quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Hotel CaNaXini, Ferreries, Menorca, Espanha





A mais autentica, mais catalã, mais natural e preservada das ilhas Baleares, a bucólica Menorca ficará sempre imune ao turismo de massa 



Ainda era dia às 8 da noite quando aterrissamos no pequeno aeroporto de Mahón -  ou Maó em catalão - onde alugamos um carro, que é sem duvida a melhor opção para se locomover numa ilha que mede apenas 47 quilometros de comprimento por 17 de largura. 
praia de pedras roliças

O plano era conhecer Menorca  - seletivamente - em três dias, algo nada impossível pois a única auto- estrada, a Me-1, liga o norte ao sul e atravessa vários pontos de interesse como os vilarejos de Alaior, onde se encontra o melhor do reputado queso de Mahón;  Es Mercadal, que apesar da aparência sonolenta, esconde segredos gastronômicos;  e Ferreries, cuja principal atração é o outlet de Jaime Mascaró,  um artesão de Menorca que faz sucesso mundo afora com a sua marca de sapatos Pretty Ballerinas. 


 Isso sem falar nas duas cidades mais conhecidas encravadas em cada extremo,  Maó e Ciutadella que, por si só, concentram a maioria dos visitantes.

Porto de Ciutadella

Praça central de Ciutadella

Esta estrada é também é um divisor de águas: ao norte, o terreno é arenoso e a costa árida exposta aos fortes ventos. Ao sul, predominam as pedras calcárias e baías protegidas, onde se encontram as mais belas extensões de areia. 


Seguindo a cartilha do bom turista ecológico, a idéia era conhecer  tudo do jeito menorquín de ser. Como a infraestrutura hoteleira da ilha se traduz em agroturismo, a primeira providencia foi procurar se hospedar em um dos hotéis rurais, conhecidos como  lloc no dialeto local. Na realidade, são poucos os estabelecimentos que podem realmente se enquadrar na categoria de luxo, mas em compensação eles se esbaldam no estilo e na autenticidade.

CaNaXiNi hotel rural, agriturismo de luxo

Piscina e jardim do CaNaXiNi



Via das dúvidas, optei pela melhor suíte do CaNaXini, o mais recente a entrar na lista dos melhores hotéis rurais de Menorca. Pomposo, encravado num parque e rodeado por vinhedos e um imenso jardim, este hotel butique, outrora um palacete do século passado, surpreende pela decoração clean e ultra moderna que se abriga num invólucro clássico. O décor é impecável. Além disso, nesta finca  também se produz o tradicional queijo de Mahón –  que afirmam ser muito antigo, mas ninguém sabe dizer  ao certo quando começou a ser fabricado na ilha.


A nossa localização não podia ser mais avantajosa, pois o vilarejo de Ferreries fica bem no centro, a 29 quilometros de Maó e  a apenas 16 de Ciutadella. Toda a ilha é uma Reserva da Biosfera da Unesco desde 1993, o que ajudou a manter  praticamente intactos uma cultura milenar e o dialeto local, o menorquín, e assegurou para sempre o estado selvagem das idílicas praias e enseadas.
Águas translúcidas e calmas

Mas, foi graças a leis bem xiitas que Menorca se livrou da cobiça dos grandes empreendedores imobiliários que cimentaram suas vizinhas Mallorca e Ibiza, a ínfimos 75 quilometros de distancia. Por contraste, se tornou o destino perfeito para quem quer zero de vida noturna e preza o contato  com a natureza e atividades esportivas ao ar livre, como surfe, windsurfe, vela, caminhadas, mountain bike e passeios a cavalo. 

Depois de um farto café da manhã abastecido com os produtos orgânicos oriundos da própria finca, saímos em busca das praias desertas do sul recomendadas pela nossa gentil anfitriã. 


A menor das ilhas baleares é também a mais silenciosa, discreta e, em seu jeito próprio, a mais acolhedora. São muito poucos carros nas estradinhas secundárias e o movimento é quase inexistente. Dirige-se devagar, admirando tudo em volta. Uma ou outra finca se destaca na paisagem bucólica, onde a vida rural transparece a cada curva. Cavalos e gado, rebanhos de carneiros, bosques e colinas verdes fazem parte do cenário. O povo é reservado, não é de fazer muita festa aos forasteiros, mas os acolhe com educação e respeito. Para ganhar a confiança de um menorquín, é preciso demonstrar que estamos nesta ilha por acreditar que ela é um destino privilegiado.  

praia de surfistas

típico queijo Mahón

Tanta praia dá fome e nestas paragens não há sequer um bar de apoio. Zarpamo para Ciutadella, onde moram 28 mil pessoas e por onde circula a maioria dos turistas. A segunda maior cidade de Menorca nos pareceu uma metrópole agitada depois de ter passado as ultimas horas em contato apenas com a natureza silenciosa. A antiga capital da ilha deve ser visitada a pé, sem pressa, com intenção de se embrenhar no labirinto formado pelas ruelas estreitas da parte antiga. 
Ciutadella

Bisbilhotamos Ciutadella e suas butiques, entramos em lojas de artesanato e  vasculhamos as prateleiras de sandálias fabricadas exclusivamente na ilha. Os modelos podem parecer esquisitos, mas são confortáveis e custam barato. Há inúmeros cafés alinhados defronte a Placa des Born , onde  o programa é ficar sentado tomando uma cerveja gelada ou um café, enquanto se aprecia o vai e vem de pedestres.  

Praia semi deserta, de mar manso e águas tépidas



 No dia seguinte, a caminho da Platges de Fornells, um adorável vilarejo de pescadores ao nordeste da ilha,  iríamos provar a famosa caldedreta  de llagosta em um dos mais reputados restaurantes, o Cranc Pelut. Porém, o que nos agradou mais ainda do que a comida suculenta foi a gentileza do dono, que, junto com a sua família, dispensa uma atenção toda especial aos comensais estrangeiros.



O ultimo dia ficou reservado para Maó, que não apenas emprestou seu nome ao queijo mais famoso fabricado na Espanha,  mas teve uma historia turbulenta ao longo dos séculos passados. Com um porto que é considerado como um dos mais protegidos do Mediterrâneo e o segundo maior porto natural do mundo, a capital de Menorca sempre se destacou aos olhos de amigos e...invasores.





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