o ânimo entre uma aventura e outra,  não deixa de ser uma boa ideia ficar lagartixando numa espreguiçadeira à beira do lagoon, naquele pequeno trecho que se estende entre L´ Hermitage e Saline-les-Bains, no lado sudoeste da ilha, onde estão encravados alguns dos melhores hotéis, centrinhos, restaurantes, cafés e lojas para turistas. 

praia do hotel Lux


Porém, os cenários dramáticos substituem  facilmente os poucos quilômetros de praia de areia branca. Basta seguir em direção a St. Leu que logo esta areia se tinge de negra e o mar fica feroz. Apenas alguns surfistas se atrevem a enfrentar as ondas bem torneadas neste pequeno reduto. Por aquelas bandas, a brincadeira é o parapente, graças ao ventos favoráveis. Lembre-se: na Réunion, todas as atividades giram em torno dos caprichos desta natureza exuberante.  

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