Antigo vilarejo de pescadores, com pouco mais
de 600 habitantes, Portofino se transformou ao longo das últimas três décadas
num refúgio de milionários e personalidades do jet set internacional. Localizado a pouco mais de 32 quilômetros da
agitada cidade de Gênova, este charmoso porto fica no ponto extremo de uma
península situada na Riviera del Levante, na costa da Ligúria.
Emoldurado pelo cenário idílico de pinheiros, ciprestes e oliveiras, Portofino é cravejado em toda a sua volta por prédios baixos, estreitos e coloridos, construídos tão lado a lado que fica difícil distinguir a qual pertence cada janela. Na hora do pôr-do-sol, os raios caem sobre a pequena marina, banhando com uma luz dourada os barcos ancorados neste charmoso porto em formato de ferradura. Todo o ambiente parece um quadro idealizado por um dos grandes mestres da pintura italiana.
Uma parte desta
península, que deve o seu nome ao porto que hoje é um resort de fama internacional, foi definida como Parco Naturale (
Parque Nacional) afim de preservar a fauna e flora existentes nas belas
florestas e bosques que circundam os arredores. Portofino, com as suas
minúsculas dimensões, é um microcosmo de toda a magnificência que uma cidade
grande é capaz de transplantar para a beira do mar. Este antigo vilarejo de
pescadores, com pouco mais de 600 habitantes com residência fixa, se
transformou ao longo das últimas três décadas num refúgio de milionários e
personalidades do jet set , que
disputam em cifrões de dólares qualquer metro quadrado disponível. Tudo em
volta tem glamour e é justamente esta
a atmosfera que Portofino deixa transparecer logo que o visitante chega.
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Os turistas passam muito tempo relaxando nos terraços dos cafés, olhando o vai-e-vem |
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a piazza principal de Portofino |
Uma volta a pé pelo porto, de onde os carros
foram banidos, pode demorar uma tarde inteira.
Depende da intenção : para fazer compras, há dezenas de butiques de luxo
que ostentam em seus letreiros as griffes
mais caras do mundo; também dá para se sentar de bar em bar e ficar observando
durante horas a fio o movimento incessante mediante um simples capuccino ou uma
birra ( cerveja). Assim como os caffès, vários restaurantes costumam
espalhar suas mesas na beira do cais, avançando sobre a calçada de
paralelepípedos da única piazza.
Em
determinados momentos , a praça de Portofino pode ficar totalmente deserta –
por exemplo, depois do almoço, quando o hábito milenar da siesta faz todo mundo tirar uma soneca de quase três horas. Sendo
assim, o comércio fecha as suas portas em torno de uma da tarde e só reabre
depois das quatro e meia. Um detalhe curioso, quase um paradoxo, é que o mesmo
ocorre à noite. E caso alguém estiver buscando uma programação noturna, até
mesmo um cinema, vai ter que ir até uma das cidades vizinhas, pois os ricos e
famosos se recolhem ( aos seus iates ou suítes de hotéis estrelados) logo após
o lauto jantar.
De manhã cedo, também não se deve ter nenhuma expectativa de
ver a piazza cheia de gente :
Portofino não acorda antes das dez, e
apenas o sino da igreja perturba o silencio do porto, batendo de hora em
hora, de meia em meia, anunciando o avanço do dia.
Mas, se o
objetivo é conhecer rapidamente a cidade, uma simples volta deixa a melhor das
impressões e ainda sobra tempo para explorar a redondeza, ir até a igreja de
San Giorgio e em seguida subir ao Castello, de cujo terraço se tem uma vista
panorâmica fabulosa sobre um Portofino em miniatura, a baía e toda a costa.
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Vista do terraço da piscina do Hotel Splendido sobre o porto e os barcos |
Curiosamente, ao
mesmo tempo em que Portofino exerce um forte magnetismo sobre o visitante que
desembarca pela primeira vez no cais, logo ele acaba se tornando enfadonho. A
razão é que após ter percorrido tudo, ele se dá conta que as pessoas estão sempre
fazendo a mesma coisa. Sendo assim, são poucos os que decidem pernoitar por lá. Mas, em questão de luxo, o Hotel Splendido é imbatível, faz jus ao nome e às estrelas que estampa. Situado no alto do morro, tem uma vista panorâmica e indevassável sobre parte do Golfo de Rapallo e Portofino. Até massagista no quarto você consegue agendar!! A comida é divina, o ambiente chiquérrimo, e nada como ir tomar um drinque na beira da piscina que se debruça sobre a paisagem - parece um cenário e o parque que emoldura o hotel é cinematográfico.
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Encravado no meio da mata, com vista sobre o mar, o Spendido faz jus ao nome |
Tudo bem que é preciso descer uma escadaria para chegar ao portinho de Portofino. Não leva mais de cinco minutinhos, mas, é claro, uma das mordomias do hotel é colocar uma van à disposição para levar e trazer os hóspedes gratuitamente a cada vinte minutos.
Em Portofino,
uma das características arquitetônicas que mais chama a atenção é o conhecido trompe l’oeil, que, traduzindo
literalmente, significa “engana olho”. E’ uma forma de mascarar uma fachada com
uma pintura que retrata uma janela ou uma balaustrada. Hábito muito difundido
em toda a região da Liguria, a idéia era economizar o material.
Os prédios em cores vivas tinham a intenção
de ajudar os pescadores que ainda mar adentro, podiam distinguir de longe as
suas moradias. Por comodidade, construíam prédios colados uns aos outros, com
janelas quase se tocando: não era
preciso descer para falar com os vizinhos mais próximos, podiam inclusive pedir
assistência, um pouco de açúcar emprestado ou simplesmente ficar de papo. Estes
certamente são costumes que persistem nos dias de hoje, assim como os varais
nas janelas, nos quais as roupas ficam penduradas, secando ao vento– por sua vez, de tão pitorescas e coloridas,
até elas merecem ser retratadas numa tela.
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