quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Le Guanahani, St. Barths , Antilhas



 
Mar azul, cenário mágico, isso é St Barths
Da primeira vez que fui a St. Barth, cheguei de ferry. Na segunda, desembarquei de um Skorpio de 72 pés. E na terceira, aterrissei num Twin-Otter de 19 lugares.

o aeroporto da ilha é também um cartão postal

 Mas todas as vezes que coloquei o pé nesta minúscula ilha vulcanica das Antilhas, tive a sensação imediata de que estava pisando num dos lugares mais a salvo do turismo de massa.  St. Barth pertence à França e preserva esta identidade com muita garra e em tudo: a maioria dos 7 mil habitantes só fala o idioma de Molière, a moeda é o euro, o código de área do telefone é 33, o provedor da internet é wanadoo e, é claro, os croissants e as autênticas baguettes confeccionados na ilha não perdem pra nenhuma boulangerie de Paris.



 St.Barth é tipicamente francesa em cada pedacinho de seus 25 quilômetros quadrados e até o último grão de suas 14 praias de areia branca cintilante. Onde, aliás, o topless é de praxe e a prática do nudismo tolerada.

Gozar deste selo de exclusividade é um privilégio que não sai barato. Nem para os locais que dependem da importação e muito menos para os 200 mil turistas que conseguem passar férias em St. Barth. Porque tudo lá é sofisticado e oneroso. Pensou em hotel? Tem a rodo, estrelados e maravilhosos, um mais deslumbrante que o outro.. 
Praia particular do hotel Guanahani

Quer relaxar, se embelezar, abusar de mordomias? 

Ficamos num  hotel cinco estrelas que pertence à sofisticada cadeia Leading Hotels of the World, chamado Le Guanahani,  que fica encravado numa península a cerca de quinze minutinhos de Gustavia - capital da ilha onde tudo rola, desde people watching a restaurantes, passando pelas butiques de griffe, barcos de milionários e atrações múltiplas. 


Esportes no mar manso de frente para a praia do hotel

Foi lá onde a gente desfrutou de privacidade total e de uma vista indevassável, além do privilégio de se aninhar num dos chalés individuais espalhados dentro desta  propriedade magnífica, debruçada sobre o mar.  O nosso café da manhã era servido na nossa varandinha com vista para esse mar do Caribe...Se melhorar, estraga, concorda?
    Vista do nosso chalé...




    café da manhã na varanda - existe coisa melhor?


    Duas praias particulares, um spa com tratamentos de fazer Cleópatra morrer de inveja, e um restaurante gastronômico,  atraem uma seleta clientela. As acomodações são no  estilo colonial créole, construídas em cascata da colina até a areia. As mais luxuosas têm piscina particular. 


     Almoçar ou jantar maravilhosamente bem? Não faltam estabelecimentos gastronômicos: do italiano ao créole, quase 40 restaurantes ostentam especialidades internacionais e se gabam dos cardápios franceses. Do foie gras fresco passando por caviar e bife de kobe, é impossível não perder o juízo e mais alguns trocados em degustações pantagruélicas. Daí a achar normal, depois de alguns dias na ilha, que uma casa de praia não saia por menos de 2,5 milhões de euros, uma bagatela se comparada às outras mansões de luxo à venda por mais de 7.

    Porto de Gustavia
    em St Barth não ancoram – nem de longe – aqueles gigantescos transatlânticos. Simplesmente não há espaço físico disponível na ilha e este gênero de turismo não condiz com a arte de viver dos “les St.Barths”, como se autodenominam os cidadãos locais. Só de imaginar uma invasão bárbara desta magnitude, qualquer hoteleiro ou restaurateur levanta os braços para o céu e irradia “Oh, mon Dieu! Ça serait l´horreur!”. 
    Downtown Gustavia e detalhe do seu porto

    Quando tolerados e devidamente autorizados pelas autoridades, aportam no cais de Gustavia apenas iates milionários e luxuosas embarcações de cruzeiro de pequeno porte com um número politicamente correto de passageiros – nada que seja um transtorno para a filosofia local mas o suficiente para que sejam gastas pequenas fortunas nas butiques de griffe que se alinham em torno da orla marítima e no centrinho da cidade.

     Outra justificativa pra não deixar entrar o turismo de massa é que só há uma estrada circundando a ilha e, diga-se de passagem, já circulam carros demais, principalmente na chamada Saison, a alta estação que se estende do Natal à Páscoa. Nesta época, em determinados pontos você vai encarar até engarrafamentos e dificuldade para estacionar nos arredores de algumas praias.


    O segredo é alugar um quadriciclo e nem se preocupar mais em achar vaga: estacione praticamente na areia, a dois passos da praia elegida. Uma mão na roda, garanto!

    Aliás, falando em praias, são elas o programa de maior audiência em St. Barth. Em seguida, vem o quesito gula. Mas o que mais se vê é o turista estirado numa toalha, entregue aos raios de sol sem pudor ou medo de insolação, lendo na beira da piscina do hotel, ou dormindo debaixo de uma barraca na beira d´água. Em St.Barth, as praias têm predicados e atributos muito diferentes umas das outras e vale a pena conferir.

     Se você tiver tempo de sobra, vá a duas a três por dia. De preferência, leve água, canga, protetor e uma besteirinha para beliscar, pois mesmo as que ficam mais próximas da civilização não oferecem qualquer apoio. Esqueça a água de côco, lá (apesar de todo o luxo) não tem. 

      Pequenas, aconchegantes, pitorescas, protegidas, as praias em St.Barth não deixam a desejar. A água tem uma temperatura agradável, o mar é manso e gostoso para nadar e você vai conseguir ter uma grande faixa de areia só sua para curtir.

    No que diz respeito à segurança, St.Barth dá um banho.  O tempo inteiro em que estive na ilha, a sensação é de que neste pedacinho do mundo este tipo de problema não existe. Sensação, aliás, muito reconfortante, principalmente para quem  vem do Brasil. Ninguém tranca os carros, e objetos como toalhas, bolsas de praia e apetrechos de banho podem ser deixados encima do banco sem o menor problema.


    Na volta, ao sobrevoar todos aqueles telhados vermelhos e casinhas brancas, marca registrada das construções em St. Barth, me dei conta de que não é apenas o luxo que domina esta ilha cheia de charme e gente bonita, sofisticada e sexy. A preocupação em manter intacta a filosofia que enaltece a maneira simples de viver bem é o que mais impressiona. O “le St.Barth”, o bon vivant, dá,  sim,  importância à preservação do meio ambiente e preserva o lugar, luta por não querer destoar a harmonia que existe entre a ilha e quem a visita.




    O minúsculo aeroporto de St Barths, com uma micro pista,  é um desafio para os pilotos dos aviõezinhos que chegam e partem de lá.





    Nenhum comentário:

    Postar um comentário